Palestra apresenta danos psicossociais causados pelo racismo

10/11/2015 - 0:00
Palestra apresenta danos psicossociais causados pelo racismo
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Mais um encontro dentro do Mês da Consciência Negra 2015 aconteceu na cidade. Dia 9/11, representantes de entidades, munícipes e servidores se reuniram para assistir a palestra “Os danos psicossociais causados pelo racismo”, com a cientista social Alessandra Desigant, coordenadora de projetos do Instituto Pilar, que luta pela defesa dos diretos humanos. O evento foi organizado pelo Conselho de Igualdade Racial (Compir).

A cientista social usou a linha do tempo na História para explicar as razões do racismo hoje: “Infelizmente, o brasileiro não tem pertencimento a essa História, aprendemos tudo deturpado. Isso afeta ainda mais as desigualdades, pois é uma violência institucionalizada”, contou.

Além da apresentação dos fatores históricos, Alessandra falou também da inserção do negro na cultura, da miscigenação com o intuito de “embranquecer a população” (vinda de europeus no final do século XIX) e o crescimento do capitalismo. “Com todos esses fatores, o povo brasileiro aprendeu a ser preconceituoso, porém não admite que é”, afirmou a palestrante.

Segundo Marisa Araújo Silva, assessora de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça, da Secretaria de Assistência Social, Trabalho e Qualificação Profissional, e presidente do Compir, os danos começam desde o sequestro da África, durante o período da escravidão e pós-escravidão, até os dias atuais: “Sofremos danos como o atraso na educação, pois começamos a estudar tardiamente, na saúde, pois faltam estudos e investimento em pesquisas das doenças que acometem mais a população negra, sofremos com a falta de valorização de nossa cultura, o alto índice de morte entre as mulheres negras e juventude negra, dentre outros".

“Temos que levar essa discussão para todos os ambientes, como o escolar, por exemplo. Se faz necessário pois as crianças têm que crescer entendendo que ninguém pode ser discriminado, seja pela cor de sua pele, pelo tipo de seu cabelo ou pela sua crença”, falou a conselheira do segmento juventude do Conselho de Promoção da Igualdade Racial (Compir) e coordenadora de projetos da Associação Cultural Zuma Luma, no Santa Tereza, Maria Edijane Alves.

“Sempre realizamos conversas assim, porém temos que falar com cuidado quando falamos de racismo, a discussão é delicada. Além disso, vivenciamos também uma intolerância religiosa”, disse Lício Freitas dos Santos, membro do Ponto de Cultura Círculo Palmarino.

“Precisamos resignificar a nossa História do ponto de vista racial, além de pontuar os avanços que já conquistamos. As pessoas precisam entender que o processo de identificação tem que ter o foco racial para fazer sentido”, falou Marisa.

Participaram também Cláudia Souza do Movimento Negro de Taboão da Serra, Babalorisá Alexandre D´Ogun, presidente da Associação Federativa dos Templos de Umbanda e Candomblé de Embu das Artes (Afucea) e Jonatas Machado, do Sarau Samba Original.

Caminhada

O mês de novembro está repleto de atividades importantes (veja aqui). No âmbito nacional, a principal delas, será a Marcha Nacional das Mulheres Negras – Brasília, nos dias 17, 18, 19/11. A Marcha vem sendo construída desde 2011 e será uma homenagem às ancestrais africanas e em defesa da cidadania plena das mulheres negras brasileiras. As Assessorias de Igualdade Racial de Embu das Artes, Itapecerica da Serra e Taboão da Serra estão organizando a participação das cidades na marcha (mais informações pelo telefone 4785-3587).

Um pouco de História

Das 5.565 cidades do País, 1.044 municípios consideram o dia 20 de novembro feriado. No Estado de São Paulo, a data está no calendário oficial de 101 cidades, através de leis municipais, incluindo a Capital e Embu das Artes.

O dia foi escolhido como uma homenagem a data de morte, em 1695, de Zumbi dos Palmares, que lutou pela liberdade do seu povo no Brasil. Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, foi um personagem que dedicou a sua vida lutando contra a escravatura no período do Brasil Colonial, onde os escravos começaram a ser introduzidos por volta de 1594. Um quilombo era uma região que tinha como função lutar contra as doutrinas escravistas e também de conservar elementos da cultura africana no Brasil.

Em 2003, no dia 9 de Janeiro, a Lei Federal 10.639 incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. A mesma lei torna obrigatória o ensino sobre diversas áreas da História e Cultura Afro-Brasileira. São abordados temas como a luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira, o negro na sociedade nacional, inserção do negro no mercado de trabalho, discriminação, identificação de etnias etc.

 

Fonte: www.significados.com.br

 

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