O Programa de Controle da Tuberculose de Embu das Artes já recebeu quatro prêmios pela qualidade de seus resultados. Registrando cerca de 110 novos casos por ano, o trabalho de Embu é considerado excelente – alcança 94% de cura de seus pacientes e isso está acima da meta de 85%, estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O município da Grande São Paulo mantém um programa de tratamento monitorado e busca ativa de novos casos em todas as Unidades Básicas de Saúde. Por este trabalho, Embu é considerado pólo formador de mão-de-obra, pela OMS e Organização Panamericana de Saúde (OPAS).
No dia Mundial de luta contra a Tuberculose – 24 de março – os profissionais da Secretaria Municipal de Saúde farão a leitura simultânea do MANIFESTO, às 10 horas da manhã, em todas atividades de saúde do município, conforme orientação do Programa Estadual de controle da doença.
Até 2000, o tratamento de tuberculose era centralizado em quatro unidades, atendido por poucos médicos e apresentava a taxa de cura de 57% e a de morte em 12% dos pacientes. A partir de 2001, o programa foi descentralizado para as 12 unidades de saúde do município, com distribuição rigorosa e regular de medicamentos. Além disso, todos os funcionários foram capacitados para atender os casos de tuberculose, incluindo 27 médicos. As unidades de saúde passaram a ser premiadas pelo seu trabalho e os pacientes a receber uma cesta básica e a ter a isenção tarifária no transporte municipal, caso necessitem pegar uma condução até o posto de saúde para o tratamento supervisionado. Uma série histórica mostra o declínio da doença e o aumento no coeficiente de cura no município: 104 casos em 1998; 117 em 1999; 133 em 2000; 128 em 2001; 119 em 2002; 106 em 2003; 99 em 2005 e 92 no ano passado. Hoje, 63 pacientes estão em tratamento, sendo 54 supervisionados e nove auto-administrados (ele pega o remédio no posto e toma em casa).
Segundo o Dr. Jorge Harada, Secretário Municipal de Saúde, a parceria entre as várias esferas de governo é fundamental para o sucesso do programa. Ele lembra, ainda, que a Prefeitura de Embu aumentou de R$ 13 milhões para R$ 32 milhões o orçamento da Saúde.
Leia a íntegra do manifesto:
MANIFESTO
Hoje dia 24 de março, "Dia Mundial da Tuberculose", dirigimos este manifesto à população:
"Reconhecemos que adoecer por TB, nos dias de hoje, é uma agressão à saúde do ser humano e uma ameaça à segurança econômica e política do mundo.
A tuberculose provavelmente já matou mais que qualquer outra doença na história da humanidade.
No Estado de SP, nos últimos 10 anos, a tuberculose atingiu 200.000 pessoas, matou 20.000 delas deixando seqüelas em muitas outras.
Até o momento os conhecimentos científicos existentes: descoberta do bacilo, desenvolvimento de medicamentos com eficácia de quase 100% e as conquistas da biologia molecular, não foram suficientes para solucionar o problema. É urgente investir muito mais em pesquisas para encurtar o tratamento, na descoberta de novas vacinas e em tornar a tuberculose prioridade nas agendas dos cientistas.
Curar a tuberculose é um grande desafio mundial, apesar dos medicamentos serem altamente eficazes!! O tratamento atual é prolongado e exige tomada regular e diária de vários medicamentos, por pelo menos 6 meses.
Para garantir a adesão devemos assegurar o envolvimento do doente em atividades que recuperem sua auto-estima, criando projetos sociais que extrapolem a área da saúde, com equipes multi-profissionais que garantam a recuperação da cidadania, o direito de ser cidadão!
A percepção de que a saúde é uma questão de responsabilidade individual, do paciente ou do médico, caiu por terra. Atualmente sabemos que, além do conhecimento técnico, se não estiverem presentes a mobilização social e o compromisso político, não avançaremos…..
A forma de confronto com os problemas da tuberculose e da Aids determinará como nossa geração será julgada pela história.
Nós, os profissionais de saúde, certos, que somente com a adesão de toda sociedade controlaremos a doença, conclamamos a população e a sociedade civil organizada para que, juntos, possamos ampliar cada vez mais as ações de controle da tuberculose".