O público lotou o auditório do Centro Cultural Mestre Assis na sexta-feira (6/10) para participar da palestra “Pessoa idosa, o exercício pleno de sua cidadania e o fortalecimento das políticas públicas”, apresentada pelo professor Wilson Pedro, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com a presença de munícipes, servidores e autoridades.
O tema se torna cada vez mais relevante, pois os dados oficiais mostram que o Brasil tem, aproximadamente, 31 milhões de habitantes com idade acima dos 60 anos (Censo 2022) e a perspectiva é a de que população idosa mundial irá mais que dobrar até 2050, atingindo 1,5 bilhão de pessoas.
“Esse é o momento de aprendermos novos conhecimentos, compartilharmos experiências e superar desafios, trabalhando na direção das políticas públicas ao idoso” – salientou Samuel Brasil (secretário municipal de Desenvolvimento Social) na cerimônia de abertura do evento. A diretora de Proteção Social Especial da pasta, Simone Jorge, completou: “Vamos sair daqui com o dever de realizarmos o melhor para o idoso, reconhecendo seus direitos”.
Representando a Secretaria de Esportes e Lazer, Rosana Almeida (coordenadora do Centro de Convivência do Idoso – CCI) afirmou ser necessário que as pessoas idosas marquem presença nos eventos do governo, para mostrar sua relevância na participação social. Indo na mesma direção, a presidente do Conselho Municipal do Idoso, Neusa Cezarino, alertou: “Para sermos lembrados dos nossos direitos pelo poder público, não podemos nos esconder. E daqui uns anos seremos mais numerosos, com um acúmulo único de experiências, continuando ativos para realizar tarefas e projetos”.
Demais autoridades presentes à mesa diretora: vereador Lúcio Costa e Sariene Levy (coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – Creas). Participação artística: Grupo Alma Cigana. O encontro foi promovido pelas secretarias municipais de “Desenvolvimento Social” e de “Esportes e Lazer”.
Sabendo envelhecer
Vinculado ao Departamento de Gerontologia da UFSCar e atuante nas áreas de envelhecimento ativo, entre outras, com formação em disciplinas como Gerontologia, Ciência Sociais e Psicologia, o professor pós-doutorado, Wilson Pedro, destacou na palestra que as pessoas precisam refletir as formas como elas estão se relacionando com o envelhecimento e se debruçou em temas como preconceito, mitos, protagonismo, aprendizagem, ciência, tecnologia e informação, interagindo com a plateia para ouvir suas ideias e impressões.
Ele também chamou a atenção para os desafios do assunto, como o de formar profissionais para atuar no tema “envelhecimento”, produzir conhecimento e aumentar a capacidade funcional dos indivíduos com o avanço da idade por meio de políticas públicas. “Num primeiro movimento devemos observar a realidade e fazer perguntas, conhecer as características locais, além de buscar respostas para questões como: Qual o lugar que ocupo neste cenário? A sociedade civil está atuando? Há pessoas, amigos ou familiares dando apoio? – contextualizou o professor, dando início à sua exposição.
Protagonismo já!
O Estatuto da Pessoa Idosa foi criado em 2003 para a proteção de condições absurdas, como maus tratos, violência, crimes etc., além de determinar direitos (vida, saúde, alimentação, transporte, cultura, esporte, entre outros), e foi atualizado para abranger a diversidade da sociedade, a exemplo da comunidade LGBTQIA+. Para Wilson, é crucial a pessoa idosa conhecer o seu Estatuto, assumir seu protagonismo e mudar a forma de olhar o envelhecimento e as pessoas idosas. “Somos atores sociais fundamentais, junto à família, comunidade, sociedade civil e poder público, e precisamos ter uma participação na sociedade maior para as coisas melhorarem, mesmo com a existência das leis” – pontuou.
No âmbito privado, o professor estimulou os indivíduos a construírem sua independência no decorrer da vida, desenvolverem sua autonomia (tomada de decisão) e se perguntarem: Como vou acompanhar o que está acontecendo no mundo daqui pra frente?
Wilson também defendeu o combate aos preconceitos e rompimento de mitos e estigmas sobre o envelhecimento, com a criação de espaços para estimular o respeito às diferenças.
BAIXE AQUI: PDF ESTATUTO DA PESSOA IDOSA
Reaprendendo o mundo
Aprender a lidar com as transformações individuais, coletivas e sociais são outras demandas a se superar. Como exemplo, Wilson advertiu sobre os enganos das informações e notícias falsas veiculadas pelas redes sociais, como as fake news disparadas pelo aplicativo WhatsApp. “Frequentem espaços educacionais e de convivência, troquem experiências, encontrem um sentido na vida e ressignifiquem a sua existência no século 21 por meio da aprendizagem” – indicou ele. “Valorizem a ciência, tomem vacinas e sigam as recomendações médicas certas e adequadas” – completou.
A voz da pessoa idosa
Numa interação com a plateia, Wilson conseguiu expor os anseios e pensamentos dos idosos. Em geral, todos valorizaram as atividades como condição essencial para suas vidas, sejam elas profissionais, domésticas, esportivas, físicas, culturais, intelectuais, de bem-estar, espirituais, entre outras. “Os problemas da vida estão me levando a ter ações positivas para não pensar nas tristezas, no passado ou na dura realidade” – declarou uma participante. “A melhor coisa da vida é se amar muito e saber amar o próximo, respeitar e ajudar aos outros sem olhar as diferenças” – contemplou outra mulher.
Já Israel Pereira Neto, 65 anos, classificou o evento como uma aula de “faculdade”. “O dia de hoje foi revelador, nos mostrando que temos muitos direitos e os desconhecemos”, declarou. “É como dizia meu avô: a força do homem está na razão” – lembrou. Ele ainda lamentou que muitos homens se envergonham ou não recebem apoio da família para se integrar aos serviços públicos disponíveis, comprovando uma histórica realidade brasileira, de que apenas 10% do público masculino aderem aos projetos voltados aos idosos. “Eu presto auxílio a um vizinho que é bastante resistente para frequentar essas atividades” – atestou Israel.
Maria Aparecida Loula, 68, concorda: “Há homens que não participam por preconceito ou machismo” – reclamou ela, que faz questão de se movimentar, integrar e utilizar os serviços da Prefeitura de Embu das Artes. Em sua companhia, estava Gilzelia Custódio Santos, 66, que, por sua vez, reivindicou respeito às pessoas mais velhas: “Há muita gente mal educada e nós sentimos essa impaciência e desrespeito no dia a dia, como, por exemplo, no transporte público” – explicou. E ambas foram categóricas em afirmar sobre a relevância do Estatuto da Pessoa Idosa: “Queremos saber mais, pois há muito a se aprender sobre nossos direitos e para combater o preconceito de idade” – finalizaram.
SERVIÇOS DA PREFEITURA:
1) Creas – Centro de Referência Especializado de Assistência Social
Rua Belo Horizonte, 312, Centro. Telefone: (11) 4781-5896
a – Orientação sociojurídica
Segunda a quinta-feira, das 8h às 12h (agendamento prévio)
b – Serviço de Proteção à Pessoa Idosa e suas famílias
De segunda a sexta, das 8h às 17h (preferencialmente por agendamento)
Atende pessoas idosas em situação de risco, vítimas de violência e violação de direitos. É essencial para garantir o bem-estar e a segurança dos idosos, oferecendo suporte psicossocial, orientações jurídicas e encaminhamentos para serviços especializados, promovendo a proteção e a defesa dos direitos dessa população
c – Oficina RespirArte
Oficinas voltadas à população idosa atendida pelos Serviços de Média e Alta Complexidade (Creas e ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos). Para participar das oficinas é necessário ligar no telefone (11) 4781-5896 ou enviar mensagem ao e-mail creasembu@outlook.com – Agenda: Creas: nos dias 19/10, 9/11 e 7/12 – das 14h às 17h – Rua Belo Horizonte, 312, Centro – Módulo das Avós: nos dias 27/10, 30/11 e 15/12 – das 14h às 16h – Rua Crisântemo, 745, Chácaras São Cristóvão. Telefone: (11) 4704-521
d – Roda de conversa promovido pelo Creas (assistente social e advogado) sobre benefícios previdenciários e aposentadorias
Ação voltada para profissionais de ILPIs e profissionais de atendimento a pessoas idosas. Para participar da roda de conversa é necessário ligar no telefone (11) 4781-5896 ou enviar mensagem ao e-mail creasembu@outlook.com
Próxima data: 17/11/23 – Horário: 10h às 12h
2) Cras – Centro de Referência de Assistência Social
Realiza: atividades nos grupos de SCFVI – Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Pessoas Idosas (rodas de conversa, palestras, oficinas de artesanato e passeios); atividades esportivas em parceria com a Secretaria de Esportes e Lazer (Cras Pinheirinho); visitas domiciliares para idosos (PDU); e cadastro único domiciliar – Veja endereços – Cras
3) CCI – Centro de Convivência do Idoso
Promove atividades culturais, esportivas e de lazer
Parque Francisco Rizzo – Rua Alberto Giosa, 390, Quinhaú
Para mais informações, ligue no telefone (11) 4785-4617
Galeria de fotos:
Fotos: Bruno Albarello