A 12ª edição de Loucos por Vinil Fair – Encontro de Colecionadores de Discos fez seu aquecimento na abertura, na sexta-feira (11/4), com a apresentação de documentário e show da banda Cabeça Boca, que toca um hard rock de estilo suingado, com arranjos elaborados. As músicas são autorais com letras inteligentes e de temática social. Para para o guitarrista Milton Takada foi uma honra tocar num evento tão interessante: “É a nossa praia, vivi a época e tenho muitos discos de vinil”.
Godói, o baterista, prefere canções dos anos 70 para trás, pela qualidade das composições daquele período, pois para ele a criatividade e as combinações eram mais interessantes: “Tenho toca-discos e muitos vinis que adoro ouvir, e os aprecio mais do que o som digital”. Já o baixista Roatã Duprat, filho do famoso maestro Rogério Duprat, um dos responsáveis pela ascensão da Tropicália, elogiou o tema do evento e disse possuir mais de 3 mil discos. “Tenho muitas influências de bandas setentistas de rock´n´roll, além, é claro, do trabalho do meu pai”.
O MELHOR SOM E MUITAS HISTÓRIAS
Nos dias 12 e 13/4, Loucos por Vinil Fair 2014 continuou surpreendendo, mais uma vez, pelas boas atrações e a oferta de discos dos dez expositores que participaram do evento. A banda Apokalypsis festejou os seus 40 anos de existência: “Esse festival é muito legal e vamos lançar aqui o nosso novo show”, declarou o vocalista da banda Zé Brasil, antes de subir ao palco. A Apokalypsis mais as bandas Virtude Impetuosa, Devachan, Imagery, Guerrilha, Rollings Stones Live Cover e os djs da True School Brasil movimentaram o Centro Cultural Mestre Assis e a cidade, no sábado e domingo.
Teve gente que veio de longe só para participar do evento, como Carolina Duarte e Elisangela Ferreira, de Sorocaba. “Nós ouvimos no rádio, resolvemos vir e adoramos”, diz Carolina, que comprou discos de Jimi Hendrix, The Doors, Beatles e Nina Simone (1933-2003). A pianista, cantora e compositora americana, que enfrentou todo tipo de preconceito, incluindo o racismo e o machismo do marido que a espancava, emprestou sua voz admirável ao gospel, soul, blues, folk, jazz e até esteve no Brasil e gravou com Bethânia. “É uma cantora que eu adoro. Veja!”, diz Carol, que tem Nina no celular.
A visitante expressou o que se pode ver e sentir durante todo o evento: a satisfação de encontrar o disco do ídolo, as conversas sobre música e muitos outros assuntos de uma, duas, todas as épocas. “O melhor desse evento são as conversas”, resume Shirlei Granado, uma das expositoras, enquanto o expositor Souza declara que nem o CD e nem mesmo o vinil moderno superam a qualidade do velho bolachão, preferido dos djs. “Os clientes reclamaram que só teremos Loucos por Vinil daqui a um ano. Eu acho que tinha que ter pelo menos quatro vezes ao ano”, afirmou o expositor Aldo José Malagola.
E parece mesmo que a feira embuense vai além do vinil. Enquanto assistia aos shows das bandas Rolling Stones Liver Cover e Apokalypsis, o cartunista Capenê produziu vários desenhos. Tate do Facebook, moradora do Santa Tereza, fotografou e jogou na rede tudo que viu. A modelo Doris Baumgartner, “sósia oficial da Sharon Stone no Brasil”, falou sobre os novos projetos, incluindo o programa Casal Show, na TV Society, que estreia em 5 de maio, e outro de auditório na rede SBT, junto com o marido Cláudio Veiga, vocalista da Rolling Stones. Ele, por sua vez, fez cálculos prevendo a vinda ao Brasil da banda original inglesa, de 1962, uma das mais antigas em atividade, que ele, como Mick Jagger, e seu grupo imitam no palco há 21 anos.
O Loucos por Vinil Fair teve o produtor Thathá, na área há mais de 30 anos, que falou dos prazeres e dificuldades de lidar com artistas, e de instituições que “nunca funcionaram, como Ecad e Ordem dos Músicos”. Para o casal Aline Muniz e Rodrigo Tenório, de São Paulo, vir à cidade no domingo, “ouvir música, comprar discos”, foi o melhor passeio. Já para Paulo Dud, o idealizador do evento realizado pelo Governo da Cidade, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, o Loucos deste ano ofereceu-lhe a oportunidade de falar de música e política com o guitarrista Joaquim Kehl, do Rolling Stones.
Os dois se conheceram em 1972. Anos depois foram presos no bar Riviera, na Capital, pelo então secretário de Segurança do Estado, no governo Paulo Egydio Martins (1975-1979), Erasmo Dias, conhecido por sua arbitrariedade no regime militar. Bom, no ano que vem, arranje uma razão para participar dessa doce loucura, no 13º Loucos por Vinil Fair de Embu das Artes.