Foi um sucesso o show de Vitor da Trindade, Caçapava e convidados, realizado na última sexta-feira, 4 de novembro, no Centro Cultural Embu das Artes. Quem já viu os dois tocarem, sabe que eles arrasam. Mas, além de matar a saudade do prazer da sua música, quem compareceu pode sentir a pulsação da nova geração bater forte. Primeiro, no rap de Zinho Trindade, que fez os jovens e mais velhos chacoalharem o corpo ao som da música Babilônia. E, depois, aplaudir de pé o grupo de tambores e dança do Capão Redondo, do Centro Afro-Cultural Quilombo. E mais: a sentir a suavidade e a beleza do violão de Negro Nei.
Ainda sem nome para o grupo, que se reuniu improvisadamente para a apresentação, Daniel, o líder do grupo Quilombo, dá aulas de capoeira para crianças e jovens do Capão Redondo. O grupo pesquisa as raízes da cultura negra africana, o que resultou numa apresentação única e vibrante.
Ao chamar Negro Nei para o palco, Vitor da Trindade agradeceu e elogiou a presença de Raquel Trindade, sua mãe. "Somos todos alunos de minha mãe. É uma honra ser filho da minha mãe que, como uma grande mãe, tem muitos filhos e um deles é o Negro Nei", disse. A noite, aliás, foi bastante familiar e teve outro convidado especial, o outro filho de Vitor, Manoel Trindade, na bateria.
Falar de Vitor Trindade e Carlos Caçapava no palco é falar de boas emoções, boa música e boas lembranças. Os dois amigos tocam juntos desde 1975 e já acompanharam vários artistas. As músicas são baseadas nos ritmos das tradições Afro-Brasileiras, no Candomblé, no Maracatu, no Côco, uma mistura de estilos que resulta num trabalho simples e contagiante.
Agora, é aguardar o próximo show. Vitor da Trindade mora na Alemanha há três anos, onde dá aulas de percussão e faz shows com o trio Revista do Samba, acompanhado da cantora Letícia Coura, que também toca cavaquinho, e de Beto Bianchi ao violão. Uma carreira de sucesso. O trio está terminando a gravação do terceiro CD, que tem o apoio da Petrobrás e será lançado em janeiro no Teatro Oficina, no Bixiga. "Além da pesquisa de sambas do Bixiga, o projeto prevê ainda a participação da escola de samba Vai-Vai e de músicas de Geraldo Filme", conta Vitor, feliz com a participação da mãe, Raquel Trindade, numa das faixas do CD, com a música Solano Trindade, Moleque do Recife, samba-enredo ganhador da escola de samba Vai-Vai em 1987.