A agricultura biodinâmica e a “vida na terra”

27/01/2011 - 0:00
A agricultura biodinâmica e a “vida na terra”
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Um olhar sobre a terra, o solo que é cultivado, sobre a Terra, o planeta, e a interferência que o homem exerce em ambos. Na palestra cujo tema central foi "A Vida na Terra", em tom de conversa o geógrafo Bruno Follador, especialista em Agricultura Biodinâmica e pesquisador do laboratório da fazenda biodinâmica Andreashof, de Baden-Wurttemberg, na Alemanha, falou da relação do homem com o alimento cultivado e o planeta.

O evento foi organizado pelo Governo da Cidade de Embu das Artes através da Secretaria de Meio Ambiente e do Projeto Colhendo Sustentabilidade, em parceria com a Sociedade Ecológica Amigos de Embu (Seae). Reunido dia 18/1 no Centro Cultural Mestre Assis do Embu, o público de cerca de 70 pessoas, entre elas lideranças sociais de diversos bairros, da região central e de cidades vizinhas, mostrou interesse pelos temas levantados.

Ligada à antroposofia (ciência que busca o “conhecimento do ser humano"), a agricultura biodinâmica propõe uma nova interação do homem com a terra, em que seu manejo criativo preserve a natureza e dignifique o próprio homem.

Para Follador, há uma relação doentia do homem com a natureza quando se trata de alimentos transgênicos – geneticamente modificados para resistirem às pragas e doenças. Segundo ele, trata-se de um processo de transgenia como arma química de guerra.

Alguns outros pontos foram destacados pelo palestrante, como a perda de 80 mil espécies de plantas cultivadas ao longo dos últimos séculos e de 90% de variedades de sementes perdidas entre 1903 e 1983, em função da industrialização da agricultura, do aumento do uso de agrotóxicos e da destruição do meio ambiente. Para recuperar espécies de plantas, por exemplo, Follador sugere o cultivo de sementes “crioulas”. Já as evidentes mudanças climáticas exigem da humanidade uma nova atitude em defesa da vida na Terra. “A cada dia estamos sendo convidados ou obrigados a repensar nossas atitudes frente à natureza, ao planeta”, disse Follador.

Toda a palestra foi pontuada pela arte e literatura. Follador leu trechos de O Pequeno Príncipe para falar da diferença entre “cativar”, de cativeiro, e “cativar”, de encantar, criar laços. Na visão do pesquisador, a história da arte traduz a relação do homem com a natureza, como ele mostrou em obras e conceitos de Goethe, Albrech Durer, Francis Bacon, Galileu Galilei, entre outros. Para terminar, Follador nos deixou refletir sobre o pensamento do escritor brasileiro Guimarães Rosa: “O homem ao dizer ‘eu quero’, ‘eu posso’, ‘eu devo’, ao impor isso a si mesmo, domina a realidade da criação”.

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