Itagyba se foi

14/04/2009 - 0:00
Itagyba se foi
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Quem vive o dia-a-dia de Embu das Artes possivelmente se lembre dele. Era comum encontrá-lo pelas ruas centrais, especialmente nas apresentações do coral Cantares ao Meu Povo, e em outras atividades culturais da cidade. Alto e magro, sorriso amigável, olhar manso por trás dos óculos, era Itagyba Kuhlmann. Aos 63 anos, no dia 4 de abril, após 15 dias do diagnóstico de um tumor cerebral que, segundo os médicos, formara-se há mais de 30 anos, Itagyba se foi.

Um apaixonado pela cultura em geral, como bem define sua companheira por 38 anos, a regente Wilma Abondanza, Itagyba foi um autodidata. “Era múltiplo, lia partitura, cantava, foi gerente de livrarias, livreiro”, lembra. O gosto pela escrita ele expressou em poesias e na Coluna do Tio Marcos, espaço de humor político publicado nos jornais Fato Expresso e Cidade da Serra, que circulavam em Embu das Artes. Abriu uma marcenaria e depois, sempre colocando em prática o conhecimento que naturalmente buscava, enveredou para a informática. Segundo Wilma, ultimamente ele estava empolgado como funcionário da Secretaria de Cultura do município com os projetos na coordenação do setor de Literatura, Biblioteca e Patrimônio Histórico.

O amor pela natureza Itagyba herdou do pai, o botânico também de formação autodidata, de origem judia-alemã, Moisés Kuhlmann, um dos fundadores do Jardim Botânico de São Paulo. O nome indígena (do tupi “ita” = pedra e “gyba” = braço) veio da bisavó por parte de mãe que era “bugra e foi caçada a laço por uma expedição francesa que adentrou o interior paulista, na região de Piracicaba”, conta Wilma.

Parte das cinzas do saudoso Itagyba será espalhada no recanto Moisés Kuhlmann, espaço no Jardim Botânico feito em homenagem ao pai do poeta, e parte no Parque do Lago Francisco Rizzo, um dos lugares especiais de Embu que ele mais gostava.

“Não há remorso. Vivemos intensamente tudo o que foi possível viver”, conclui com serenidade a viúva de Itagyba, mãe de seis dos sete filhos que ele deixou.

A importância deste apaixonado pela cultura e pela arte foi expressada na Folha de São Paulo que publicou no sábado, 11/4, uma nota assinada por Estevão Bertoni que relata de forma sucinta e sensível a trajetória de Itagyba Kuhlmann, mais um nome que liga sua história à de Embu das Artes.

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