A cidade de Embu das Artes sediou o 1º Seminário de Leishmaniose Canina e Humana na terça-feira, 18/9, no Centro Cultural Mestre Assis do Embu. Idealizado pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e pela Vigilância Epidemiológica, coordenados por Weluma Souza e Leonardo Marcolan, respectivamente, o evento contou com a participação de profissionais da rede municipal de saúde e também da região. José Alberto Tarifa, secretário municipal de Saúde, ressaltou a importância de estar sempre atentos a patologias que não são tão comuns. Ele agradeceu os municípios participantes e se colocou à disposição para discutir o assunto conjuntamente.
Marcelo Pavone Pimont, médico veterinário da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), apresentou o cenário da leishmaniose visceral na região metropolitana de São Paulo. Ele deu um panorama geral da situação de Embu das Artes, que está classificado como município com transmissão canina. Segundo Pimont, as regiões da Ressaca, Itatuba e Pinheirinho apresentam espécies de flebotomínios, mosca transmissora da doença. A Sucen executa vigilância entomológica de flebotomíneos na cidade desde 2002 e, apesar de ter sido capturada grande quantidade de exemplares desse inseto, nunca foi coletado lutzomya longipalpis, única espécie de flebotomíneo responsável pela transmissão de leishmaniose.
Para Fredy Galvis-Ovallos, biólogo e pós-doutorando em Ciências da Saúde, pela Universidade de São Paulo (USP), é de extrema importância a vigilância entomológica para o controle da doença, por meio de armadilhas e busca ativa em áreas de risco, geralmente rural ou de mata, para ajudar a elaborar medidas de prevenção. “O pico de transmissão vai de setembro até o fim do verão, período de chuvas” – conta.
O seminário teve ainda palestras da Profa. Dra. Marcia Dalastra Laurenti do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, que abordou diagnóstico, manejo e tratamento da leishmaniose canina, e do médico sanitarista Dr. Afonso Viviani Júnior da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, que abordou aspectos da leishmaniose visceral humana.
Entenda mais sobre a leishmaniose
A leishmaniose visceral é uma doença parasitária grave que afeta cães e humanos. Ela é causada por um protozoário e transmitida por uma mosca da família dos flebótomos. A evolução no cão é lenta e não existe tratamento efetivo, sendo fatal. Em humanos, a doença, se diagnosticada precocemente, tem cura.
Nos animais, os principais sintomas da doença são crescimento das unhas, emagrecimento, vômito, fraqueza, queda dos pelos, descamação e feridas no corpo. Nos seres humanos, são febre prolongada, emagrecimento, crescimento do baço, fraqueza e, em casos graves, sangramento. Os cães são considerados importante reservatório doméstico do parasita para o vetor por apresentarem parasitismo evidente em pele. Portanto, em qualquer suspeita, deve-se procurar uma orientação veterinária ou o Centro de Controle de Zoonoses do município.
São medidas de prevenção: manter a casa arejada e sem acúmulo de materiais inúteis; colocar telas em portas e janelas; manter o quintal sempre limpo, com poda de árvores e arbustos, capinado e varrido; não criar porcos e galinhas em áreas urbanas; recolher diariamente as fezes dos animais, mantendo o quintal sempre limpo; não jogar lixo em terrenos baldios; manter os animais dentro da residência no período de maior atividade da mosca – uma hora após o crepúsculo até aproximadamente às 23h. Recomenda-se, ainda, o uso de produtos com efeitos repelente e inseticida.