A tradicional Festa de Santa Cruz de Embu das Artes teve início terça-feira, 3/5, com a adoração à Santa Cruz realizada na Capela da Família Cachoeira, no bairro Água Morna. A capela construída pela família há, pelo menos, 50 anos (há relatos de que ela tenha sido construída em 1945), recebe anualmente, no dia 3 de maio, adoradores da Santa Cruz para a tradicional reza. O encontro dá inicio à celebração anual da festa criada pelos padres jesuítas no século XVII.
A Festa de Santa Cruz é um dos únicos patrimônios históricos imateriais da cidade e expõe a tradição herdada do convívio de jesuítas e indígenas após o descobrimento. Durante sua realização, os festeiros rezam diante da Santa Cruz, ajoelhados ou não, beijam-na, acendem velas, cantam e dançam em adoração à Santa Cruz.
Na ocasião, festeiros, violeiros e rezadeiras se reuniram para a dança de adoração à Santa Cruz e do chimarrete em meio à comunidade. Os fiéis, orientados por dona Noêmia Cachoeira, acompanharam a cerimônia com palmas e saudações, e depois do levantamento do mastro, compartilharam comidas e bebidas tradicionais.
Noêmia Cachoeira (88), a mais velha da família, dá continuidade ao trabalho da mãe, Elísia Cachoeira, falecida em 2007, que até os 98 anos de idade participou da festa como coordenadora do grupo de dança dos adoradores da Santa Cruz. A filha Dirce também participa da celebração e se preocupa com o futuro da dança na cidade: “Eu prometi para a minha avó que enquanto estivesse viva celebraria a Santa Cruz, então todos os anos faço o possível para que a festa aconteça. As minhas filhas e netas não seguem a tradição, são mais jovens, não sei como será daqui um tempo”.
A preocupação também atordoa a artista Tônia do Embu que, desde a infância, participa da festa: “Eu nasci aqui em Embu das Artes e, desde criança eu participo das Festas de Santa Cruz, meus pais participavam, junto com a comunidade da vila Cercado Grande a gente trabalhou muito para que ela acontecesse, eu cresci vendo minha mãe regar aquelas árvores ao entorno. Hoje, é muito mais complicado, a gente já ensina para as crianças da escola, mas elas são muito pequenas e ainda não valorizam esse aprendizado. É preciso de um trabalho de sensibilização com os adolescentes, para que eles vistam a camisa da cultura de Embu e dêem continuidade a essa tradição”.
A festa continua nos dias 6, 7 e 8 de maio, junto ao Memorial Sakai (Rua Rebolo Gonzales, 185, Vila Cercado Grande), com a tradicional procissão das rezadeiras, adoradores da Santa Cruz, violeiros, danças típicas muita música e comes e bebes. Na Adoração à Santa Cruz, o próprio povo dirige a celebração, não há intervenção eclesiástica. A população se encarrega de cantar os versos de louvor.
Clique aqui e confira a programação completa.
