Embu das Artes perdeu dois grandes artistas em abril: Jean Gillon faleceu aos 87 anos, e Cristo do Embu, aos 68 anos de idade. Com estilos e atividades diferentes ambos tiveram papel fundamental na implantação e consolidação do movimento artístico de Embu das Artes.
Sidney Moreno Rodrigues, ou simplesmente Cristo do Embu, veio para a cidade em 1969, a convite de Assis do Embu, liderando um grupo de artistas. Foi o primeiro hippie na Feira de Artes e Artesanato e um dos precursores da Feira da Praça da República. Os hippies rejeitavam os padrões convencionais da sociedade, vivendo em comunidades alternativas de hábitos modestos.
Trabalhava com cerâmica, couro, metal, corda, papel machê e incensos. Cristo participou do Teatro Popular Brasileiro de Solano Trindade e do Teatro Popular Solano Trindade, criado por sua filha Raquel Trindade. Atualmente com esposa e filhos, participava ativamente da feira com sua arte e irreverência. Cristo também de dedicava a fazer ornamentos para festas populares em Embu.
As cores e caminhos de Jean Gillon
Em outubro de 2006, o artista expôs 37 telas no Centro Cultural Embu das Artes na mostra Encontro com a arte. Aos 86 anos e com os movimentos reduzidos devido a um derrame, Gillon confessou que produzia para viver. As telas foram pintadas entre 2001 e 2002, período em que perdeu sua companheira Edith e sofreu um derrame. A retomada da pintura funcionou como um processo de cura. Muito coloridas, suas obras são um conjunto de traços em constante movimento, formando trilhas e caminhos, características em seu trabalho. Gillon também pintava pequenas telas e cartões de boas-festas. Gillon foi Secretário Municipal de Turismo no primeiro ano da administração Prefeito.
Jean Gillon nasceu na Romênia, onde formou-se pelas Faculdades de Arquitetura e Belas Artes da Universidade Nacional, em Iasi. Em 1956 veio para o Brasil, onde atuou em três segmentos: arquitetura de interiores, desenho industrial e artes plásticas. Neste mesmo ano, conheceu o escultor Assis de Embu, que o trouxe para Embu das Artes, onde viveu durante muito tempo e fundou a Casa da Ecologia Edith Gillon – Espaço Eco-Ambiental que fica na avenida Batista Medina, 358, antiga rua Maranhão.
No segmento artístico, participou de 24 exposições internacionais (Europa e Estados Unidos), onde ganhou 10 prêmios, e de 37 nacionais (individuais e coletivas). Suas obras figuram em museus, hotéis, instituições e coleções.