"O senhor é um anjo doutor". A frase ouvida durante anos e o filme Asas do Desejo, de Win Wenders, foram a inspiração para o psicólogo José Roberto Campos de Oliveira proferir a palestra Sobre Anjos e Psicoterapeutas, durante as comemorações do Dia de Luta Antimanicomial, realizado pela Prefeitura de Embu das Artes nos dia 17 e 18/5, por meio da equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Nelson Jesus de Oliveira. No filme, os anjos invisíveis têm a possibilidade de ouvir as pessoas e minimizar os impactos negativos nas pessoas que estão sofrendo.
Falando a uma platéia de profissionais da saúde, o psicólogo da rede municipal de saúde de Embu defendeu a terapia como o caminho para o auto-conhecimento e atuação cada vez melhor do profissional na relação com o paciente. Para ele, a discussão em equipe dos casos clínicos é outro recurso que deve ser utilizado por aqueles que trabalham na área para aliviar angústias e dificuldades. "Nós, anjos, já despencamos, precisamos fazer o movimento ao contrário, criar limites para nossa atuação, criar asas para nos distanciar, poder observar e ajudar", frisou.
O psiquiatra Issa Mercadante, que traçou junto com a atual administração, em 2001, as políticas e diretrizes da Saúde Mental no município, falou sobre a Reforma Psiquiátrica. Ele destacou que a luta antimanicomial é uma luta cultural, passa por uma reforma de valores e condutas "porque às vezes, o manicômio está dentro da gente". E frisou que o trabalho em rede deve funcionar com uma comunicação eficiente em que todos os atores estejam em sintonia. "A cultura da rede é a cultura da integração e de trabalhar as diferenças", afirmou.
Após uma deliciosa roda de Dança Circular, considerada importante nos processos de relaxamento e cura, com Maria Luiza Costa C. D´Almeida, psicóloga e professora de dança circular do Instituto Sedes Sapientiae, foi a vez do médico psiquiatra Rodrigo V. da Rocha Duran, da Unifesp, e primeiro psiquiatra infantil da rede municipal de saúde do Embu, falar sobre Transtornos Mentais da Infância e Adolescência. Ele atende no anexo Santo Eduardo, principalmente crianças que aguardam avaliação, a partir do projeto Saúde Escolar. Segundo ele, a psiquiatria infantil ainda é uma especialidade bastante nova, confundida frequentemente com falha pedagógica ou de conduta. Os pais não reconhecem a necessidade do paciente. Ele explicou, ainda, que existem fatores além da violência que favorecem o aparecimento dos transtornos mentais, entre eles, pais dependentes do álcool e mãe deprimida.
Coordenadora do CAPS AD, a médica Mi Ah Kim explicou que o álcool é aceitável socialmente mas que, segundoa dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 10% da população se envolve para a dependência. Aos funcionários da Saúde, a médica disse que o maior desafio para quema trabalha na área é eliminar o preconceito, entendendo que o alcoolismo é uma doença. O trabalho desenvolvido no CAPS AD segue essa orientação, com a sensibilização de profissionais, familiares e amigos dos pacientes.
CAPS de cara nova
Em novo endereço – no prédio do antigo Fórum, na rua Domingos Paschoal, 203 – centro – Embu das Artes, funcionam o CAPS Álcool e Droga (CAPS AD) e o CAPS II. O município oferece, ainda, o atendimento psiquiátrico em todas as suas unidades básicas de saúde, exceto no Vista Alegre. O CAPS II atende cerca de 200 pacientes com transtornos mentais e o CAPS AD, aberto em abril, já atende cerca de 80 pacientes.
O CAPS de Embu é um serviço extra-hospitalar de assistência aos problemas de saúde mental individual e coletiva, que evita internações psiquiátricas desnecessárias. Atende demandas espontâneas da população, sistema básico de saúde, Programa Saúde da Família, UBSs e encaminhamentos de outras secretarias.
Além do atendimento psiquiátrico, psicoterápico, medicamentoso, familiar e terapia ocupacional, o CAPS oferece ao paciente a ressocialização através da arte e do artesanato.
Mais informações no próprio CAPS: 4704-7082
CAPS Álcool e Droga (CAPS AD) e o CAPS II
Rua Domingos Paschoal, 203 – centro – Embu das Artes
Telefone: 4704-7082