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Fotos de Embu das Artes nos anos 40 e o imaginário de uma época remota. Veja!

Por Alex Natalino

Embu das Artes possui muitos diferenciais por causa da sua história, arquitetura, manifestações culturais e reconhecida atividade artística. E ainda é possível notar resquícios de um passado distante em seu Centro Histórico, onde abriga o imponente Museu de Arte Sacra (construído entre os séculos 17 e 18) e a renomada Feira de Artes e Artesanato nos finais de semana, além de ruas e vielas acolhedoras e construções rústicas.

Para se ter uma ideia de um período remoto, na galeria de fotos abaixo (fim da matéria), com imagens da década de 40, é possível imaginar como era viver em Embu das Artes antigamente.

No texto abaixo, conheça um pouco da história dessa estância turística que fica a cerca de 30km de distância do centro de São Paulo, capital. Depois, clique nas fotos, curta e viaje no tempo.

Embu das Artes: a origem

Em 1624, Fernão Dias e sua mulher Catarina Camacha, detentores de grandes propriedades na região, doaram terras aos jesuítas com a condição de se construir a igreja de Nossa Senhora do Rosário. Desde então, o padre jesuíta, Belchior de Pontes, transferiu para suas proximidades a aldeia de M’Boy (que em tupi significa cobra e originou o nome Embú) e, por volta de 1690, iniciou as edificação da igreja. Substituindo o padre Belchior, que morreu em 1719, o padre Domingos Machado concluiu a obra por volta de 1740. Com o decorrer do tempo, imagens religiosas foram sendo esculpidas por padres com o auxílio de indígenas originários do território. Algumas destas esculturas estão expostas hoje em dia no local (atual Museu de Arte Sacra).

| Largo dos Jesuítas e a fachada da Igreja de N. S. do Rosário |

Com a expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759, o aldeamento de M´Boy entrou em declínio, com os indígenas misturando-se aos moradores ou mudando-se para outros locais. Essa miscigenação entre os indígenas dos aldeamentos e os colonos portugueses deu origem à etnia caipira, cujas manifestações culturais, como a Festa de Santa Cruz, permanecem até hoje no município. 

Já em 1880, é criado o distrito de M’Boy, pertencente à Vila de Itapecerica. A dificuldade de comunicação não permitiu o rápido desenvolvimento do povoado e, embora houvesse uma economia agrícola, as suas terras eram impróprias para a cafeicultura, principal atividade econômica da época. Assim, M’Boy entrou em outro período de retração que durou até meados do século 20.

| Vista para a rua Tarsila do Amaral, no bairro Cercado Grande (1941) |

Nas décadas de 1920 e 1930, as olarias de M’Boy contribuíram muito para a produção de tijolos para o crescente distrito e para a cidade de São Paulo, em pleno crescimento. Em 1938, o distrito de M’Boy teve sua denominação alterada para “Embú” (nome grafado com acento de acordo com a norma gramatical da época) e, no mesmo ano, o complexo arquitetônico da igreja de Nossa Senhora do Rosário é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – foi o primeiro prédio histórico a receber esse status no estado de São Paulo pelo órgão.

Anos mais tarde, iniciou-se um movimento de emancipação política e administrativa que conseguiu em 1959, finalmente, tornar Embu um município. Mais recentemente, por meio de um plebiscito realizado em 2011, a maioria da população decidiu que o nome da cidade deveria se mudar oficialmente para Embu das Artes, como já era popularmente chamada.

Nascimento da vocação artística

A vocação artística da cidade teve origem a partir da edificação da Igreja de N. S. do Rosário, hoje Museu de Arte Sacra, erguida entre 1690 e 1740 por padres jesuítas e indígenas, que também confeccionaram suas obras e imagens religiosas.

Já no século 20, artistas como Cássio M’Boy, Tadakiyo Sakai e tantos outros ajudaram a consolidar a produção de obras de arte no território junto com o escultor Mestre Assis do Embu e o poeta Solano Trindade, este último, incorporando ao município elementos da cultura afro-brasileira.

| Feira de Artes e hippies no Largo dos Jesuítas |

A partir do 1º Salão de Artes Plásticas de Embu em 1964, que reuniu trabalhos de diversos artistas renomados, a arte produzida em Embu das Artes passou a ser reconhecida nacional e internacionalmente. Escultores, pintores, poetas, músicos, cantores e estudiosos da cultura popular acabaram encontrando na cidade o lugar propício para produzir e divulgar sua arte.

Ainda na década de 60, a crescente chegada de artistas, artesãos e hippies no município ampliou a atividade artística na cidade. Assim nasceu a Feira de Artes e Artesanato, em 1969, em frente ao Museu de Arte Sacra, articulada por Mestre Assis do Embu, que estimulou a vinda para o local dos expositores da então feira da Praça da República, em São Paulo. Em 2021, a Feira passou a ser considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de São Paulo em Lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).


Galeria de fotos: