Cachoeira da Ressaca é solo sagrado para todos

29/04/2015 - 0:00
Cachoeira da Ressaca é solo sagrado para todos
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A preservação da Cachoeira do Ressaca ganhou força em 26/4, com a realização da 1ª Homenagem ao Orixá Ogum, realizada pelo Conselho dos Povos de Matriz Africana. Foi também o primeiro encontro dos povos tradicionais com alguns representantes da população local, que reclamaram do mau uso do espaço. Numa conversa informal, conduzida por Pai Odesi, representante do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional de Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma) no conselho, os moradores foram convidados a participar de reunião, no próximo mês, para definir o melhor caminho para a preservação da cachoeira e arredores. Todos concordaram que é preciso trabalhar a conscientização da população quanto ao uso do espaço público, agora oficialmente Solo Sagrado dos Povos de Matriz Africana, como diz a placa instalada com o batismo.

“O mais importante é virar consenso que é uma área sagrada para todo mundo, para a população. E tem de estar limpa todos os dias. Vamos discutir com o conselho, com a APA Embu Verde para essa preservação”, declarou a secretária de Assistência Social, Trabalho e Qualificação Profissional, Roberta Santos, que representou o prefeito Prefeito no evento. O Termo de Colaboração, assinado entre o prefeito e o Conselho dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, reconhece a cachoeira entre o Ribeirão da Ressaca e a rua dos Jesuítas, antiga passagem 13, na região oeste do município, bairro Chácaras Embu Colonial, como “Solo Sagrado dos Povos Tradicionais de Matriz Africana”. Com isso, os povos de matriz africana, por meio do conselho, se responsabilizam pela conservação, limpeza e preservação ambiental da área, que prometem reflorestar. A iniciativa atende o Decreto nº 6.040/2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

“O território não seria sagrado se não houvesse convivência harmoniosa com todos. Vamos deixar o lugar bonito e agradável para todos”, declarou Pai Odesi. Segundo ele, o termo é oportunidade não só para mostrar diferença de atitude quanto à religião, mas para evidenciar princípios dos povos de origem africana. “O presente reconhecimento tem a finalidade de garantir aos povos de matriz africana a igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos éticos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e a todas as formas de intolerância na proteção, incentivo e defesa das manifestações socioculturais e religiosas”, registra o termo.

Pai Alexandre d’Ogum, representante da Associação Federativa dos Templos de Umbanda e Candomblé de Embu das Artes (Afucea) no conselho, esclareceu que usa folhas nas oferendas e enfatizou que conscientizar o uso do espaço não é uma tarefa fácil e que precisa do empenho de todos. “Temos de ter responsabilidade, de estar em equilíbrio com a natureza. Vamos trabalhar juntos, nos dar as mãos e fazer uma união.” Ele abençoou a área com uma oração em iorubá, para que seja “um local de paz a prosperidade”, acompanhado por todos.

Visita oportuna

A homenagem, que também contou com exposição e venda de tecidos e artigos africanos, foi concluída com a 1ª Feijoada Comunitária dos Povos de Matriz Africana no Restaurante Popular Josué de Castro e confraternização. Dela também participaram os estudantes Derek Amorim, Nataly Rodrigues Galindo, Josiane Silva e Élvis Ferreira, integrante da comitiva de 92 pessoas do Centro Cultural da Juventude de Vila Nova Cachoeirinha, na Capital, que visitou a cidade no fim de semana e participou do evento no Centro Cultural Mestre Assis. Eles visitam exposições, a Feira de Embu das Artes, o Centro Histórico e consideraram importante a Homenagem ao Orixá Ogum. “Temos atividades lá no centro cultural e também falamos de religião e religiosidade, como direitos”, declarou Élvis.

Informações sobre a cachoeira e reunião podem ser obtidas com Márcia Ardnt (947-562348) e Patrícia Antoniolli (962-479090), que também integram o Conselho dos Povos.

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