Na quarta-feira, dia 13/7, aconteceu a segunda edição do “Cuidando sem Fronteiras”, projeto de iniciativa regional que foca a proteção, defesa e garantia dos diretos de crianças e adolescentes. Participaram da ação representantes das cidades de Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Taboão da Serra e Embu-Guaçu.
As cidades se uniram para combater principalmente o trabalho infantil e a exploração sexual de crianças e adolescentes, crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Mais de 100 pessoas percorreram o eixo das quatro cidades pela Régis Bittencourt, passando pelos principais postos de combustíveis e outros pontos da rodovia.
“A ideia principal é conscientizar quanto ao problema. Queremos mostrar que são crimes e como as pessoas podem fazer para denunciar. O trecho que trabalhamos foi bastante receptivo, conversamos com gerentes e frentistas que gostaram de receber a ação. Calculamos que algo em torno de 5.500 pessoas foram abordadas”, disse a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e diretora de Proteção Social Básica da Secretaria de Assistência Social, Trabalho e Qualificação Profissional, Alice Lima.
Realidade das estradas
“Estou há 40 anos nas estradas, então a gente vê de tudo, infelizmente. A gente sempre sabe que tem crianças vivendo isso e fico triste pois tenho filhos. Essa campanha é muito boa e tem que ser mais divulgada”, contou o motorista Ivanildo José da Cunha, 63, morador de São Paulo.
“Já escutei diversos casos envolvendo menores sujeitas a essa exploração, gostei da campanha e acho que tinha que ter em todos os postos do País”, disse Igor Portugal, 36 anos, caminhoneiro há 10 e morador de União da Vitória, no Paraná.
“Vemos isso todo dia. Infelizmente, já aconteceu de uma menor querer uma ‘carona’ no meu caminhão, a menina não tinha mais de 14 anos e estava altas horas da noite num posto. Falei pra ela voltar pra casa que aquele era um lugar perigoso para ela. Tem que ter mais fiscalização, isso é terrível. Achei essa ação muito legal, tem que ter mais vezes”, falou Nelson Alves da Silva, 42, motorista há 15 anos e morador do Taboão da Serra.
“Vira e mexe temos menores rodeando o posto, principalmente à noite. Podemos orienta-los a ir embora, mas como expulsá-los? É ruim ver isso, mas em praticamente todos os postos de rodovias tem. Nós apoiamos essas ações sim”, disse Henrique Vigiato, frentista de posto há 5 anos.
A situação é tão delicada que a equipe foi abordada em um determinado local por um grupo de caminhoneiros que queria denunciar a exploração de menores que ocorre na região: “É só vir aqui em qualquer dia, no período noturno, e vocês verão”, disse sem se identificar. O grupo pediu o material que estava sendo distribuído para divulgar entre os colegas e conscientizá-los.
Segundo a diretora de Proteção Social Especial, Simone Nunes, sensibilizar quanto ao problema é fundamental: “Queremos que as pessoas entendam a dimensão do problema. Escolhemos o dia 13/7 por ser aniversário de 26 anos do ECA, base de todo o trabalho”.
A ação foi encerrada no Largo 21 de Abril com a presença de mais de 300 pessoas prestigiando diversas apresentações culturais. O grupo de teatro do Centro de Referência da Juventude de Embu das Artes apresentou uma releitura do conto “A Pequena Vendedora de Fósforos”, de Hans Christian Andersen.
O programa Esporte Cidadão marcou presença com a apresentação de capoeira e as crianças do Centro de Convivência da Criança e do Adolescente fizeram uma animada apresentação de dança do coco. Jovens de outras cidades apresentaram rap e teatro. A Secretaria de Cultura levou um grupo de palhaços e outro de dança contemporânea. O Projeto Pintura Solidária esteve presente por convite do CMDCA. A instituição Capital Social apresentou poesia, e outras entidades contribuiram confeccionando cataventos e flores em papel que foram distribuídas aos participantes.
O patrocínio da ação foi da AES Eletropaulo. A Guarda Civil Municipal e a Polícia Rodoviária Federal apoiaram a ação. Participaram servidores e conselheiros tutelares de todos os municípios envolvidos.
Denuncie utilizando esses telefones:
Disque 100
CREAS: 4781-5896
Conselho Tutelar Centro: 4781-0771 ou 4704-4544
Conselho Tutelar Santo Eduardo: 4778-5605/5608