Turistas do mundo inteiro visitam Embu das Artes durante sua passagem pelo Brasil. São franceses, alemães, japoneses, americanos, mexicanos, colombianos, portugueses, chilenos, argentinos, entre outros, e visitantes de vários estados brasileiros que vêm conhecer e comprar o que há de melhor em arte artesanato brasileiro. O perfil do público é variado, indo de famílias inteiras e suas crianças, a casais, grupos de jovens, da melhor idade, empresários, artistas, advogados, donas de casa, profissionais liberais até políticos. Cálculos da Secretaria Municipal de Turismo revelam que entre 10 e 20 mil pessoas passam pela Feira de Embu das Artes aos sábados, domingos, feriados ou passeiam pela cidade de segunda a sexta-feira, que no dia 31 de janeiro completa 38 anos.
Um dos cartões postais do município, a Feira de Embu das Artes transformou-se no maior evento do gênero no país pela ação visionária de protagonistas como o escultor Assis do Embu (falecido em 2006), o ceramista Sakai do Embu (também falecido), entre outros nomes, na sua maioria artistas e hippies que expunham na Praça da República e vieram morar na cidade. Instalada inicialmente em frente ao Museu de Arte Sacra, no Largo dos Jesuítas, a feira surgiu em 1969, com poucos artistas expondo suas obras em panos estendidos no chão.
A Feira de Embu cresceu e espalhou-se por 12 ruas e vielas do centro histórico, num total de 36.000 m2 que reúne mais de 600 expositores. Com preços que variam de R$ 1,00 (uma corujinha em metal do artesão Toninho) a R$ 25 mil (escultura em madeira “A Favela”, do artista plástico Rivelini), a feira tem de tudo: artes plásticas, artesanato variado – obras em cerâmica, placas em madeira, bijuteria, bonecas de pano, utensílios para cozinha, artigos de ferro para decoração da casa, camisetas tingidas artisticamente, brinquedos pedagógicos, jóias, bolsas, sandálias, tapetes, artigos em couro, incenso, objetos indígenas, entre outras peças – comidas típicas como o acarajé da baiana dona Laura na esquina da Rua Joaquim Santana, e o setor de plantas, flores e ervas medicinais da Rua Siqueira Campos. Na feira também tem mel, pães caseiros e raspadinha. A tenda “Embu das Artes ao Vivo”, no Largo 21 de Abril, está entre as principais atrações da estância turística.
Patrimônio histórico tombado desde 1938 por indicação do escritor Mário de Andrade, a feira se diferencia das demais existentes justamente por estar instalada no município de Embu das Artes, cidade repleta de belezas naturais e artísticas, com histórias, mitos e tradições. Está pertinho da megalópole (a 27 km da capital paulista), mas mantém características das cidades do interior, com sua arquitetura colonial paulista. As ruas de paralelepípedos do centro histórico, que circundam o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas, são um convite a uma caminhada despreocupada, a um almoço ou um café e uma visita demorada pelas lojas da cidade. A cidade conta ainda com atrações como o memorial Sakai, Museu do Índio, a Fonte dos Jesuítas e o Parque do Lago Francisco Rizzo, espaço ecológico com um belo lago repleto de peixes, pista para caminhada, cooper e atividades de lazer.
Embu respira arte desde sua fundação. Os padres jesuítas e os índios guaranis foram os primeiros artistas de Embu. Suas mãos marcaram o caráter da cidade visíveis na arquitetura da igreja, na escultura dos santos de madeira, nas pinturas e entalhamentos. Documentos históricos contam que os jesuítas aceitam encomendas de santos e é bem possível que essa tradição de santeiro tenha se mantido entre os poucos habitantes a vila durante o século 19 e início do século passado. A construção da igreja Nossa Senhora do Rosário, com sua torre em estilo moçárabe, já era arte.