Garantindo o cumprimento da meta quatro do Plano Municipal de Educação (PME) de Embu das Artes, que prevê a adoção gradativa do Sistema Braille de leitura para cegos e surdos-cegos, bem como a oferta de educação bilíngüe, em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Língua Portuguesa, aos alunos surdos e com deficiência auditiva de 0 a 17 anos, o governo da cidade, por meio da Secretaria de Educação, dá inicio ao curso de Braille para professores da rede direta e conveniada de ensino.
O curso terá duração de 42 horas e, inicialmente, será ministrado para 80 professores, às quintas-feiras, no Campus Avançado de Extensão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no Complexo Educacional Valdelice Prass. Outros educadores estão na lista de espera para a próxima turma da formação.
Durante a aula inaugural, realizada quinta-feira, 28/5, no Centro Cultural Mestre Assis do Embu, o secretário de Educação, Paulo Vicente dos Reis, se emocionou, relembrou a origem do sistema Braille, e falou sobre o compromisso do governo em promover a inclusão: “Para mim é uma honra representar aqui um gestor público que pensa na inclusão e que cobra que ela esteja presente de forma cada vez mais efetiva na cidade. O investimento que está sendo realizado tem baixo custo e foi estrategicamente planejado para contribuir para o desenvolvimento dos estudantes”.
O vereador Edvânio Mendes também se emocionou ao declarar: “Vemos aqui a diferença que faz o comprometimento de um gestor com as políticas públicas de inclusão, em Embu das Artes há um trabalho conjunto entre o legislativo e o executivo, para que essas políticas se concretizem. Esse é um trabalho lindo e diferenciado”.
O ápice da aula inaugural foram depoimentos como o do professor Josafá Ferreira da Costa, que ministrará o curso de Braille. Portador de retinose pigmentar, Josafá teve o primeiro pico da doença há 20 anos e, hoje, convive com apenas 2% da visão.
Edimara Antunes da Costa e Heraldo da Silva Costa, pais do estudante, da E. M. Vazame, Pedro Henrique da Silva Costa (8), que tem apenas 15% da visão, relataram suas experiências “Ser pai de um deficiente visual é especial demais. Eu vejo muitas mães aqui, mas encontrar pais que sejam presentes é algo difícil. Todo o apoio recebido é muito importante”, afirmou Heraldo.
Meire de Souza Santos, mãe da estudante, da E. M. Valdelice Prass, Julia Souza Santos (8), cega, também contou sua trajetória: “Eu tinha medo de deixar a Julia ir para a escola. Graças à professora Valdisia Lima, coloquei a Julia na E. M. Ipê, e isso foi muito bom tanto para ela, quanto para mim. Hoje, a Julia já é alfabetizada em Braille, e eu aprendi a lidar com as dificuldades da deficiência visual”.
O encontro também contou com a participação do secretario de Turismo, Valdir Barbosa, da diretora do Centro Educacional Armando Vidigal, Janete Moraes, da coordenadora pedagógica da equipe de orientação e acompanhamento pedagógico e educação especial, Luciane Cavaliere, e da terapeuta ocupacional da rede municipal de ensino, Elisabete Stelluto de Oliveira, que promoveu uma reflexão sobre as diferentes deficiências, na perspectiva da educação inclusiva. Além, da apresentação cultural dos estudantes do Centro Cultural Armando Vidigal, que interpretaram a canção Aquarela, do Toquinho.
Prefeitura contratará professores de Libras
Na quarta-feira, 27/5, foi aprovado na Câmara Municipal de Embu das Artes, o projeto de Lei nº 22/2015, de autoria do prefeito Prefeito, que prevê a contratação de tradutores e intérpretes de Libras para atuar nas escolas da rede municipal de ensino. Dez profissionais serão contratados, na modalidade prestação de serviços por tempo determinado, para a jornada de 30 horas semanais, com salário de R$ 2.144,00. Entre os requisitos para concorrer às vagas estão: ensino médio completo, curso de formação específica e reconhecida em Língua Brasileira de Sinais (Libras).
