O Movimento Nacional de Alfabetização – MOVA –
reafirmou sua identidade e independência no IX Encontro Nacional do Mova,
realizado no último final de semana, em Embu das Artes. A discussão
entre a necessidade do financiamento público da alfabetização em todo o País e
a manutenção da independência política do movimento de alfabetizadores foi o
tema central do encontro.
O evento foi realizado no Hotel Rancho Silvestre
entre 26 e 29/7, com o apoio tanto do Ministério da Educação como da Secretaria
Municipal de Educação e teve a participação de 430 militantes, além de centenas
de simpatizantes e convidados. Participaram representantes, gestores, educandos
e educadores de quatro regiões brasileiras. Somente a delegação do Rio Grande
do Sul, que estava inscrita e esperada, não pode comparecer.
Da mesa de abertura participaram: a educadora do
MOVA de Embu das Artes, Maria das Graças Leopoldino, a educanda Cícera Vicentin,
o representante do MOVA Nacional Ionilton Aragão, Kauê Grecco, representando o
secretário estadual de Educação e Mauro José da Silva, diretor de Políticas
Públicas de Educação de Jovens e Adultos do Governo Federal, que foi
representar o ministro da Educação. Além desses também foram convidadas a
secretária municipal de Educação, Rosimary Mendes de Matos, a secretária
adjunta Alda Rebello, o deputado estadual Prefeito, o prefeito de Embu das
Artes, a representante da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Márcia
Oliveira, os vereadores Ná e Silvino Bomfim, presidente da Câmara, Luis Marine,
diretor do Instituto Paulo Freire, além de secretários e autoridades.
A secretária de Educação Rosimary Mendes de Matos
lembrou que participou de praticamente todos os encontros e falou que muitos
governos e instâncias, inclusive acadêmicas, ainda não reconheceram a
importância do MOVA. Por isso tambem a importância dos encontros: “Nós
participamos para aprender a contaminar a educação formal pela alegria, espontaneidade,
compromisso que o movimento tem e a leveza de fazer as coisas com uma seriedade
absurda que só o MOVA tem”. Rosimary disse que os encontros são essenciais para
que os participantes troquem experiências, problemas e soluções: Vamos trocar
as experiências. Que voltem com as bagagens renovadas de experiências, desafios
e incômodos para nossas realidades” – disse. Também falando sobre a urgência
das políticas públicas de alfabetização, a professora disse que é preciso
agir imediatamente.
Após a abertura, a professora e pesquisadora Lizete
Arelaro, da Faculdade de Educação da USP, apresentou uma conferência
sobre a relação do “Direito á Educação com a Justiça Social”.
No segundo dia os participantes se dividiram em 11
grupos de discussão sobre os seguintes temas: Educação, Alfabetização e
Direitos Humanos, Alfabetização e Memória, Inclusão, Diversidades
Socio-Culturais, Preconceitos, Discriminação e Intolerância, Alfabetização
contra a Violência, Formação dos Educadores, Educandos e transformação da vida,
Identidade do MOVA como movimento e a junção do MOVA com a gestão pública
na política nacional de alfabetização.
Após se dividirem novamente em grupos de categorias
como Gestores, Educadores, Educandos, professores do EJA e entidades etc, ao final
os participantes se reuniram numa plenária final para decidirem sobre um
documento final e elegerem novos representantes estaduais. Nesse
documento, os representantes do MOVA apontaram os principais desafios para o
poder público e também para o próprio movimento, (14 propostas para cada
segmento) e elegeram três prioridades para a política nacional de
alfabetização: a necessidade de formação política do educador e dos militantes
do movimento; a necessidade do financiamento da alfabetização (sobretudo do
Educador) e a luta pela continuidade nos estudos dos alunos educandos após
saírem do MOVA alfabetizados.
A plenária também definiu o perfil do representante
nacional do MOVA junto à Comissão Nacional de Educação de Jovens e
Adultos (CENAEJA), mas não chegou à decidir sobre o local do próximo encontro,
que será em 2014, no Rio Grande do Sul, Distrito Federal ou Belém do Pará.
Encontro mostra as riquezas de Embu das
Artes
Além das discussões sobre as políticas de
alfabetização e educação no País, o IX Encontro do Mova Brasil também contou
com a apresentação da maior riqueza da nossa cidade: a nossa arte. O
sarau de recepção contou com a participação do repentista e cordelista
Cacá Lopes.
A Banda de Embu das Artes fez a abertura oficial do
IX Encontro apresentando um pout-pourri de rocks e blues dos anos 1960, sob
regência de Hamilton Oliveira, fazendo os participantes dançarem e aplaudirem
muito. Foi uma das atrações mais elogiadas do Encontro.
Na noite do segundo dia (27/7), os violeiros Samuel,
Lojor, Marcondes e Luiz Lima da Associação do Artista Sertanejo de Embu das
Artes (ASSEA) se apresentaram juntamente com um grupo de alunos e educadores da
rede municipal, que dançaram catira e apresentaram um recorte da peça “Juiz de
Paz na Roça”, de Martins Pena. que estão apresentando. A peça é dirigida
pelo professor da rede municipal José de Lucena, sob a coordenação e orientação
da professora Elaine Baron do Núcleo Arte da Secretaria Municipal de Educação.
Após a discussão do próprio Movimento ser dividida
em três grandes grupos, no sábado 28/7, os participantes assistiram a
apresentação de Boi Bumbá, por um grupo de alunos da Escola Elza Marreiro
Medina e ficaram bastante apaixonados e emocionados com o espetáculo. À noite,
houve a contação da história “A Menina e o Pássaro” de Rubem Alves pelo
professor João Batista, seguida da apresentação de Dança do Côco, do grupo da
EJA da Escola Municipal Salvador Julianelli.
Por fim, a recepção do
último dia contou com a apresentação do Maracatu do Teatro Solano Trindade,
liderada pela própria Raquel Trindade, que ainda deu uma aula sobre cultura
afro brasileira. O IX Encontro teve também a participação dos artistas
plásticos Silvia Léa e do casal Wilson Rosa e Tersília, da Casa do
Artesão, que expuseram e desenvolveram trabalhos no stand da cidade
elaborado pela Secretaria Municipal de Turismo.
