De acordo com o tema da 8º semana da mulher de Embu “Avanços e desafios da mulher” as moradoras do Jd São Marcos observam que violência doméstica e familiar se combate principalmente com informação
A Palestra sobre violência doméstica e familiar contra a mulher promovida pela Secretaria de Cidadania e Assistência Social através do Centro de Referência da Mulher (CRM) lotou a Associação Amigos do Bairro Jd São Marcos no dia 10 de março. As participantes não hesitaram em fazer perguntas e demostraram satisfação com a iniciativa da Prefeitura.
A coordenadora do CRM, Marisa Araújo Silva, e a assistente social Luciana Rosa Campos trataram de divulgar o trabalho do CRM e esclarecer dúvidas sobre a Lei Maria da Penha em vigência desde 2006 e que segundo elas ainda não é regularmente praticada.
Foram levantadas e respondidas variadas questões, como a indiferença policial, questões jurídicas, a necessidade da delegacia da mulher funcionar 24 horas e até problemas de infra-estrutura das prisões, onde a super lotação poderia causar dificuldades na punição dos agressores.
As causas da lei muitas vezes não ser respeitada se traduzem no constrangimento e na falta de informação das vítimas perante autoridades e agressores. Em depoimento a presidente da Associação do bairro que também trabalha à noite como atendente na Unidade Básica de Saúde central, Vera Lucia Gussom, afirma que é freqüente chegar ao Pronto Socorro mulheres espancadas pelos maridos e cita o exemplo de uma senhora que permitia ao seu marido abusar sexualmente de suas três filhas e alegava que “era ruim com ele e pior sem ele”.
Uma das participantes se emocionou ao assistir a palestra e diz entender a importância da lei, pois há seis anos foi agredida pelo marido, após se negar a ter relações sexuais no dia em que retornou da maternidade, recém-saída de um parto complicado de um bebê com pouco mais de 4 kg. Ela afirma que se naquele momento os procedimentos tomados fossem os garantidos pela Lei Maria da Penha talvez tivesse dado continuidade ao processo.
A vítima não suportou o constrangimento de mostrar os pontos do parto arrebentados e disse “ minhas lesões eram íntimas, me arrebentaram em todos os sentidos. Na época não consegui registrar ocorrência. Chamaram a polícia e ela deteve o agressor por pouco tempo. Ele retornou à minha casa no mesmo dia e quebrou tudo e eu passei a dormir em diversos lugares me escondendo. Se a lei tivesse em vigência ele teria sido preso”.
Diante das informações recebidas, as participantes chegaram a conclusão de que a melhor forma de fazer com que os direitos das mulheres sejam respeitados é conhecê-los e exigi-los, e continuar a antiga luta de mudar a cultura machista impregnada na sociedade.