A RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) é uma das redes prioritárias das Redes de Atenção à Saúde (RAS), arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (Ministério da Saúde, 2010 – portaria nº 4.279, de 30/12/2010).
A implementação das RAS aponta para uma maior eficácia na produção de saúde, melhoria na eficiência da gestão do sistema de saúde no espaço regional, e contribui para o avanço do processo de efetivação do SUS. A transição entre o ideário de um sistema integrado de saúde conformado em redes e a sua concretização passam pela construção permanente nos territórios, que permita conhecer o real valor de uma proposta de inovação na organização e na gestão do sistema de saúde”(http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php ).
A RAPS, alinhada com os princípios da SUS e da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, traz uma concepção que possibilita um acontecimento, a inclusão da loucura e de toda a diversidade nos territórios desta cidade e na cidadania, na perspectiva de superação do modelo hospitalocêntrico.
Esta rede tem enquanto objetivos:
– promover a vinculação das pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e suas famílias aos serviços;
– qualificar o cuidado por meio do acolhimento, considerando que cada vida que busca pelo apoio desta rede se expressará de uma maneira singular, mas também levando em conta que cada vida é expressão da história de muitas outras vidas;
– realizar o acompanhamento contínuo considerando as necessidades em saúde destas pessoas e tendo em vista os diferentes momentos de vida pelos quais passam. Estas necessidades devem ser atendidas respeitando sua cultura e da comunidade onde vivem;
– trabalhar as questões de uso e abuso de álcool e drogas na perspectiva da redução de danos, respeitando a liberdade e escolha de cada um;
– oferecer atenção às urgências de forma integrada entre os serviços, garantindo a continuidade do cuidado por todo território;
– articular a rede intersetorial potencializando as ações de saúde, assistência social, educação, esporte, cultura, habitação, entre outras tão importantes para o pleno desenvolvimento da vida.
O trabalho em rede é, sobretudo, a possibilidade da organização, de vários serviços das diversas secretarias, capaz de fazer face à complexidade das demandas de inclusão de pessoas estigmatizadas, para o cuidado, promoção da autonomia e de direitos humanos;
Desta forma, promove a reabilitação, aqui entendida como reconstrução e restituição do direito pleno à cidadania, e a reinserção das pessoas com transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas na sociedade, por meio do acesso ao trabalho, geração de renda e moradia solidária. A mudança deste paradigma implica em trabalhar com o “olhar” voltado para o sujeito, e não para a doença; trabalhar com o sofrimento, e não com a incapacidade; e buscar a produção de novas subjetividades.
Pontos de atenção da saúde mental para o cuidado do sofrimento da pessoa:
1) Atenção Básica em Saúde: Descentralização e capilaridade, coordenar o cuidado e ordenar as redes
· Unidade Básica de Saúde
· Núcleo de Apoio a Saúde da Família
· Consultório na Rua
· Centros de Convivência e Cultura
2) Atenção Psicossocial Estratégica:
· CAPS II Adulto
· CAPS AD II Adulto e 2 ½ períodos para adolescentes
· Ambulatório Transtornos Mentais Infanto Juvenis (Psicólogo e Fonoaudiólogo)
3) Rede – Urgência e Emergência:
· 2 Pronto Socorros
· SAMU
· UPA (em implantação)
4) Rede – Atenção Hospitalar:
· Hospital Geral de Pirajussara (Referência Regional)
5) Estratégia de Reabilitação Psicossocial:
– Projeto Barraca e núcleos de trabalho e geração de renda.
Ações estratégicas de articulação dos pontos da Rede de Atenção Psicossocial:
– Redinhas: surgem a partir das discussões da equipe de Saúde Mental e das discussões intersetoriais da Supervisão Clínico Institucional, com o objetivo de fortalecer a discussão em rede e o cuidado colaborativo entre os pontos de atenção da RAPS e na articulação com o intersetor, intervindo na lógica de encaminhamentos e burocracia, para uma integração entre os componentes desta rede e os seus saberes. O município foi dividido em redinhas, a partir da possibilidade de diálogo dos territórios e através das referências dos profissionais da atenção básica. Os CAPS II Adulto, CAPS AD II, Centro de Convivência, Consultório na Rua e NASF se subdividem com profissionais referenciados de forma a participarem de todas estas redes.
– Fortalecimento e Protagonismo dos usuários:
– Participação ativa dos usuários e trabalhadores nos conselhos gestores e conselho municipal de saúde
– Fórum Intersetorial de drogas e direitos humanos
– Terapia comunitária
– Ações no território / Ir onde as pessoas estão
É através desta rede e destes princípios que mostramos a reforma psiquiátrica antimanicomial que precisamos, que luta pela transformação social e que acredita que toda a vida vale a pena.