Ela consolidou um movimento iniciado com Cássio M’Boy, professor de Tomie Otake e ligado a artistas que fizeram a Semana de 22, principal evento nacional de arte
Nos anos 1960, quando o mundo passava por profundas transformações, Embu das Artes, depois da emancipação em 1959, entrava no caminho da arte. O movimento artístico, iniciado pelo pintor Cássio M’Boy, que residia na cidade desde os anos 1930, amigo de Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922, e que foi professor de Tomie Ohtake, fez evoluir rapidamente o trânsito de artistas pela cidade. Desse movimento surgiu a Feira de Embu das Artes, que no sábado, 31/1, completa 46 anos de atividades.
A Feira de Embu das Artes foi criada por Claudionor Assis Dias (1931/2006) – marceneiro que se tornou Mestre Assis (escultor, pintor, ator, bailarino e poeta) – com apoio de outros jovens artistas da época, como Raquel Trindade. Havia um forte vínculo entre a Praça da República, na Capital, que começou em 1956 e recebeu os hippies em 1960, e o Centro Histórico embuense. “Íamos para a Praça da República e trazíamos os hippies para cá. E o Assis, com medo de perder todo o espaço para São Paulo, criou a Feira de Embu das Artes. O Gama (Jovino) participou, mas foi Assis quem criou”, conta.
“São muitos artistas e artesãos bons. Fico triste porque, às vezes, a gente quer dançar na praça e alguns expositores acham que vai atrapalhar. Também acho que temos de cuidar para preservar o artesanato na Feira”, acrescenta Raquel. Nesta gestão, o governo municipal tem realizado, por meio da Secretaria de Turismo, seleção de artesãos com participação de comissão de artistas e artesãos. Os expositores, de diversos segmentos, passam por teste prático, no qual precisam produzir ao vivo o produto que pretendem expor e vender na Feira, que hoje conta com 700 barracas.
Roteiro preferido especialmente de paulistanos, a Feira de Embu das Artes é a mais importante feira de arte e artesanato do País e uma das principais atrações turísticas da cidade. Desde 1969, oficialmente, já que artistas, como Raquel, consideram seu início em 1968, as ruas do Centro Histórico são ocupadas por artistas, artesãos e outros expositores, que expõem e vendem seus produtos: pinturas, esculturas, porcelanas, bijuterias, instrumentos musicais, estofados, cestarias, vestuários, bolsas, sandálias e cintos de couro, rendados e uma série de objetos utilitários e decorativos. Além disso, há também a Feira do Verde, de plantas e flores ornamentais.
Embu das Artes oferece muitas opções de gastronomia, com restaurantes, de cozinha regional e internacional, e bares, com mesas e cadeiras ao ar livre. Galerias, antiquários e lojas de artesanato completam o clima aconchegante do Centro Histórico. A Feira de Embu das Artes é realizada nos fins de semana e feriados, das 9 às 18h, sendo que no domingo, dia de maior movimento, conta com a participação de todos os expositores.