As lágrimas que escorreram pelos rostos de alunos, ou melhor, formandos, e de professores da primeira turma do ProJovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens), do governo federal, deram a dimensão do esforço que moças e rapazes fizeram até chegar à noite de sexta-feira, 22 de fevereiro, para celebrar a formatura no Ensino Fundamental. O ProJovem de Embu formou 207 estudantes em quatro núcleos criados nas Escolas Municipais Elza Marreiro Medina, Jornalista José Ramos, Josefina Azteca e Mauro Ferreira.
Emocionados, professores e alunos foram unânimes ao falar das dificuldades encontradas para concluir o curso, que envolveram desde problemas financeiros a familiares. “Foi ótimo demais conversar, saber respeitar, escutar opiniões, conviver com os professores, e ter pegado o diploma foi o melhor. Há seis anos eu esperava voltar a estudar. Agora eu consegui e me formei. É maravilhoso”, definiu Roseli Aparecida dos Santos, mãe dos pequenos Isabele, 4, Bruno, 6, e Daniel, 8 anos, que se formou no núcleo Jornalista.
O programa é bem avaliado, tanto pelos beneficiados quanto pelos gestores. As Secretarias de Cidadania e Educação, envolvidas no projeto, reconhecem também que é preciso aprimorá-lo. O prefeito Prefeito afirmou que mesmo que ele estivesse ali para celebrar a formatura de apenas um aluno, já seria motivo de alegria, lembrando que os formandos conseguiram superar desafios de toda ordem. Para que as alunas pudessem continuar estudando, por exemplo, foi necessário estruturar salas nas escolas que funcionaram como creche temporária, para deixarem seus filhos durante as aulas. “Se os políticos dizem que a criança, o jovem é o futuro do país, tem de dar oportunidade a eles para estudarem. Camiseta, cesta básica, como muitos de vocês já devem ter recebido, acabam. Mas o que vocês aprenderam, não. Esse conhecimento vocês levarão para sempre”, ressaltou.
Adjetivos como vitoriosos, guerreiros, vencedores foram repetidos por autoridades, paraninfos e oradores de turmas. E todos deixaram aos formandos uma palavra de ordem e de estímulo: continuem. O porquê está nas sábias palavras da professora Rita, paraninfa das turmas do núcleo Jornalista: “O estudo vai libertar vocês”. Segundo Edvaldo Mariano, coordenador do Centro de Referência da Juventude de Embu (CRJ), a maioria dos formandos já está matriculada no Ensino Médio.
Através do ProJovem, lançado em 2005, mais de 170 mil jovens de 18 a 24 anos em todo o Brasil voltaram a estudar para concluir o ensino fundamental, interrompido na quarta série. Recebendo como estímulo uma bolsa-auxílio de R$ 100, os participantes tiveram aulas do currículo escolar e de qualificação profissional, como inglês e informática, e foram envolvidos ainda em ações comunitárias no seu bairro.
