Após 15 anos, a encenação da Paixão de Cristo marcou história e resgatou a tradição no centro de Embu das Artes reunindo mais de 7 mil pessoas no Parque Francisco Rizzo. Com a presença de 70% dos atores sendo moradores da cidade e também de alunos da rede municipal, a peça, que contou a história de vida, morte e ressureição de Cristo, encantou o público com a riqueza de detalhes das cenas.
“Eu sou atriz há 30 anos, mas é indescritível fazer um personagem como Maria, uma honra porque ela representa o amor primordial. Dar vida a essa persona é algo de uma delicadeza, de uma potência. Eu penso em Maria como um personagem principal da humanidade em forma de amor, então é impressionante como esses atores e o público se relacionam amorosamente com esse personagem. A Paixão de Cristo não é só um processo artístico e técnico, ele tem um processo de evangelização”, declarou Tânia Rocha.
No papel de Cristo, o ator Ricardo Correia retratou com detalhes todos os momentos da passagem na Terra com milagres, tentação e o calvário até a cruz. O momento mais aguardado foi da ressureição, que para os fiéis é a certeza de vida nova, após os 40 dias de quaresma vividos pela Igreja Católica. Era possível ver espectadores emocionados ao final da encenação.
“É emocionante! Muita responsabilidade também! Foram meses de muito trabalho. Foram meses de muito afeto também! Uma história tão atual! Em que almas iluminadas são “silenciadas” por ameaçarem o poder. Em tempos de tanto horror e ódio, parece que figuras que são símbolos humanitários como Jesus são findadas a novas formas de “crucificações”. Lá na cruz pedi pelo Brasil, pelo mundo e por mim!”, falou Ricardo Correia, que atua desde 1997. Ele é formado na Escola de Arte Dramática da USP e é fundador da Cia. Artera de Teatro.
Pela primeira vez no personagem de Judas, o ator Walter Lins falou da satisfação de dar vida ao personagem. Ele encenou uma das cenas mais fortes, que contou com riqueza de detalhes de um cenário no caminho do calvário. “Foi um prazer e uma honra muito grande dar vida a esse personagem, ao Judas Iscariotes, que serviu para essa história maravilhosa de Jesus. Uma experiência muito enriquecedora. Eu espero que a Paixão de Cristo em Embu das Artes vire uma tradição”, disse Lins, que atua há 20 anos.
A encenação contou com a participação de 120 atores, sendo 50 profissionais e 70 pessoas das comunidades católicas da cidade. A organização do evento teve a direção geral de Valter Costa, supervisão artística de José Maria e produção de Ivo Amorim. “Há 15 anos eu também participei e o que todos os artistas brigam é pela valorização. Esse ano foi diferente, o governo deu apoio total tanto em nível de logística como de estrutura e foi muito delicado criar essa Paixão de Cristo. Eu fiz questão de agradecer o governo, porque realmente ele abraçou a ideia e percebeu que era o momento de valorizar cerca de 70% dos atores da cidade”, enfatizou o produtor Ivo Amorim.
A peça foi coordenada pela Prefeitura de Embu das Artes, por meio da Secretaria de Cultura e com apoio de demais secretarias, em parceria com grupo Cacto Azul. “Esse foi um grande espetáculo realizado a pedido do prefeito. Nossa população é em sua maioria cristã e precisávamos voltar com a encenação da Paixão de Cristo. Foi um grande sucesso em nossa cidade. Pra mim é uma honra estar à frente dessa Secretaria retomando essa tradição”, declarou o secretário municipal de Cultura, Júlio Campanha.