Para celebrar os 10 anos de atividade do projeto “Olimpíada Literária” de Embu das Artes, foi realizado na terça-feira (19/9) um evento que reuniu autoridades, servidores e convidados para participarem de palestra e roda de conversa no Centro Cultural Mestre Assis.
Coordenado pela Secretaria de Educação da Prefeitura de Embu das Artes, o projeto Olimpíada Literária surgiu em 2013 com o objetivo de fomentar a prática da leitura e incentivar a escrita e a produção textual entre os estudantes da rede municipal de ensino (pré-infância, fundamental e EJA). Mais do que um concurso, as metas do projeto são de, a partir da escola, construir leitores e transformar vidas, dando a possibilidade aos envolvidos de mostrarem suas histórias, experiências e sentimentos pessoais, e até de revelar talentos. As suas atividades de fomento ocorrem durante o ano para dar origem, posteriormente, à produção de um livro e divulgação do resultado do concurso.
Clecius Romagnoli, secretário municipal de Educação, acredita no potencial transformador desse projeto, por estimular a compreensão do mundo e a aquisição de conhecimento por meio de uma “viagem” pela imaginação. “A Olimpíada proporciona um acervo de incentivo à leitura e à escrita aos alunos que, dificilmente, conseguiriam desenvolver por conta própria” – afirmou Romagnoli, acompanhado por Usiel Matos e Wildneia Dias (secretários adjuntos) e Daiane Zunhiga (gerente de Programas e Projetos).
Na sequência, as gestoras técnicas da Secretaria de Educação, Araci Consolini e Kelly Cristina de Oliveira, apresentaram a trajetória de uma década de Olimpíada Literária nas escolas de Embu das Artes, que vem transformando realidades por meio das letras e das histórias, abrindo inúmeras possibilidades e dando voz e protagonismo aos estudantes. Em seguida, finalizando a fase inicial do cerimonial, alunos da E. M. Mauro Ferreira declamaram poemas com o tema “Receitinhas para aquecer o coração”, que faziam referências lúdicas às coisas edificantes da existência humana – esperança, amor, união etc.
O direito à literatura
Com o tema “A Literatura no Contexto Escolar”, o palestrante convidado, Carlos Eduardo Braga – gerente de Relacionamento e de Negócio de Literatura da SM Educação Brasil – contextualizou que a educação literária deve formar o leitor para a vida, citando uma máxima do educador Paulo Freire (1921 – 1997): “Antes da leitura da palavra, há a leitura do mundo”. E apoiado na referência do sociólogo e crítico literário Antonio Candido (1918 – 2017), o palestrante definiu: “A literatura é uma necessidade universal a ser satisfeita sob o risco do indivíduo sofrer uma ‘mutilação’ de personalidade, pois o seu poder de dar forma aos sentimentos e à visão de mundo liberta o ser do caos e o humaniza”.
Para Braga, a escola é o espaço que pode garantir o maior incentivo a uma leitura de qualidade, pois, salvo poucas exceções, as famílias não praticam ou incentivam essa atividade nos lares. “Negamos o direito à literatura quando não damos fluência prazerosa à leitura, então é nosso dever nos fortalecermos para não cessar esse direito” – afirmou. Nesse sentido, ele apelou para que os professores sejam bons leitores para que assumam com competência o seu papel de mediadores entre o aluno e a interpretação do texto literário.
E na intenção do aprimoramento da educação literária, Braga sugeriu aos professores que procurem suas próprias respostas para as seguintes questões: Qual é meu hábito de leitura? Como eu penso a leitura com meus alunos? Como eu penso a leitura com meus colegas de escola? “Nossa tarefa é auxiliar os leitores para a autonomia e à produção competente de textos, explicitando os mecanismos para esse fim, pois é ilusório pensar que os alunos o façam de maneira espontânea” – declarou ele. “Então é preciso criar ações, movimentos e mediações para o entendimento da função da literatura em nossas vidas” -concluiu Braga.
Educação, literatura & liberdade
Após a palestra, uma roda de conversa ocorreu entre educadores da rede municipal que também são escritores, mediado pela gestora técnica, Araci Consolini. Nesse momento, cada um contou um pouco de suas experiências e impressões sobre a literatura. Eliane dos Santos, Sônia Capano, Angela Ribeiro Rosa, Sueli dos Santos e Antônio Eric definiram assim o ato de ler e escrever de acordo como suas vivências individuais: “Expansão do protagonismo racial, expressão das raízes culturais regionais, compartilhamento do conhecimento para questões ambientais, impulso da escrita para a inclusão social, o prazer e a libertação adquiridos a partir da literatura, entre outras”.
Em seguida, os participantes expressaram as suas expectativas sobre a Olimpíada Literária: “Queremos o surgimento de escritores, publicação de livros de novos talentos, disseminação da leitura e da escrita, expansão da arte literária, inclusão social e envolvimento comunitário”, concluíram.
Galeria de fotos:
Imagens: Bruno Albarello