Governo lança campanha para conversar com homens sobre violência doméstica

13/03/2014 - 0:00
Governo lança campanha para conversar com homens sobre violência doméstica
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Na tarde de ontem, 12/3, o Centro Cultural Santo Eduardo foi palco para o lançamento de uma campanha inédita do governo municipal. A campanha: “Quem ama não mata, não agride e não maltrata” faz parte das atividades planejadas pelo governo em celebração ao mês da mulher e, este ano, traz o homem como foco principal.

Para o mês de março, estão previstas ações de conscientização como caminhadas e a abordagem, principalmente de homens, em bares e comércios locais para a distribuição de folhetos e cartazes sobre o enfrentamento à violência contra mulher. A primeira delas está marcada para 14/3, às 13h30, com saída do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Centro, em frente à prefeitura.

O evento de lançamento foi aberto oficialmente com a entoação do Hino Nacional pela cerimonialista do Governo, Ana Helena Cândido, com percussão de Élcio Dias. Durante o encontro, autoridades como a secretária interina de Assistência Social, Trabalho e Qualificação Profissional, Roberta Santos, a coordenadora do Centro de Referência ao Idoso (CRI) e do Centro de Referência da Mulher (CRM), Lúcia Gusson, o presidente da Câmara Municipal, Doda Pinheiro e as vereadoras Rosana Almeida e Dra. Bete, participaram de uma conversa sobre violência com a população.

Roberta Santos iniciou sua fala lembrando o episódio que deu origem ao Dia Internacional da Mulher, em 8 de março de 1857, onde operárias de uma empresa têxtil, morreram carbonizadas durante uma manifestação em busca de melhores condições de trabalho: “Essas mulheres morreram por lutar pelos seus direitos. A partir daí o mundo começou a olhar pouco a pouco para as mulheres. Alcançamos direitos, como o direito de votar e sermos votadas, mas ainda precisamos alcançar muitos outros”.

A secretária também ressaltou o aumento no número de vítimas de violência atendidas no CRM de 2012 para cá e lamentou um episódio vivenciado na cidade: “A pouco tivemos conhecimento de um caso onde uma moradora do Jardim São Marcos foi estrangulada pelo seu companheiro. A violência está mais próxima do que imaginamos e, muitas vezes, ela é praticada por pessoas dos nossos círculos sociais, não podemos ficar inertes a isso”.

O presidente da Câmara Municipal, Doda Pinheiro, destacou em sua fala a importância da participação feminina na política e pediu um minuto de silêncio em protesto contra quem comete violência contra a mulher.

Lúcia Gusson, coordenadora do CRM, lembrou o engajamento da atual gestão na construção de Políticas Públicas para mulheres e do comprometimento com os direitos humanos: “Fazemos parte de um governo atuante e que levanta a bandeira dos direitos humanos, mas, infelizmente é preciso lembrar que essas medidas são necessárias porque ainda existe a discriminação e a violência e é contra isso que precisamos lutar”.

Segundo dados apontados pela coordenadora do CRM o número de vítimas atendidas pelo Centro de Referência da Mulher de Embu das Artes, em 2013, foi de 1741 mulheres. Entre elas: 468 vítimas de violência física, 432 vítimas de violência psicológica, 415 vítimas de ameaças, 65 vítimas de violência sexual, 54 vítimas de injúrias e 25 vítimas de privação patrimonial.

O encontro também contou com a apresentação do grupo teatral Átomo, de Taboão da Serra, e com a presença dos vereadores Jabá do Depósito, Carlinhos do Embu, Clidão do Táxi, Gilvan da Saúde, Gilson Oliveira, João Leite, Luís do Depósito e Edvânio Mendes.

Descobrindo o problema

Patrícia Maria da Silva Albuquerque é pernambucana, saiu da casa dos pais aos 10 anos, por não aceitar as condições de submissão a que era submetida. Aos 11 anos veio para São Paulo e aos 16 se casou. Hoje, aos 38 anos, mãe de dois filhos e casada há 22, conta como o CRM a ajudou a encontrar a solução para um problema desconhecido: “Eu sentia uma angústia mais não sabia o que era. Fui vítima de violência psicológica e moral por muitos anos e se não fosse o apoio que recebi no CRM até hoje não teria percebido o que estava acontecendo”.

Mesmo nunca tendo sido agredida fisicamente pelo marido, Patrícia confessa que recebia ofensas e não sabia como reagir a isso: “Eu só consegui expor o que eu sentia e assumir que eu era vítima de violência após um ano de acompanhamento com psicólogos. No CRM aprendi  a assumir meu posto de cidadã e a me impor. A violência não é feita apenas com tiros ou facadas, ela também pode ser praticada com palavras mas, se não for combatida, pode caminhar para algo irreversível”.

Após ser acompanhada pelos profissionais do CRM, Patrícia resolveu por um basta em seu sofrimento e se separar do agressor. Mesmo separada ela continuou acompanhando a rotina do ex-marido e após onze meses de separação Patrícia aceitou reatar seu relacionamento e explica a decisão: “As coisas mudaram bastante desde que eu tomei a iniciativa de me separar. Desde o começo ele deixou claro que as portas estariam abertas se eu quisesse voltar, eu hesitei, mas aceitei a proposta depois que ele começou a se tratar com um psicológico. Foi um grande passo”.

Centro de Referência da Mulher Inês Israel dos Santos

O Centro de Referência a Mulher (CRM) de Embu das Artes foi criado em 2001 e leva o nome da militante pelos direitos das mulheres e ex-moradora do Parque Pirajuçara, Inês Israel dos Santos. Morta, em 1987, por uma bala perdida durante um confronto entre polícias e bandidos.

O CRM tem por objetivo oferecer apoio e subsídio para que a mulher e sua família possam lutar por seus direitos, buscando auto-afirmação e fortalecimento da sua identidade. Desde 2010, localizado na Rua Dona Bernadina, 37, Jardim Arabutan, o CRM é responsável pela acolhida, escuta e atendimento das mulheres vítimas de violência. Lá, as vítimas podem encontrar apoio psicológico, social e jurídico. O serviço é gratuito e o CRM funciona de segunda a sexta-feira das 7h às 17h. Mais informações: 4704-0238.

Clique aqui e confira outros dados e levantamentos  do Centro de Referência da Mulher.

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