Partindo da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, na Vila Cercado Grande, adoradores deram início à procissão de abertura da Festa de Santa Cruz, na sexta-feira, 6/5. Em meio a cantos e orações os participantes exaltaram a tradição centenária e homenagearam aqueles que já não estão mais presentes mas, por décadas, preservaram a festa na cidade. Na capela, aos pés do Cruzeiro do Embu, os festeiros adoraram a Santa Cruz, rezaram o terço e, com o levantamento do mastro com a bandeira de Santa Cruz, deram, oficialmente, início ao festejo.
O secretário de Cultura, Alan Leão, acompanhou passo-a passo o cortejo, não poupou elogios à artista Tônia do Embu, e fez um apelo aos participantes da Festa: “A Tônia é uma grande defensora da Festa de Santa Cruz e de vocês lá na Secretaria. Mas sabemos que as coisas nem sempre são fáceis, por isso, é importante que vocês a apoiem nessa luta e estejam junto com ela”.
A Festa de Santa Cruz foi resgatada em 2001 no mandato do então prefeito Prefeito mas, segundo historiadores, ela foi iniciada pelos padres jesuítas a partir do século XVII, que viveram na cidade e percorreram vários outros municípios, formando o denominado cinturão jesuítico paulista. A festa expõe a tradição herdada do convívio de jesuítas e indígenas após o descobrimento do Brasil.
Natural de Itapira (SP), Cida Carpi, 73, chegou a Embu das Artes com 1 ano de idade. A história de sua vida se mistura com a história da cidade e a tradição da Festa de Santa Cruz, a qual ela defendeu em um discurso fervoroso na abertura do evento: “Nossa Cultura deve ser preservada. É preciso passar para os nossos filhos e para aqueles que ainda estão por vir o que aprendemos com os nossos ancestrais”.
Em meio à temperatura baixa, típica do mês de maio, os festeiros deram continuidade à comemoração que contou com apresentações dos Adoradores Embu das Artes (CRI), liderados por Nôemia Cachoeira (88), Violeiros da Assave, Adoradores de Santa Cruz (Carapicuíba), Grupo Sanza, Rico e Rey e Rennis e Banda.
Família Santa Cruz
No sábado (7/5), a festa continuou animada com Adoradores de Santa Cruz e Jongo embuenses, Banda Municipal, Congada de Cotia, Berranteiros de Mauá e Trança Fita de Vargem Grande.
No anseio por manter viva a tradição da Festa de Santa Cruz para as próximas gerações, Tônia do Embu acredita que uma ação da comunidade, sensibilizando adolescentes e jovens, junto com o Poder Público, pode articular formas de perpetuar essa cultura da raiz popular embuense.
Adão José Pimenta, morador de Embu das Artes, acompanhado de sua esposa Dilma e filhas, vem todos os anos à Festa para assistir os violeiros. Ouça seu depoimento:
A filha Vivian da Silva Pimenta, 27 anos, que veio pela primeira vez para prestigiar seu pai, amante de música antiga, achou interessante a festa: “O ambiente é tranquilo, as comidas saborosas, os shows legais, virei mais vezes”. Ouça seu depoimento:
Sua irmã, Sibele da Silva Pimenta, 12, se encantou com a dança trança fita, “achei diferente”, disse. ”Quando nossa família se junta, cantamos essas músicas antigas e é bom ver meu pai feliz”. Ouça seu depoimento:
Mulher Chorona – Assista um trecho da música na apresentação do grupo Trança Fita (Vargem Grande Paulista) da Capela de São Pedro:
