Em 16/5, para comemorar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18/5), iniciada no País há 27 anos, foi realizado debate que contou com a participação de 170 pessoas, entre autoridades e profissionais do setor, usuários da Saúde Mental – atendidos no Caps AD e Caps 2, Centro de Convivência Conviver, UBSs, Redução de Danos – e seus familiares, além de trabalhadores de toda a rede da Prefeitura de Embu das Artes, a qual é destaque no setor de atendimento a pacientes com doença mental no País.
O encontro foi aberto com a exibição de vídeo Holocausto Brasileiro, baseado no livro-reportagem de Daniela Arbex, lançado em 2013. Tem inserções do documentário Em Nome da Razão, de Helvécio Ratton, de 1979, e conta a história do Hospital Colônia de Barbacena, MG, hoje Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB), com museu. De 1930 a 1980, mais de 60 mil pessoas foram mortas no local.
Mostrar o que ocorreu em Barbacena e tratamentos considerados ultrapassados, ainda adotados em hospitais e clínicas, servem para justificar ainda mais que o melhor caminho é mesmo o antimanicomial. O próprio encontro foi um exercício de convivência e demonstração da proposta de atendimento aos pacientes do lado de fora de manicômios. O Governo Municipal, por meio da Secretaria de Saúde, atende mais de 7 mil pessoas, através do Programa de Saúde Mental na Atenção Básica.
“A Saúde vem deixando de lado práticas e manicômios. Queremos que saiam mais rápido”, disse a assessora de Saúde Mental, Kátia Paiva. Acrescentou que é preciso eliminar qualquer meio de contenção, abrir portas, reconstituir direitos civis, eliminar coação, toda e qualquer iniciativa de internação compulsória. O usuário do Caps AD, Francisco Antônio da Silva Neto, também defendeu o fim dos manicômios, enquanto a conselheira gestora usuária, Juvelina Macedo, alegou que estaria tomando remédios se não tivesse sido acolhida no Conviver. “Nós precisamos é de A, B, C – abraço, beijo e carinho”, resumiu.
O vereador João Leite, que também participou do evento, enfatizou a necessidade da inclusão social e do trabalho conjunto. Já a secretária de Saúde, Sandra Magali Fihlie, declarou: “As unidades de saúde têm de ter portas escancaradas. Temos de romper intolerância, preconceito. Precisamos pensar e ter saída para a intolerância política. Precisamos fazer essa reflexão”.
A mesa temática Movimento Manicomial e Luta foi ainda mais esclarecedora quanto ao atendimento aos usuários. Participou Márcia Pompermayer, coordenadora do Projeto Dasdoida, dedicado à pesquisa da imagem produzida no entorno da moda nas comunidades de saúde mental.