Evento celebra as mulheres e reforça a luta pela igualdade de direitos e sobrevivência

Daniela Karin
11/03/2024 - 9:47
Evento celebra as mulheres e reforça a luta pela igualdade de direitos e sobrevivência
Foto: Alex Natalino
Acessibilidade

Todos os dias quatro mulheres morrem vítimas de feminicídio no Brasil, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2023, foram registrados 1.463 casos, o maior número desde que a lei que tipificou esse tipo de crime foi criada, em 2015. Embu das Artes contabilizou duas mortes no ano passado e nenhuma das vítimas era assistida por medidas protetivas.

Na maioria das vezes, os assassinos são os próprios companheiros ou os ex-companheiros. A pesquisa também identificou que a maioria das vítimas tem entre 18 e 44 anos – cerca de 72%. A cada 10 mulheres assassinadas, sete são negras e metade dos crimes é cometido por arma de fogo.

A desigualdade salarial ainda continua. As mulheres têm jornadas duplas e muitas vezes até triplas e recebem cerca de 20% a menos do que os homens mesmo desempenhando as mesmas atividades.

Durante o evento realizado no dia 8/3, no Parque do Lago Francisco Rizzo, pela Coordenadoria da Juventude Embuense, sob o comando de Daniel Oliveira, Fernanda Rosário, secretária de Políticas Públicas para Mulheres de Embu das Artes, afirmou que o dia 8 de março é uma data de reparação histórica. “Tivemos nossos espaços negados socialmente e até a década de 60 só podíamos estudar e trabalhar com a autorização do marido”, disse.

Fernanda Rosário também relembrou que a sua secretaria foi pioneira na região, sendo inaugurada há 5 anos no dia 8 de março, e revelou que, segundo o Fórum Econômico Mundial, somente no ano de 2154 a diferença de gênero nas áreas da economia, política, saúde e educação poderá acabar. Ela reforçou ainda a importância do apoio a mulheres que se encontram em situação de violência, pois sem amparo, pode levar até 10 anos para que o ciclo seja rompido, segundos os estudos.

A questão da representatividade no Legislativo foi uma das pautas que a secretária fez questão de levantar: “Temos apenas uma vereadora na Câmara Municipal”, alertou Fernanda.

“Homens não fazem leis para as mulheres”, afirmou Geanne Greggio, que é a única transexual coordenadora de IST/AIDS e Hepatites Virais de Embu das Artes e do Estado de São Paulo, além de professora há 25 anos.

Aos 4 anos, ela já sabia que era mulher. Aos 47 anos de idade, já é considerada acima da média da expectativa de vida de pessoas trans, que é de 35 anos. Dados revelam que pelo 14º ano consecutivo o Brasil lidera o ranking mundial de países que mais matam trans.

“Ser mulher é uma construção, é força, garra e potência. Precisamos acabar com essa sociedade machista, sexista e heteronormativa e lutarmos pela igualdade de gênero”, disse Geanne, que relatou ainda já ter sofrido violência do companheiro e que só se deu conta da gravidade ao levar uma facada.

Também presente ao evento, a secretária municipal de Trabalho e Emprego, Emília Calderoni, disse que a sua pasta está atuando para auxiliar cada vez mais mulheres a serem inseridas no mercado de trabalho. Já Rosana Almeida, diretora do Centro de Convivência do Idoso (CCI) de Embu das Artes, falou sobre a importância de mulheres acima de 50 anos realizarem atividades e destacou os inúmeros cursos disponíveis nos núcleos.

O vice-prefeito Hugo Prado também marcou presença e discursou sobre a importância da independência feminina. Nesse sentido, lembrou que a Prefeitura sempre investiu no desenvolvimento de projetos que visam o protagonismo da mulher.

Ao longo do dia, as participantes tiveram acesso a serviços de beleza, assistência jurídica e psicológica, orientação ginecológica, encaminhamento a vagas de emprego e rodas de conversa.

A violência contra a mulher precisa ser denunciada. Anote os endereços e os telefones úteis:

Secretaria da Mulher 
Rua Dona Bernardina, 37, Jd. Arabutan 
Telefones: (11) 4704-4745 / 4704-0238 

Emergência 24h: (11) 94089-2011 – WhatsApp 

Delegacia da Mulher de Embu das Artes
Rua Belo Horizonte, 289, Centro
Telefone: (11) 4704-1538

Denúncias: 180 (Central de Atendimento à Mulher), 153 (GCM) ou 190 (PM)

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