Esse foi o resultado do plebiscito realizado na cidade, em 1º/5, data em que a maioria dos 171.524 eleitores foi às urnas e escolheu Embu das Artes. Foram 74.286 votos a favor da oficialização do nome, ou 66,48% dos eleitores, contra os 37.463 (33,52%) que votaram não. Como Embu das Artes a cidade se impõe como centro cultural e artístico, e uma lei municipal impede cobrança de quaisquer taxas por isso. Todos os segmentos comemoram a conquista para a cidade que recebe mais de 1 milhão de turistas por ano atraídos por sua história, cultura, arte e seu artesanato. O que artistas, artesãos, empresários, comerciantes, moradores e representantes da área pública acham da mudança? Confira a seguir:
Valdir Barbosa, secretário municipal de Turismo "A oficialização do nome Embu das Artes possibilita agora trabalhar a marca mais forte. Nós já temos uma referência nacional e vamos trabalhar na mídia. Por outro lado, a estrutura que temos hoje, na área de arte e outros segmentos, vai ser reforçada. Como Embu das Artes vamos desenvolver outras ações para fortalecer o fluxo turístico." |
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Regina da Silva Ricioni, Tutu's Restaurante "Acho interessante para não confundir, como quando a Ana Maria (programa Mais Você, TV Globo) veio gravar na cidade e chamou Embu de Embu-Guaçu. Todo mundo gritou, aí ela corrigiu. Das Artes completa o nome, é o certo. Sempre usamos Embu das Artes." |
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Paulo Oliveira, secretário municipal de Cultura "Para a cultura quer dizer muito, significa o reconhecimento de que a cidade tem uma vertente desenvolvimentista e tem uma característica, uma identidade cultural. O nome Embu das Artes contribuirá para desenvolver o momento cultural em todas as regiões do município."
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Milton Fernandes, Cacau Show "Eu gostei da mudança, é coerente porque a cidade é conhecida lá fora como Embu das Artes e o nome já está em campanhas de mídia, na cidade, na feira."
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Ivone Alves, Maison de Loyer "Bom, Embu das Artes eu já achava que era de arte. Afinal de contas, desde 1980 que eu comecei a vir para o lado de Embu, eu sempre encontrei arte. Nada mais, nada menos que perfeito, Embu das Artes"
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Rosemary de Matos, secretária municipal de Educação "É extremamente importante porque a identidade da cidade fica formalizada. Ela tem agora nome e sobrenome oficial. Para realizar um trabalho com jovens, adolescente e crianças da cidade isso tem um sentido amplo. Já trabalhamos o tema em 2010 e na apresentação de fim de ano crianças e famílias criaram e recriaram arte. Vamos continuar buscando despertar interesse e sentimento de pertencimento das crianças e dos pais para a cidade, mesmo que não sejam nascidos aqui." |
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Luiz Carlos Lombardo, Os Jesuítas "Na verdade, não há grande mudança. Para todos os efeitos e na prática sempre foi Embu das Artes, não Embu. Até porque existia a preocupação de diferenciar de Embu-Gauçu."
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Eugênia da Silva Campos, 96 anos, moradora do Centro Histórico há 70 "Olha, eu não posso dizer que ruim não, pra mim tá bom. Se todo mundo gostou, quis por, pra mim tá bom. Eu também gostei."
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Célia Santiago, artista plástica "O nome Embu das Artes serve para justificar oficialmente toda a história dessa cidade ligada à arte. Com isso, há mais responsabilidade da classe artística para a formação de novos artistas que preservem essa característica local"
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Valde-mar de Andrade e Silva, artista plástico e diretor do Museu do Índio "Eu acho uma escolha feliz. Como um dos pioneiros do movimento artístico na cidade, eu me sinto mais feliz ainda porque faço parte do grupo de pintores naifs que, em 1969 ajudou a criar a Feira de Embu das Artes, que hoje é tão conhecida internacionalmente."
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Andreia Alves Cândido, moradora do bairro Santo Emilia "Votei sim, porque a cidade já é conhecida assim. Sei que o lado onde moro tem menos artes, mas acho que o nome da cidade fica mais bonito assim." |
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Mônica Alvarenga, artista plástica "Para mim o nome Embu das Artes veio oficializar o que eu já fazia: escrever atrás dos meus quadros Embu das Artes, sempre dizer para as pessoas 'moro em Embu das Artes'. Acho que como Embu das Artes coloca os artistas, os que estão na Feira e fora dela, incluindo músicos, atores e de outros segmentos, num lugar muito especial.."
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Aparecido Valdivino de Souza, presidente da Casa do Artesão "É um reconhecimento, importante para artistas, artesãos e até para a administração da cidade. Todos assumem um compromisso com a cultura e a arte."
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Tônia do Embu, terracotista, diretora do Memorial Sakai "Para mim, é tudo de bom. Eu faço parte dessa história desde o meu nascimento, quando meus pais vieram para cá. Fiz uma vida inteira dedicada à arte e à história da cidade. Conheci todas as lideranças que passaram por aqui, desde Cássio M'Boy, Mestre Sakai e outros. Por todos os lugares no Brasil e no mundo sempre carreguei comigo essa identidade e o nome Embu das Artes, por merecimento porque a cidade sempre agrupou muitos artistas. Chegamos a ser, na década de 1970, um dos lugares no mundo em que viviam mais artistas. "
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Hoje, com 43 anos de Feira de Arte e Artesanato, o município emancipado há 52 anos e que surgiu da Aldeia M’Boy, fundada pelos jesuítas faz 457 anos, é reconhecido pelo trabalho de importantes artistas. Basta passear pela cidade para ver que ela respira arte. E, o mais importante, mostra, em obras assinadas por artistas e artesãos, uma incrível diversidade de técnicas e um mercado artístico que não está presente só na Feira de domingo, ou nas galerias, nos antiquários, nas lojas de móveis e outros produtos artesanais do Centro Histórico e da Avenida Yazbek, mas também nos ateliês de artistas consagrados, que deverão ainda neste ano integrar o Roteiro Turístico de Visita aos Ateliês, que vem sendo organizado pela Secretaria de Turismo.
A cidade é aconchegante, tem prédios tombados pelo Iphan e Condephaat e centro histórico com ruas bucólicas e bancos da praça decorados com os mosaicos da artista Ieda Carvalho. Na Rua Siqueira Campos, funciona há 50 anos o ateliê de Ester do Embu, 87. Ela se dedica à arte com técnica milenar da pintura em cerâmica e costuma ouvir que tem “mãos de porcelana”. Na sua rua fica a Casa do Artesão, em que os 60 profissionais filiados desenvolvem e mostram todos os estilos de artesanato, incluindo as peças recicladas e criativas de Lindáurea. A arte em papel machê inspirou a Oficina da Cor, de Fátima Nasser e Clóvis Gomes, com participação de outros artesãos.
A pedra sabão é matéria-prima de outras mãos famosas, como as de Agenov, Mário Ramos, entre outros. Cristais e vidro viram arte e artesanato quando tocados por Correra & Gonda, Hugo Fernando, na mistura de elementos com ferro e pedra, Haivort, que faz miniesculturas. A técnica da cerâmica é dominada por Tônia do Embu, discípula do Mestre Sakai, Célia Santiago, com seu casario, e outros. Há também santeiros, como Jovino Gama, filho do Mestre Gama, e o jovem talento Cláudio Muniz, 19 anos. E na escultura, nas suas diversas modalidades, é possível apreciar qualidade e estilo de Álvaro Franklin, a arte utilitária inspirada no corpo feminino de Jofe dos Santos, peças que remetem a orixás, de Paulo Joia, os trabalhos em madeira de Joilson Guespires.
Na pintura, com grande diversidade de estilos, há muitos artistas veteranos, como Wanderley Ciuffi (expressionista), Gaíga, Gabriel Borba, Paulo Dud, raro representante da optical art, a arte visual do movimento dos anos 1960. A pintura naif, outra tradição de Embu, é feita por muitos artistas, entre eles Mônica Alvarenga, Ana Pinho, Olavo Camps e Iwao Nakajima. Há espaço ainda para ilustrações, desenhos e caricaturas de Capenêe. O mercado de arte na cidade já atingiu condições de grandes centros, com artistas que expõem e vendem pela internet, visitantes estrangeiros que voltam para buscar mais obras.
O setor moveleiro, outro segmento forte na cidade, voltado para o móvel artesanal, feito de madeira, ferro, com detalhes de mosaico, além dos móveis de vime, vendidos, especialmente, em lojas na avenida Yazbek, na entrada da cidade, também atraem turistas para Embu das Artes.
Arte beneficia milhares de famílias
O movimento artístico, que começou com Cássio M’Boy nos anos de 1920 e eclodiu nos anos de 1960, com Sakai do Embu, Solano Trindade, Mestre Gama e muitos outros, que também deram início à Feira de Arte e Artesanato, tornou a cidade conhecida no País e exterior por sua arte e artesanato.
Como Embu das Artes o município se impõe por sua cultura beneficiando, diretamente, mais de mil famílias que vivem da arte e, indiretamente, no comércio e no segmento turístico, mais de 10 mil. A economia local está ligada a comércio e serviços e o fluxo turístico, de mais de 1 milhão de pessoas por ano, que visitam a cidade a 20 km de São Paulo, movimenta por mês um mínimo de R$ 8 milhões.
São cerca de 120 ateliês de artistas e artesãos, mais de uma centena de lojas de artesanato, antiquários e galerias, no Centro Histórico e seu entorno. A Feira de Embu das Artes, nos fins de semana, tem 540 expositores, sendo 350 de artesanato, 100 de arte e cultura e o restante de entidades, alimentos e plantas.
Placas de indicação nos acessos a partir do Rodoanel, das rodovias Raposo Tavares e Régis Bittencourt e avenida Francisco Morato facilitarão o acesso. Além disso, com o sobrenome “das Artes”, o município se torna o primeiro entre os 5.546 do País a ter, orgulhosamente, arte no nome.