Uma comédia de Ariano Suassuna inaugura a programação teatral do Centro Cultural Embu das Artes. "A Farsa da Boa Preguiça e o Rico Avarento" será apresentada pela Cia. Os Mamulengos. O espetáculo gratuito acontece nos dias 26 e 27 de março, sábado e domingo, às 15h. Antes, dias 22, 23 e 24 as apresentações são fechadas para escolas.
Escrita pelo mesmo autor de "O Auto da Compadecida", a peça é baseada em romances e histórias populares do Nordeste. Mostra a história de Joaquim Simão, um tipo "amarelo" nordestino cujas proezas são versos, preguiça e mulher. O público deve se divertir com as aventuras e desventuras de Simão: um homem desprovido de riqueza e beleza, preguiçoso e tentado pela rica e atraente Clarabela. O espetáculo é direcionado ao público juvenil e adulto.
Exposição "Diabo Coxo"
Atrás de um simples "A" está a assinatura do criador do primeiro jornal de caricaturas de São Paulo. Grande desenhista, caricaturista e ilustrador, Ângelo Agostini tem uma exposição inédita de parte de sua obra no Centro Cultural Embu das Artes. Com o propósito de fortalecer o recém-inaugurado Centro como um espaço público inovador de valorização da cultura e da arte, a Prefeitura por meio da Secretaria de Turismo do município realizou um evento inédito. No Centro Cultural aconteceu sábado, 12 de março, a abertura da exposição dos trabalhos de Agostini e o pré-lançamento de um livro especial. A obra reproduz em fac-símile o primeiro jornal de caricaturas e ilustrações paulista: "Diabo Coxo", que circulou por 24 edições entre 1864 e 1865.
O público tem ainda oportunidade de conhecer ou saber mais a respeito da litogravura, técnica de impressão de imagens baseada numa pedra, usada à época da publicação do "jornal domingueiro" como se intitulava o "Diabo Coxo".
O livro contém apresentação do professor Antonio Luiz Cagnin, doutor em teoria e semiologia das histórias em quadrinhos, ex-docente no departamento de Cinema da ECA/USP e especialista em caricaturas. Paulista de Araras e residente em Embu das Artes há cerca de 15 anos, Cagnin estudou por 10 anos a obra de Agostini. O pesquisador atendeu ao convite da Academia Paulista de História – responsável pelo projeto editorial do livro – escrevendo o artigo introdutório desse primeiro volume da série São Paulo em Fac-símile, publicada pela Edusp.
As caricaturas de Agostini publicadas no jornal "Diabo Coxo" mostram o cotidiano paulista e brasileiro nos idos do século XIX, período em que nenhum periódico continha imagens. Segundo Cagnin, Agostini defendeu por meio de sua obra a abolição dos escravos e a proclamação da República, sendo um participante ativo dessas conquistas históricas brasileiras. Nascido em Vercelli, norte da Itália, em 1842 ou 1843 – faltam registros precisos – Agostini foi educado na França de onde partiu aos 17 anos com destino ao Brasil. Acompanhadas dos textos não menos sagazes e bem-humorados de Luiz Gama – editor do "Diabo Coxo" – as criações do artista italiano marcaram época. A importância de Agostini para a imprensa nacional pôde ser constatada em seu falecimento ocorrido em 1910. Relata Cagnin que ao funeral de Agostini compareceram personalidades como Rui Barbosa, Rangel Pestana e outros.
Os originais do periódico "Diabo Coxo" compõem o acervo da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, de São Paulo, que gentilmente permitiu que fossem fotografados. Reimpressa agora em fac-símile, a obra resgata o belo e importante trabalho de Agostini. Segundo o professor Cagnin, o evento que acontecerá no Centro Cultural Embu das Artes tem a importância de revelar ao público um grande artista e personagem histórico. "Reconheço Ângelo Agostini como um dos mais importantes ilustradores do século passado", avalia. O especialista ressalta ainda que a caricatura não se trata de um traço debochado, mas "o desenho como um todo, a representação de um fato, de uma pessoa", completa. É o que se constata, por exemplo, nas caricaturas do Conde d Eu e do imperador D. Pedro II, reimpressas no livro fac-similar do jornal "Diabo Coxo". Tudo com humor satírico e inteligente, e o traço marcante de Ângelo Agostini que o público pode conferir no Centro Cultural Embu das Artes. Entrada franca.
