A doença mental já não é mais a condição inquestionável para o confinamento em que viveu Arthur Bispo do Rosário (1911/1989), reconhecido no mundo como um dos principais artistas pop contemporâneos do Brasil. Embu das Artes, por meio da Secretaria de Saúde e do Centro de Convivência Conviver, pratica o atendimento antimanicomial, dentro de uma visão muito mais moderna e menos dolorosa, e que certamente vem contribuindo para a sua classificação entre os 10 primeiros colocados, pelo terceiro ano consecutivo, no VII Prêmio Arthur Bispo do Rosário. A premiação, dos classificados entre os 825 inscritos, ocorrerá no dia 25 de novembro, às 14h, na Galeria Olido (av. São João, 473, São Paulo, SP). Nesta ano foram inscritas 825 obras.
O Conviver participa do prêmio, organizado, a cada dois anos, pelo Conselho Regional de Psicologia, por meio de seus usuários. É mais uma ação da unidade da Saúde Mental Conviver, que trabalha com promoção de saúde e inclusão, por meio de oficinas sociais, passeios e eventos realizados para a comunidade. O objetivo é fortalecer os laços comunitários e convívio na diversidade. O Conviver, com sede no Parque Francisco Rizzo (rua Alerto Giosa, 320), faz parte de uma rede de serviços da atenção básica e da saúde mental, possibilitando a interlocução da população em geral com pessoas em maior situação de vulnerabilidade social.
Neste ano, a artista Fidelcina Maria de Jesus Gallo concorreu ao VII Prêmio Arthur Bispo do Rosário, na categoria Esculturas/Instalações, com a peça Dé Lírios, classificando-se entre os dez primeiros da região. Além de Fidelcina, neste ano concorreram a Oficina de Arte do Conviver, na categoria Pintura, Davi Dias, nas categorias Fotografia e Pintura, e Talita, na categoria Fotografias.
Os usuários do Conviver têm participado ativamente do Prêmio Arthur Bispo do Rosário. Em 2009 ficou em terceiro lugar com a obra Cuca Legal, produzida pela Oficina de Artes e Oficina de Cerâmica (envolvendo 20 pessoas). Já em 2011 a artista Ana Moura recebeu o Certificado de Menção Honrosa com a obra Zé Sambinha, sendo um dos dez primeiros.
De acordo com o Conselho Regional de Psicologia (CRP), de São Paulo, o Prêmio Arthur Bispo do Rosário “é destinado a artistas e fazedores de arte usuários de serviços de saúde mental do Estado de São Paulo. Mostram a invenção que emerge do campo sensível que estas obras presentificam, a vastidão de propostas e metodologias inovadoras que empreendem e que forçam os limites da arte institucionalizada e da cidadania cultural”.
Os trabalhos classificados podem ser vistos em três bibliotecas da Capital:
Biblioteca Mário de Andrade (rua da Consolação, 94, centro): Categorias Fotografia e Vídeos. Até 27/11
Biblioteca Alceu Amoroso Lima (rua Henrique Schaumann, 777, Pinheiros): categorias Poesias e Contos/Crônicas e Textos. Até 1º/12
Biblioteca Monteiro Lobato (rua General Jardim, 485, Vila Buarque): categorias Esculturas/Instalações e Pinturas/Ilustrações. Até 3/12
Conviver
O Centro de Convivência de Embu das Artes Conviver
é uma unidade da Saúde Mental que trabalha com promoção de saúde e inclusão, por meio de oficinas sociais, passeios e eventos realizados para a comunidade. Tem como objetivo fortalecer os laços comunitários e convívio na diversidade. Faz parte de uma rede de serviços da atenção básica e da saúde mental, possibilitando a interlocução da população em geral com pessoas em maior situação de vulnerabilidade social. Está instalado no Parque Rizzo.
Bispo do Rosário
O sergipano Arthur Bispo do Rosário viveu 50 anos na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Negro, solteiro, de naturalidade desconhecida, não tinha parentes nem profissão, era alfabetizado e possuía antecedentes policiais. Foi diagnosticado com esquizofrenia paranóide (caracterizada por estados de delírios). Produziu mantos e estandartes, bordados e miniaturas recobertos por fio azul, que obtinha desfiando o uniforme usado pelos internos. Produziu 804 obras, grande parte nos anos 1960.