Sob a coordenação da Secretaria Municipal de Cultura, os artistas Silvia Maia, Helaine Malca, Adolphe e Raquel Gallena representarão Embu das Artes na 15ª Bienal Naifs do Brasil, que é a maior exposição deste gênero no País e acontecerá em agosto no Sesc de Piracicaba. Naif vem do latim e significa “nativus” e é a arte da espontaneidade, da criatividade autêntica e da produção artística autodidata sem orientação acadêmica, baseada na experimentação instintiva.
Sendo uma das principais referências da arte naif no Brasil, Embu das Artes favoreceu o surgimento de muitos prodígios dessa expressão, se firmando como um reduto para aqueles que não encontravam oportunidades para expor em museus e galerias de arte do circuito renomado. A Feira de Artes e Artesanato foi um dos fenômenos que colaborou para o enraizamento da naif na cidade, pois a partir dela muitos expositores despertaram o interesse pela pintura, mesmo não sendo detentores de técnicas avançadas ou conhecimento acadêmico.
Expoente desse estilo, Maria Auxiliadora (1935 – 1974) é considerada um dos maiores nomes das artes plásticas brasileira, contemplada com uma bela exposição individual no MASP em 2018. Ela morou em Embu das Artes e integrou a cena local até o início dos anos 70.
Já no 28º Salão Nacional de Artes de Embu das Artes, ocorrido em 2012, a presença de artistas naif no evento deu visibilidade e reconhecimento aos talentos embuenses, o que ampliou a participação deles em exposições pelo País.
Neste ano, 980 obras de 530 artistas foram inscritas na Bienal Naifs do Brasil. Entre elas, a organização selecionou 212 obras de 125 artistas, originários de 21 estados e do Distrito Federal, que se manifestam em diversas técnicas como pintura, colagem, desenho, aquarela, gravura, escultura, entalhe, bordado, costura, crochê, marchetaria e modelagem. A curadoria da mostra é de Ana Avelar e Renata Felinto.
Sobre os artistas
Silvia Maia: pernambucana, reside em Embu das Artes há mais de 30 anos. É psicóloga de formação e sempre foi sensível às manifestações culturais, como as artes plásticas. Mas foi no estilo naif que ela se descobriu artista e, desde então, não parou mais de pintar. Silvia retrata o universo da cultura popular, folclore, festas religiosas, figuras humanas, sagradas e raízes da sua terra natal, sempre de forma alegre, colorida e angelical.
Helaine Malca: escultora em terracota, trabalha na Feira de Artes e Artesanato de Embu das Artes há cerca de 30 anos. É figura presente na maioria das exposições da cidade e participou de eventos importantes como o Revelando SP e a Bienal Naif de Socorro. Sua arte expressa a cultura popular, a sua maneira de ver o mundo e de observar a natureza como forma de criação.
Adolphe: refugiado do Haiti, o artista foi acolhido na cidade e é detentor de uma expressão original, utilizando-se de uma técnica diferenciada que retrata o seu povo, os negros, os camponeses e suas atividades.
Raquel Gallena: nascida em São Paulo, iniciou sua carreira artística intuitivamente, optando pelo estilo naif, e expõe desde 1979 em mostras coletivas e individuais. Seus trabalhos atraem estrangeiros e, por isso, possui inúmeras obras espalhadas pela Europa, Japão e Estados Unidos. Ela é capaz de criar paisagens que unem céu, arco-íris, revoadas de pássaros, campos verdes enriquecidos por vegetações tropicais, chuva de flores, nuvens, rios entre outros elementos.