Há pelo menos 12 anos o senhor Tarcísio Ivan Santos faz do seu ofício um benefício ao meio ambiente e à qualidade de vida na cidade de Embu. Coletando material reciclável, ele via-se obrigado às vezes a guardar parte desse "lixo" colhido nas ruas por causa do baixo preço pago em locais de comercialização. Agora, uma nova página na estória da coleta seletiva começa a ser escrita pelo senhor Tarcísio, presidente da Associação de Catadores de Embu, e outros 29 trabalhadores da Cooperativa de Reciclagem de Matéria-prima de Embu (Coopermape). Com o Ponto de Entrega de Catadores (PEC) todo material reciclado será vendido no local e o cooperado poderá receber seu pagamento diária ou periodicamente, conforme sua escolha. O primeiro PEC foi inaugurado no último sábado, dia 26, no Parque do Lago Francisco Rizzo. Os próximos serão instalados nos jardins Naiara e Casa Branca.
O projeto da prefeitura de Embu das Artes promove o respeito ao meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e a inclusão social, valorizando a dignidade dos trabalhadores de reciclagem. Idealizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, ele está apenas no começo mas já mostra dados importantes. Apenas neste primeiro PEC será concentrada a coleta de catadores de cinco bairros com estimativa média de 30 toneladas de material reciclável ao mês. Do total de aproximadamente 600 catadores existentes na cidade, 150 já estão cadastrados na Coopermape. A formalização desses trabalhadores é feita pela Incubadora de Cooperativas coordenada pela Secretaria de Cidadania e Assistência Social, parceira no projeto.
Nesta primeira etapa foram entregues 30 carrinhos de coleta. Projetados para facilitar o trabalho dos catadores, os veículos têm capacidade para 300 quilos de lixo seco. Possuem rodas especiais e formato adaptado para o transporte feito por pessoas, seja homem ou mulher. A expectativa para o próximo ano é de expansão do projeto que faz parte do Programa de Coleta Seletiva "Renove, Separe, Recicle". De acordo com o secretário de Meio Ambiente João Ramos, "em 2006 o projeto deve crescer e ampliar a geração de emprego e renda aos cidadãos. Este é o princípio da atual administração que assumiu o desafio da participação popular, conscientizando o cidadão de sua capacidade". A opinião é reforçada pelo secretário de Cidadania Francisco Brito, para quem o projeto visa a não só ampliar a renda dos catadores, mas dar-lhes qualidade de vida. Segundo ele, atualmente 400 pessoas estão no programa de geração de trabalho e renda da prefeitura, "agora melhor porque está dentro de um projeto de sustentabilidade que é um desaf
io para a humanidade: como produzir bens para a sobrevivência da população, sem degradar o meio ambiente", completou.
Os patrocinadores que já associaram sua marca ao projeto socioambiental são as empresas Auto Peças Paledi, Centro Automobilístico Embu Art, Embu S/A, Enob, Indeca, ITW, Nascente Esportes, Nichibrás, Ripasa, Sansuy, Scapini e Tópico. A iniciativa tem ainda o apoio de entidades como a Associação Comercial de Embu e Sociedades Amigos de Bairros.
O evento foi marcado ainda pela divulgação de um vídeo criado especialmente para a campanha. Com caráter educativo e usando uma linguagem simples, o filme mostra os contrastes do Embu de áreas verdes, águas limpas, periferia arborizada com espaços públicos renovados e a poluição das águas e do lixo jogado por parte da população. Reforçando a mensagem do vídeo, o senhor Tarcísio, profético, sabiamente falou: "o que é feito aqui, se paga aqui. O meio ambiente cobra da gente. Vamos nos conscientizar. Em nosso município estão fazendo um trabalho bonito, dando exemplo. Vamos ajudar porque Embu é uma cidade limpa. Denuncie quem suja".