As mãos de porcelana de Ester Embu

14/03/2008 - 0:00
As mãos de porcelana de Ester Embu
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Ester Embu, nome artístico de Ester Robacov, chegou ao Embu em 1960 e vive na mesma casa há 37 anos. Sua casa ateliê fica na rua Siqueira Campos, Centro Histórico da cidade, pertinho do complexo jesuítico que inclui a Igreja Nossa Senhora do Rosário e o Museu de Arte Sacra e dezena de casas cujas fachadas ainda lembram a Embu de outrora. São essas fachadas pintadas em peças de porcelana o sucesso da artista Ester Embu, hoje aos 84 anos de idade.

Para homenagear a artista e sua obra, o Centro Cultural Embu das Artes expõe seus trabalhos de 14 a 30 de março, na Sala Jaldo Jones. A abertura da mostra – As mãos de porcelana de Ester Embu – será no dia 14, às 19 horas.

Natural da Romênia, Ester aprendeu a pintar porcelana graças à generosidade de uma amiga que lhe pagou o curso. Ela assistia às aulas e depois ensinava à amiga, como forma de retribuir a cortesia. A amiga e a irmã, que também frequentava as aulas, não foram adiante mas Ester apaixonou-se ela pintura e porcelana e nunca mais parou de pintar.

Já chegou a pintar 17 horas por dia, tinha de atender as encomendas vindas de clientes ilustres como o político Ulisses Guimarães ou turistas canadenses, americanos, japoneses e chineses. Imagine ter peças entre os criadores desta arte. As bases para a pintura sobre porcelana hoje admirada em todo o mundo foram lançadas há mais de dois mil anos, na China. Entre as peças encontradas por pesquisadores e arqueólogos, as mais antigas em porcelana pintada são da Dinastia Han, que governou entre 206 AC e 220 DC.

Inicialmente, Ester Embu pintava flores mas, incentivada pelo escultor em terracota Sakai do Embu, passou a retratar a igreja e o casario da cidade que já iniciava o movimento artístico-cultural que culminaria com a Feira de Embu das Artes. Foi vizinha do escultor Assis de Embu mas não costumava ir o barraco do artista que atraía jovens artistas e intelectuais à cidade nos anos 60/70. Era mais reservada e tinha muitas encomendas para pintar. A Aldeia de Carapicuíba, que tem a mesma idade de Embu e foi construída pelo mesmo padre jesuíta Belchior de Pontes, responsável pelo complexo jesuítico embuense.

Hoje, pinta todos os dias, principalmente à noite vendo televisão, às vezes até as três horas da madrugada. Também adora fazer renda turca. Não consegue ficar parada sem fazer nada.

As peças de porcelana na verdade são como telas onde Ester Embu desenvolve seus dotes milimétricos e precisos. Suas obras variam em cores, tamanhos e utilidades, entre jarros, cachepots, pratos, jogos de chá, sopeiras, bacias de lavar a mão, vasos, bules, pratos decorativos de parede. Uma peça mais bonita que a outra, onde o azul é cor predominante, já que o céu é azul e o pires de uma xícara pode ser a extensão da imensidão do céu.

Conhecida como a arte do fogo, após as camadas de tinta, ninguém imagina que tanta sutileza e beleza possam ser queimadas a 750º. É com este mesmo calor que Ester Embu prossegue entre óleos, solventes, pincéis e pigmentos construindo seu trabalho em Embu das Artes.

Centro Cultural Embu das Artes
Sala Jaldo Jones
Visitação – todos os dias, das 9 às 18h
Largo 21 de Abril, 29 – centro – Embu
Tel.: (11) 4781-4462 e 4241-5993

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