Foi
como um pequeno festival de rock. Centenas de turistas e moradores participaram
das apresentações e a feira de vinil do 10º festival Loucos por Vinil, que foi
realizado na Praça da Alimentação em três dias: 13, 14 e 15 de abril. Foram mais
de 1.500 pessoas que compareceram para ver oito bandas de rock, shows de música eletrônica com quatro dj´s, apresentações de dança e um
bloco de carnaval da cidade, além de 10 expositores de discos raros de vinil.
Por já ser uma referência para colecionadores
e amantes dos não tão antigos discos de vinil, o festival Loucos por Vinil superou
não só a divulgação do público local, como também recebeu convites e visitantes
até do exterior. Além de ser citado em blogs de eventos internacionais como o
RA: http://www.residentadvisor.net/event.aspx?359229,
o festival também recebeu o convite para ser transmitido ao vivo por outra
feira de discos de vinil de Ultrech, na Holanda. veja o site: http://www.recordplanet.nl/ http://www.recordplanet.nl/newsletter/newsletter20120402.html.
O estadunidense Bob Miles, de Chicago, também colecionador de vinis e fã de
rock progressivo, de passeio na casa de uma amiga moradora do Brooklyn em São
Paulo, veio ao festival pra ver o show da banda “Violeta de Outono” e também
garimpou e levou raridades de vinil.
Em sua décima edição, o “Loucos por Vinil” homenageou
os grandes festivais de rock que foram realizados no Brasil, como o festival de
Verão de Guarapari-ES, o festival da Saúde em São Lourenço-MG e os festivais de
Águas Claras, de Iacanga-SP, realizados em 1975 e 1983.
Outro grande homenageado no festival foi o
seu criador e produtor principal, o artista plástico Paulo Dud, que começou a organizá-lo
em 2002 já com apoio da prefeitura. Segundo ele, o Loucos por Vinil foi criado
para atender esse grande público de Embu das Artes que é apaixonado pelos
discos de vinil e se identifica com a (contra)cultura do “paz & amor” e dos grandes festivais de rock. E
além de promover essa ideologia pacifista e libertária contra os autoritarismos, também promove a disseminação do amor pelos “bolachões” ainda em
uso. “Tem muita gente que nunca ouviu falar desses festivais, queremos
mostrar que foi possível termos no Brasil festivais de música naqueles moldes”, disse
Dud. “Em Embu das Artes tivemos shows históricos como dos Novos Baianos,
Hermeto Pascoal, Jorge Mautner, Tom Zé e a presença constante de José Agripino
de Paula, morador da cidade e nome importante da tropicália!” – informou.
Também homenageando Dud, o secretário adjunto
de Cultura, Erismar Santos Silva declarou na abertura, que o festival Loucos
por Vinil foi um evento que deu certo e é tão famoso fora da cidade porque
também faz parte da concepção política multicultural do Governo popular. “O
Loucos por Vinil é mais uma prova de que esse governo prima pelo respeito e
promoção da diversidade cultural na cidade. E é essa diversidade cultural, uma
das características mais marcantes de Embu das Artes e que atrai muitos
turistas e novos moradores, até estrangeiros” – disse Erismar, que também
elogiou a homenagem aos “tempos de contestação e luta” dos festivais.
Bandas
que se apresentaram:
A
banda “Autosonora”, de Embu das Artes, abriu o festival na sexta-feira 13/4,
num clima de muita alegria, tocando Mutantes, Secos e Molhados e outros clássicos da época. No sábado, a
abertura dos shows foi do grupo “Nome Provisório” também de Embu das Artes,
formada pelos integrantes Danilo Rodrix, Denis Gonçalves, Caio Freitas e Juan
que também são influenciados pelos clássicos brasileiros. A banda foi precedida
pela apresentação do bloco “Desbundas Artes” e ofereceu gratuitamente suas
próprias musicas para quem quisesse copiar.
A
ela seguiu-se a banda Massahara, de São Paulo, cujo nome é uma homenagem ao
antigo encontro de jovens que era realizado todo mês na Mooca, em São Paulo.
Formada por Fábio (guitarra e vocal), Allan no baixo, Ronaldo no órgão e Renato
na bateria, a Massahara é especializada em hard rock clássico, mas enfatizaram a
própria produção nesse show que já faz sucesso na internet com suas músicas
“Lugar ao Sol”, “Mandacaru” e várias outras .
Depois
foi a vez da banda hard metal “Tenebrário”, que foi acompanhada por inúmeros
fãs. Liderada pelo baixista Alexdog, além do baterista Claudio Screpetz e o
guitarrista Eduardo Borrego, a banda tocou suas próprias musicas (sendo uma
delas em português, “Meu Ser”) e sucessos do hard heavy metal dos anos 1970-80.
A
banda “Muqueta na Oreia” encerrou as apresentações heavy metal do sábado. Liderada
pelo volcalista Ramirez, com Cris no baixo,
Henry na bateria e Bruno Zito na guitarra, a banda apresentou sucessos próprios
como “Lobisomem em Lua Cheia”,”Mundo dos
Mortos” e algumas de bandas americanas como Motorhead e Anthrax.
Nas
manhãs de sábado e domingo as apresentações foram dos mestres das mixagens dos
vinis. especialistas em tocar músicas eletrônicas. Os DJ´s Andrew Santos,
Cangaíba, Adclécio Mendes, Ducando, Meio Kilo, André Prado e Anderground
apresentaram mais de 10 horas de músicas de discos de vinil encadeadas e com um
festival de efeitos de discotecagem.
O
Loucos por Vinil abriu o domingo, 15/4, com o grupo Theo Werneck Blues Trio,
cujo gaitista “BG da gaita” é embuense. Liderado pelo guitarrista “blueseiro”
Theo Werneck e com Paulo Tonella no violão e guitarra, o trio é especialista em
blues rural dos EUA de meados do século XX, de
sonoridade mais rústica, usando gaitas, distorcedores, banjos e antigos violões
“National” (que tem o corpo de metal) e apresentou várias canções de alguns dos
mais lendários blues-men dos EUA como Mississipi John Hurt, Skip James,
Leadbelly, Robert Johnson e algumas canções mais atuais, inclusive de
brasileiros como Itamar Assumpção, Luis Melodia e até
Roberto Carlos. Afinal o blues é a principal raíz de tudo o que viria depois (rock & roll,rhythm’n’
blues, rock, funk, etc).
Em
seguida veio a apresentação da banda
“Black Moon”, considerada a melhor banda cover de Black Sabbath do Brasil. Composta
pelo vocalista Regis Madman, por Marcelo Bokel na
guitarra, Fabio Cesar no baixo e Ruy Mora na bateria, a banda apresentou diversos sucessos da
antiga banda de heavy metal Black Sabbath e outras de autoria própria. E fez
muito sucesso. Foi a banda que trouxe mais fãs, e o momento em que o Festival
esteve mais lotado.
A
banda Violeta de Outono encerrou o 10º Loucos por Vinil e apresentou algumas de
suas primeiras músicas, dos dois primeiros discos (LP´s de vinil) de 1987 e
1989 e também várias de seu último disco, “Volume
Golfetti, Gabriel Costa no baixo e José Luiz Dinóia na bateria, a Violeta de
Outono tem forte influência das bandas inglesas progressivas dos anos 1970,
como Pink Floyd, Yes e outras, das quais apresentou algumas musicas. O grupo
também contou com a participação do tecladista Raphael Massarente, o mais novo
no grupo.
Para
o ano que vem Paulo Dud quer ousar ainda mais e ampliar os dias e shows para
outros ritmos do vinil, trazer mais vídeos e outras apresentações, além do
rock.