Dezenas de apostilas, fotos e trabalhos artísticos escolares tomaram o espaço de exposições do Parque do Lago Francisco Rizzo da Prefeitura de Embu, no dia 21 de dezembro, celebrando o encerramento da Agenda 21 Escolar de Embu das Artes em 2005. Dentre os resultados do projeto, é possível perceber que por trás de cada traço, letra, recorte ou imagem exposta por alunos e educadores estão lições de vida, troca de conhecimentos e importantes avanços para o fortalecimento da educação socioambiental.
Atualmente desenvolvido em dez colégios da cidade, cinco estaduais e cinco municipais, a Agenda 21 Escolar envolve a comunidade num trabalho de observação, diagnóstico e propostas de soluções aos problemas socioambientais detectados. Nas apresentações, os participantes revelaram visão crítica da realidade e soluções criativas. Ver no lixo uma potencial fonte de renda foi uma das alternativas encontradas pelo grupo da Escola Municipal Amilton Suga Galego. Já a E.M. do Jardim Casa Branca construiu o "muro das lamentações" e plantou a "árvore dos sonhos", demonstrando sua crença em dias melhores. A E.M. Jequitibá transportou para a Agenda 21 Escolar o projeto "A cara do Brasil" que já desenvolvia, enfrentando com sucesso o desafio de despertar a comunidade para participar do processo de desenvolvimento sustentável.
Sem acompanhamento instrumental e numa apresentação solo, Carlos Raphael de Souza Rezende, 14 anos, estudante da Escola Estadual Maria Nélida Sampaio de Melo, fez do seu Rap da Agenda 21 uma mensagem de muitas vozes. "A Agenda 21 Escolar pressupõe um processo de construção escolar coletiva… Vamos cuidar do que construiu a mãe Terra", cantou e encantou o garoto. Alunos da 8ª série da E.E. Iracema Bello Oricchio, numa performance teatral chamaram o público à reflexão a respeito do preconceito em suas diversas e abomináveis formas. O desrespeito à pessoa seja por sua cor, religião, condição social, sexo, estatura, idade, deficiência física ou qualquer outro tipo é crime, lembraram os jovens.
Referindo-se a um poema de Cora Coralina (Mascarados), a secretária municipal de Educação Rosimary Matos ressaltou o valor do semeador. Ele "acredita na semente, que não traz resultados imediatamente. Após tantos meses, nem todas as árvores do jardim estão frondosas, mas estão crescendo", analisou. Ela ressaltou, ainda, que é preciso respeitar o ritmo e a característica de cada escola na implementação da Agenda para que os frutos do trabalho apareçam. Para o vice-prefeito Roberto Terassi "administrar o meio ambiente é difícil, diante das desigualdades sociais que nós temos. A justiça social é necessária no meio ambiente inteiro para que possamos deixá-lo para os nossos filhos, netos e outras gerações".
O projeto multisetorial lançado pela Sociedade Ecológica Amigos de Embu (Seae) tem parceria com as Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Embu e também com a Diretoria Regional de Ensino de Taboão da Serra. Conduzido por Maria Isabel Franco, coordenadora da Agenda 21 Escolar, o evento reuniu pessoas atuantes nas áreas educacionais e socioambientais. Participaram Sandra Letige, do Ministério do Meio Ambiente; Hilcer Balsi e Leni Bueno, da Secretaria de Meio Ambiente de Embu; Pedro Jacob, professor da Faculdade de Educação da USP; Leandro Dolenc, presidente da Seae; os educadores ambientais César Pegoraro (SOS Mata Atlântica), Indaia Emília Pelosini (Projeto Tangará), Silvana Pisoni e Maria Eugênia Camargo; José Bernardo Nava e Martha Schultz, da diretoria regional de Ensino de Taboão da Serra.