A inserção de crianças com algum tipo de deficiência em escolas regulares ainda é um desafio no Brasil, seja em escolas públicas ou particulares. Em Embu o atual governo decidiu enfrentá-lo desde 2001 e atualmente alguns bons resultados já são evidentes.
Dedicada inicialmente a reorganizar a própria rede em 2001, quando havia superlotação nas salas de escolas municipais com até 47 alunos, a Secretaria de Educação adotou como estratégia o diálogo com professores e famílias dos alunos. Em rodas de conversas que aconteceram ao longo de um ano e meio eram debatidas questões ligadas ao aprendizado, à auto-estima e aos objetivos da inserção desses alunos. A partir de 2002, palestras com especialistas e material didático adequado forneceram aos educadores o conhecimento a respeito do amadurecimento da educação pautada no ciclo do desenvolvimento humano. Segundo Rosimary Matos, secretária de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, foi um trabalho de sedução para que todos entendessem o principal objetivo do governo municipal: proporcionar a educação democraticamente para todos.
Apesar das dificuldades comuns ao Brasil como falta de recursos financeiros e pouca infra-estrutura, preconceito social e da resistência inicial das próprias famílias, a inclusão está se consolidando gradativamente em Embu. Hoje a rede municipal mantém no máximo 35 alunos por sala e se incluir alunos especiais o número cai para 30 ou menos. De acordo com a deficiência do estudante, a prefeitura garante a permanência de assistente pedagógico na sala para auxiliar o professor. Atualmente Embu conta com 346 matriculados: 205 nas escolas regulares envolvendo educação infantil, ensino fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) e 141 no Centro Educacional Municipal Armando Vidigal, exclusivo para crianças especiais e onde elas são preparadas para o ensino regular.
Ano passado foi instalada a primeira Sala de Apoio à Inclusão de Deficientes na Escola (SAIDE) que contém materiais pedagógicos e lúdicos adequados. Todo o corpo docente municipal participa de oficinas que tratam de inclusão e que antecedem o Fórum Municipal de Educação realizado no final de cada ano desde 2002. Os educadores interessados têm ainda a oportunidade de aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Braile em cursos gratuitos oferecidos pela prefeitura. Três turmas já foram formadas e outras três concluem os cursos até o final deste ano. "O ideal é que em alguns anos não precisemos mais usar do expediente ou da palavra "inclusão" porque todos já estarão incluídos", almeja Rosimary que é pedago ga especializada no ensino para surdos-mudos através da Libras.
A qualidade da inserção de crianças especiais nas escolas regulares de Embu está atraindo benefícios para a cidade. Com base em dados do Censo Escolar, no perfil socioeconômico da população e nas políticas já aplicadas, o Ministério da Educação acaba de aprovar um projeto da secretaria municipal que trará para Embu uma nova sala especial para inclusão de deficientes. Esse trabalho levou ainda a secretária de Educação a ministrar recentemente a palestra "Inclusão de crianças deficientes em escolas regulares" para alunos de pós-graduação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).