Um animado café da manhã na sede do Centro de Atendimento ao Expositor (Caex), no Centro Histórico, em 30/1, marcou os 42 anos da Feira de Embu das Artes. Foi um momento de confraternização entre os cerca de 500 expositores e de lembrar o nascimento e desenvolvimento da Feira, que traz para a cidade todos os fins de semana milhares de turistas.
Veteranos como o artista plástico Wanderley Ciuffi, que, há 44 anos na cidade, expõe suas pinturas na tenda no centro da feira, enquanto se prepara para mais uma mostra internacional neste primeiro trimestre; Clóvis Camargo, que faz bolsas e acessórios de couro, e Francisco “Gringo” Sanches, flores secas e coloridas, com 40 anos de feira; a Dona Laura do acarajé, há 41 no Centro Histórico de Embu; o índio Kunué, da tribo Kalapalo, do Alto Xingu, que vive na cidade e mostra equipamentos e adornos típicos; Cristina Mas de Souza, que veio da Argentina para Embu nos anos 1970, ficou na cidade como muitos outros artistas da época e faz peças de madeira que divertem e educam, há 20 anos na Feira, são alguns veteranos.
Artistas como os escultores Rivelini e Mauro, a pintora Meire e Paulo Joia são outros veteranos da Feira de Embu. Outros expositores como Haivort, que produz há décadas e com habilidade miniesculturas de vidro, e Elias do Grilo, autor de peões que giram mais porque são mais leves, gafanhotos e abelhas de madeira e arame que pulam, sem machucar as crianças, são outros artesãos que colaboram para manter a tradição artesanal.
Gerações de artistas e artesãos têm passado pela Feira de Embu no Centro Histórico da cidade nessas quatro décadas. Os jovens Richard e Michel Jorge, que produzem pintura a dedo (técnica índígena para pintar o corpo) sobre azulejo, expõem no mesmo espaço com obras da mãe, Adelita (técnica de linha trançada com prego sobre veludo sintético), e que foi também do pai, falecido. De novas gerações de artistas e artesãos fazem parte Carlos Apolinário (Jean Brasil), autor de dragões incensários, vassouras e outros objetos macabros, que funcionam com jogo de luz e sombra e que sua clientela adora, e Maria Aparecida, a Cida do Crochê, que faz todo tipo de boina, chapéus, toucas para todas as cabeças
A tradição turística da Feira também é revelada pelas conversas entre expositores e compradores e entre os próprios visitantes. A turista Mariana Moura passeia com o namorado e reclama: “Eu venho toda hora aqui e gostaria de ver mais novidades de arte e de artesanato”. Enquanto isso, o alemão Wolfgang Lutz conta, para quem passa pela tenda de Richard e Michel, que o livro editado em alemão e português que escreveu, “Sabedorias Celestiais – Um livro para todos”, tem capa feita pelos artistas e ajuda a divulgar Embu na área internacional.
“Quando escrevi este livro, que mudou a minha vida, sonhei com a capa. Vim aqui, contei pra eles, que criaram a capa e me surpreenderam ao tornar realidade o meu sonho. Eles são ótimos pintores”, diz, enquanto compra mais um quadro para levar na sua próxima viagem a seu país. Ouvir histórias como essas, no domingo na Feira, faz o dia ficar diferente para quem aprecia fazer turismo.