Crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade (maus tratos, negligência, abandono, violência física etc.) são acolhidas pelo Poder Público e, por medida de proteção, afastadas do convívio familiar. E uma parte desses jovens, que não retornam mais às famílias e ficam em acolhimento institucional, possui chances reduzidas de adoção.
Isso motivou o surgimento do “Programa Apadrinhamento Afetivo”, que visa ampliar a possibilidade da criança ou do adolescente ganhar uma convivência familiar e comunitária. Não é adoção, na qual os responsáveis passam a ter sua guarda, pois continuam sob a responsabilidade da instituição que as acolhem, mas sim um encontro de amizade com um indivíduo que se torna uma referência na vida delas.
A experiência já vem ocorrendo em outros locais, como Porto Alegre (RS), Distrito Federal e Belo Horizonte (MG) e foi lançada em dezembro de 2015 (leia aqui) em Embu das Artes, onde cerca de 18, dentre 35 acolhidos em instituições, têm perfil para apadrinhamento atualmente.
Com o objetivo de despertar o interesse de pessoas dispostas em doar parte do seu tempo, afeto e atenção a uma criança ou adolescente que mora em abrigos de acolhimento, o I Encontro de Divulgação do “Programa Apadrinhamento Afetivo” aconteceu na terça-feira (24/5) no Fórum de Embu das Artes com a presença de magistrados, do prefeito Prefeito, secretários, OAB, Conselho Tutelar, representantes de entidades, vereadores, líderes religiosos, servidores e imprensa.
Para a implantação e fortalecimento do projeto, estão unidos a Vara da Infância e da Juventude e o Ministério Público em parceria com a Prefeitura de Embu das Artes, por meio da Secretaria de Assistência Social, com o Grupo de Apoio e Incentivo à Adoção de Embu das Artes (GAIA) e com os serviços municipais de Acolhimento Institucional.
“Aposto no sucesso desse programa no município, porque muitas entidades daqui já trabalham com esse espírito comunitário, e desmistificaremos de vez os preconceitos existentes sobre essa relação, pois os conflitos entre jovens e adultos são inerentes ao ser humano em qualquer situação”, disse o prefeito Prefeito, que se comprometeu a intensificar a divulgação do programa nos meios e materiais de comunicação da Prefeitura e outdoors da cidade e sugeriu a realização de reuniões com entidades religiosas e líderes comunitários para informá-los com o intuito de multiplicar a oportunidade de apadrinhamento.
“Essas crianças e adolescentes precisam de alguém que possa dar a elas uma atenção exclusiva, que, por exemplo, procure saber sobre suas tarefas de escola, vá a festas ou reuniões e as ouça, porque por mais que sejam bem tratadas nos abrigos ou na escola, isso fará toda a diferença”, afirmou a promotora da Infância e da Juventude de Embu das Artes, Juliana Lourenço Baleroni Magalhães.
Baleroni ainda citou que os jovens passarão a ter um modelo de convivência equilibrado e saudável e, com um apoio familiar, ficarão mais fortes e preparados para a vida adulta.
“É um compromisso moral, ético e social, de estar presente na existência de uma criança ou adolescente, podendo proporcionar, além da relação com o outro, a vivência em ambientes diferentes, como o familiar, em passeios e viagens, e recebendo uma orientação que irá acompanhá-los para o resto de suas vidas”, completou a promotora.
Na sua participação, a juíza Tatyana Teixeira Jorge ressaltou o que os jovens esperam nessa convivência: “Nos relatos deles, o anseio é de poder contar com alguém para conversar, dividir segredos, que as amem e as façam se sentir como membro da família”.
Prestigiaram o encontro os secretários municipais Roberta Santos (Assistência Social), José Ovídio (Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Marcos Rosatti (Gestão de Pessoas) e Francisco Iderval (Chefia de Gabinete); presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Alice Lima; responsável pelo Grupo de Apoio e Incentivo à Adoção de Embu das Artes (GAIA), Fátima Rocha; Daniela de Almeida Brito (presidente do Fundo Social de Solidariedade); vereadores Rosana Almeida (vice-presidente), Clidão do Táxi e Edvânio Mendes; Lucas Aguil Caetano (presidente da OAB Embu das Artes).
Quem pode apadrinhar?
Maiores de 18 anos de idade; residentes do município de Embu das Artes ou região; com disponibilidade de tempo e afeto; quem possui ambiente familiar receptivo; ter a concordância do cônjuge/companheiro e da família; não estar no cadastro de adoção e não possuir qualquer demanda judicial.
Onde se inscrever?
Procure pessoalmente uma das seguintes instituições para efetuar um pré-cadastro:
– Fórum de Embu das Artes – Setor Técnico da Vara da Infância e da Juventude, das 12h30 às 18h30, na av. Vereador Jorge de Souza, 855. Tel.: 4704-5896.
– Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), das 8h às 16h30, na rua José de Alencar, 61, Jd. Maranhão. Tel.: 4781-5896.
– Serviços de acolhimento do município, das 9h às 16h30. Tel: 4704-0438 ou 4241-9616.
Documentos necessários: RG, CPF, comprovante de residência e comprovante de antecedentes civil e criminal.
E-mail: apadrinhamentoembu@yahoo.com.br
Como é o início?
A equipe da Comissão Intersetorial, formada por psicólogos, assistentes sociais e técnicos, explicarão sobre o programa e visitarão as residências dos interessados em apadrinhar. Após a aplicação de oficinas de preparação, os aspirantes a padrinhos ou madrinhas serão apresentados aos jovens e o início dos contatos e da convivência ocorrerão gradualmente, sempre com o monitoramento constante do Poder Público.
A promotora convida você a apadrinhar uma criança ou adolescente. Assista ao vídeo:
Vídeo do Programa “Outro Olhar” que mostra relatos de pessoas que apadrinham jovens de acolhimento institucional: