Embu das Artes é a primeira Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Brasil a apresentar pontos de atenção articulados em todo o município que atendem às necessidade de saúde da população. Dentre eles, destaca-se o atendimento de urgência e emergência realizado nos dois pronto-socorros. O PS Central e o PS Vazame recebem centenas de pessoas por dia, entre as quais, aquelas que chegam intoxicadas pelo uso excessivo de bebidas alcoólicas.
Os finais de semana ou feriados são os dias de maior incidência de atendimentos a consumidores de álcool que geralmente são levados ao PS por conhecidos, familiares ou pelo SAMU.
Predominantemente, são pacientes homens, acima dos 45 anos. Já entre os que têm menos de 45, a possibilidade de mistura com outros entorpecentes é maior.
Na mesma RAPS, outro importante ponto de apoio para o mesmo fenômeno são as Unidades Básicas de Saúde, que também acolhem esses usuários, ofertando todo o cuidado necessário. E quando a situação é mais complexa, é compartilhado com o Centro de Atenção Psicossocial – II – Álcool e Drogas (CAPS – AD) – localizado na rua Siqueira Campos, 22, Centro, e funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h.
O CAPS AD é um serviço de atenção estratégica de base territorial que acolhe e cuida integralmente de pessoas em consumo prejudicial de drogas (sejam elas lícitas ou ilícitas). O cuidado específico é orientado pela perspectiva da Redução de Danos Emancipatória que compreende as drogas como mercadorias em uma sociedade de consumo que podem ou não ser prejudiciais. Partindo disso, o trabalho cotidiano se dá em parceria com diversos pontos de apoio da rede intersetorial de Embu das Artes como: UBS, Centro de Convivência, Consultório na Rua, NASF, SADS, Centro Pop, CRAS, CREAS, Fórum, Pronto-Socorro, CAPS II Adulto e quaisquer outros serviços que apresentem a necessidade de saúde que o CAPS AD, possa apoiar, ou ser apoiado.
O processo de cuidado é organizado em um Projeto Terapêutico Singular (PTS) que é construído por usuário do serviço, família e equipe multidisciplinar. Informações mais detalhadas e orientações podem ser acessadas pelo telefone 4704-7082.
“Nos atendimentos a alcoólicos nos pronto-socorros, os traumas gerados por quedas e as convulsões são os maiores casos e, em alguns, em menor número, há vítimas de violência por envolvimento em brigas, motivadas pela embriaguez”, revelou a diretora do P.S. Vazame, Renata Cristina Campos. “Outras causas menos frequentes são acidentes com automóveis e atropelamentos”, completou.
São pacientes que utilizam muitos recursos, saem caro para o Sistema Único de Saúde (SUS) e exigem muitos cuidados. Além de todo material hospitalar, normalmente eles ficam em observação e passam por uma série de exames para avaliação dos traumas, inclusive neurológicos, como a tomografia por exemplo, que a rede municipal não possui e precisa solicitar ao Hospital Geral do Pirajuçara. Na necessidade de remoção, ambulância, enfermeiras e médicos são acionados, além de, se for necessário, ter que se recorrer à cirurgia e internação em UTI e leitos.
Além dos procedimentos citados, há situações que agravam os atendimentos. Por estarem alterados psicologicamente pela embriaguez, os pacientes acabam provocando constrangimentos e transtorno à unidade. Muitos não aceitam o tratamento, arrancam os acessos venais, causam tumulto, gritam, tentam agredir, ofendem, ameaçam e se jogam da maca. Para piorar, às vezes os acompanhantes, também alcoolizados, adotam comportamentos inadequados.
Renata Campos ressalta ainda que o alcoolismo traz outras consequências, como as vítimas de violência doméstica e as doenças crônicas adquiridas pela ingestão excessiva de álcool a longo prazo, como a hipertensão, a diabetes, a cirrose, o câncer de pâncreas ou de fígado, o acidente vascular cerebral, entre outras.