Conhecido internacionalmente pela qualidade de seu
trabalho, o terracotista
Mestre Sakai (5/1/1914-2/5/1981), nascido em
Nagasaki, no Japão, fez história em Embu das Artes. Parte dela foi lembrada
pela terracotista Tônia do Embu, sua discípula e coordenadora do Memorial
Sakai, no dia 5/1, domingo. Na confraternização pelos 100 anos de nascimento do
artista, com participação de discípulos e alunos da escola de terracota do
Memorial, de moradores do Cercado Grande, bairro em que o artista viveu e
trabalhou pela preservação da cultura local, como a Festa de Santa Cruz, Tônia
fez uma retrospectiva das artes na cidade desde Cássio M’Boy, que incentivou
Sakai a ser um terracotista. A festa teve apresentação da Folia de Reis do
Santa Clara e Marajoara, conduzido pelo seu Nilton, e almoço.
“Ao
falar de Sakai o nosso coração deve vibrar um pouco mais, por ele, dona Suzuki,
todos os companheiros que se foram e fizeram muito pela arte na cidade”, disse
Tônia. Destacou que o mundo foi globalizado, a economia também, mas a cultura
não, por ser exercida por pequenos grupos, que têm sua comida, sua dança.
Lembrou as festas medievais da França e Itália, que são feitas há séculos por
pequenos grupos, e as brasileiras, grandes ou pequenas, realizadas há anos no
mesmo lugar.
Na
visão de Tônia, manter a tradição sempre incluirá a realização da Festa de
Santa Cruz no Cercado Grande, na Capela, de 2008, pátio do Memorial Sakai, de
2003, diante do antigo Cruzeiro da Paz, inaugurado pelo artista e recentemente
reformado. “Todo ano, 5 da tarde, as barracas ficavam prontas e Sakai subia o
morro para começar a festa de três dias neste lugar. No segundo dia da
comemoração de 1981, 2 de maio, ele estava subindo para a festa e quando entrou
no pátio teve ataque fulminante e morreu. Foi enterrado no Dia de Santa Cruz”, declarou.
PRESERVAÇÃO
DA MEMÓRIA
A
terracotista lembrou histórias da cidade que presenciou na infância e pré-adolescência,
quando se tornou aluna de Sakai, que no primeiro contato com a Festa de Santa
Cruz, feita pelo pai de Tônia, se apaixonou por essa manifestação. Foi o passo
inicial para se envolver mais profundamente com a cultura local e colaborar
efetivamente para preservá-la. Sakai ajudou o artista Mestre Gama a manter a dança
folclórica mineiro-pau. O grupo, integrado por filhos de Gama, vestia roupas
doadas por Sakai e a mulher, Suzuki, que comprava o tecido e as produzia. O
mineiro-pau continua existindo.
O
encontro foi finalizado com apresentação do artista Irael Luziano, aluno do
Memorial e um dos vencedores do 27º Salão de Artes Plásticas de Embu das Artes,
resgatado no governo Prefeito após anos sem ser realizado e que também foi
criado por Sakai e os artistas Assis do Embu, Antenor Carlos Vaz, Azteca, Ester
Rubakov, Cícero Teixeira e Nazareth do Embu, em 1964. Irael leu uma poesia, em
nome dos “discípulos de Tônia do Embu”, que diz: ….”Sakai hoje é uma daquelas
lendas, que abrem fendas e dessa brecha faz ecoar, pelas mãos de muitos
moradores, vasos, visões e tantos outros objetos feitos para sonhar….. Sakai
é barro, é a cara do barro”.
Participaram
da festa ainda a terracotista Rita do Embu, também discípula de Sakai, o
superintendente do Consórcio dos
Municípios da Região Sudoeste de São Paulo (Conisud), Paulo Oliveira, o artista
plástico Renato Gonda, membro do Conselho Municipal de Cultura, Didi e Solano
do Assis, entre outros.