Uma semana de conscientização sobre a importância do programa de Saúde Mental e das formas de reintegrar os usuários à comunidade por meio da arte, educação, esportes e convivência
A confecção de um painel de retalhos foi uma das atividades no encerramento da Semana de Luta Antimanicomial no Embu. Um grupo de usuários do Programa de Saúde Mental se reuniu na Oficina de fios do Centro Conviver, no Parque Ecológico Francisco Rizzo, na sexta-feira, 22, para participar da integração. O evento fez parte da programação organizada pela Coordenação de Saúde Mental da Secretaria de Saúde para mostrar as iniciativas do governo da cidade de Embu no movimento nacional que busca a inclusão social dos portadores de transtornos mentais e o debate sobre o fim dos manicômios.
“A proposta da mobilização é intensificar as discussões sobre uma rede substitutiva ao manicômio como local de tratamento”, afirmou Kátia de Paiva, coordenadora do Programa de Saúde Mental, ao explicar que as instituições manicomiais promovem a segregação, enquanto essas pessoas precisam ser integradas, pois são capazes e podem desenvolver sua função na sociedade. Segundo Kátia, muitos usuários do programa deixam de tomar doses altas de medicação e até voltam a trabalhar com a evolução do tratamento, que envolve a família na valorização das relações.
Jeane Soares Vieira, coordenadora do Centro Conviver, acompanhou a performance do arte-educador Daniel Gonçalves numa atividade de dramatização e leitura de poesia propondo a interação do grupo. Ela comentou que é importante combater o estigma da loucura, inclusive usando espaços comuns como o do Parque Ecológico e tendo a arte como forma de expressão.
A equipe do programa comemora o aumento da procura pelo serviço como prevenção e promoção de saúde, permitindo resgatar muitas pessoas. Esse ano, a Semana de Luta Antimanicomial no Embu teve 3 mil participantes em visitas ao Centro Conviver e outros 5 mil estiveram envolvidos com as atividades nos ambulatórios de psiquiatria.
Larissa Soares Guaitoli, psicóloga da Unidade Básica de Saúde do Jardim Pinheirinho, conta que já é possível perceber que a nova concepção é cada vez mais aceita nas comunidades. “A aceitação dos usuários do programa se reproduz nas casas das pessoas e o fato de não restringirem a convivência representa o respeito às diferenças”, disse.
Para os especialistas, a segregação só piora a condição dessas pessoas. O que contribui, e muito, para a recuperação é a convivência, aliada a disponibilidade do Serviço Público. Nos últimos 8 anos, o trabalho desenvolvido pelo governo da cidade de Embu se tornou referência entre as 51 cidades que mantêm Centros de Convivência.
Embora o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tenha sido instalado em 1994, somente a partir de 2001 foi implantada a política municipal de Saúde Mental, dedicada a mudar o conceito e a envolver a família e a comunidade no acolhimento. Assim foi se formando uma rede de atenção substitutiva aos manicômios, composta por Unidades Básicas de Saúde com profissionais de saúde mental, Centro de Atenção Psicossocial II para pacientes adultos com transtornos mentais severos, Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas (CAPS AD) e Centro de Convivência.