Um momento histórico para a região dos Mananciais, o 1º Fórum de Atenção Básica, com o tema “A atenção básica na construção do SUS que queremos e merecemos”, reuniu na terça-feira, 11/12, no Colégio Ser, em Taboão da Serra, centenas de profissionais da área da saúde, que estão unidos pela preservação e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). José Alberto Tarifa, secretário de Saúde de Embu das Artes, afirmou que a pasta está enfrentando dificuldades financeiras e de pessoal, principalmente agora com a saída dos médicos cubanos. Porém, mesmo diante desse cenário, as unidades básicas continuam realizando um atendimento humanizado e se reinventado a todo momento para fazer a diferença na vida dos moradores.
Na UBS Itatuba, por exemplo, é desenvolvido um trabalho de horta comunitária e lian gong, cujo propósito é um futuro mais sustentável e com mais saúde, garantindo interação entre unidade e clientes, afirma a gerente Marinez de Araujo. Já na do Pinheirinho, o combate à cárie é severo em crianças, adolescentes e gestantes. Outro destaque fica por conta do Chá na Vizinha, da UBS Eufrásio, idealizado por um médico cubano, no qual os profissionais de saúde, ao identificar um problema na região, como uma família mais reclusa, propõe a atividade de socialização, com muita comida e bate papo. Outras unidades também realizam trabalhos de acordo com a realidade local. No total, a cidade levou 13 experiências ao fórum.
Isabel Cristina Fuentes, enfermeira da Vigilância Epidemiológica de Embu das Artes e coordenadora técnica da Secretaria de Saúde de Embu Guaçu, mediou as palestras e a mesa de debates. Ex-secretário de Saúde de Embu das Artes, o pediatra Jorge Harada, atualmente integrante da equipe de coordenação da Prefeitura de Embu das Artes, foi um dos convidados. Ele lembrou que conhece Embu desde 1981, quando ainda estava na faculdade e ressaltou que o SUS está em risco. “Temos que continuar tendo capacidade de articulação, proposição e resistência”, afirmou. Para ele, o mesmo modelo de serviço não pode ser aplicado no Brasil inteiro, pois cada região tem sua particularidade. “Saúde não é bem de consumo, nem mercadoria. Não tem vida que vale mais, toda vida vale a pena” – finalizou.
Os participantes se dividiram em grupos para assistir as experiências. Com base nessa troca, formularam sugestões de melhoria na atenção básica regional, que foram apresentadas em plenária, serão compiladas e transformadas num documento oficial a ser enviado ao Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems). A atividade teve facilitação de Cláudia Angélica Leme de Almeida, fonoaudióloga e coordenadora do Planejamento em Saúde da Prefeitura de Embu das Artes, e também uma das organizadoras do evento. Segundo ela, foi um momento ímpar, com um dia repleto de discussões sobre desfinanciamento do SUS, necessidade de garantir a atenção básica como ordenadora do cuidado aos usuários, de ter um acompanhamento mais próximo e pró-ativo das condições crônicas e a importância das informações em saúde como instrumento de gestão. “Foi gratificante ver Embu das Artes apresentando suas experiências, ver que ele serviu de modelo para outros municípios e, ao mesmo tempo, conhecer outras experiências que podem ser implantadas na cidade. Saímos com a sensação de que trabalhamos para uma saúde de qualidade, com atendimento organizado, criativo, integral e humanizado aos nossos munícipes” – disse.
Foi com esse sentimento de satisfação e orgulho que Bethe Valente, gerente da UBS Pinheirinho, também comentou sobre o evento: “O fórum de Atenção Básica reuniu a região de mananciais, proporcionando trocas de experiências ímpares e reflexões que nos fez enxergar que tudo inicia e retorna à Atenção Básica, sendo a base da prevenção e cuidados com nossa população.” Para Lucilene Monteiro, técnica em saúde bucal da UBS Itatuba, foi uma honra participar do evento e ter o trabalho da sua unidade partilhado com outros profissionais. Priscila Barreto, gerente do Santo Eduardo, achou gratificante a troca de experiência. “Temos vários depoimentos de superação dos praticantes, pois o lian gong traz vários benefícios físico, mental e social, e compartilhar isso com outros munícipios mostra que podemos ir muito além na promoção da saúde”, contou.