Foram três dias de festa, período mais do que suficiente para que o 1º Encontrão de Rua de Embu das Artes entrasse para a história da cidade. Mais do que um festival o Encontrão, como o próprio nome diz, foi o encontro e a exaltação de diversas expressões de cultura urbana.
Certamente, os bairros onde ocorreu o Festival, Jardim Santa Tereza e Independência, não voltarão a ser os mesmos. A prova disso é a adesão da população aos trabalhos realizados em parceria com artistas de diversos segmentos.
Para o secretário de Cultura, Alan Leão, o Festival é um marco da integração e da mobilização das lideranças de cultura urbana, em parceria com a Prefeitura: “Atendeu a vontade do prefeito Prefeito de estreitar a relação com esses grupos, com o objetivo de fortalecer a cultura de rua. O Encontrão foi o início das políticas públicas de cultura urbana na prática, evidenciou nosso interesse pelo segmento”.
Iraci Rodrigues mora há 19 anos no Jardim Júlia, passa quase que diariamente pela rua Constantinopla, e nem mesmo o tempo fechado, do sábado (24), a impediu de sair de casa para prestigiar o trabalho dos grafiteiros: “Eu adoro grafite, mesmo com a garoa vim ver a execução do trabalho. Mudou bastante, alegrou a rua”.
Ana Lúcia Ferreira é moradora do Jd. Independência e mãe de três meninos. Para ela e para os filhos, a nova aparência da rua não passou despercebida. “Ficou bem alegre, deixou a rua mais bonita, os meninos adoraram. O mais velho ficou muito empolgado, ele adorou o painel com os cachorros”, disse Ana Paula, referindo-se ao trabalho do grafiteiro Image.
Os amigos Alexander, Karina e Aline, também são moradores do bairro e aproveitaram o intervalo de um curso para ver os trabalhos de perto. O painel assinado pelos grafiteiros Image, Mirage, Kareta e Gamão impressionou por suas cores e vivacidade: “Ficou bonito, chamou a atenção pelas cores e pelo tamanho”, disse Alexander. “A rua ficou com cara de Embu das Artes”, completou Karina.
O grafiteiro Weld, formado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Ítalo Brasileiro (UniÍtalo), tem a sua marca estampada em diversos cantos da cidade, participou do Encontrão mas, também encontra na arte uma fonte de renda. Weld revela que seus clientes são, em maioria, empresários que já chegam com uma ideia em mente mas, ele não esconde suas preferências: “Quando combinado, vejo o que a pessoa deseja, apresento projeto e realizo, sendo colorido ou não. Mas, sem dúvida, eu prefiro o PB ou uma cor neutra, que se junta à parede e passa a fazer parte dela, parece cartum”.
Nem mesmo a chuva intimidou os cerca de 120 grafiteiros que passaram pelo local nos três dias de Encontrão. O muro que vai da Unidade de Saúde do Jardim Independência à Escola Estadual João Martins foi totalmente ocupado por imagens representativas da cultura de rua. O muro, que mais parece uma obra de arte, ainda não foi finalizado e receberá novas intervenções mesmo após o fim do Festival.
Outras manifestações da cultura urbana também caíram no gosto dos participantes e ganharam destaque no festival. Foi o caso da apresentação do KLJ, DJ do Racionais Mc´s, atuante no movimento Hip-Hop de Embu das Artes. O carisma do DJ contagiou o público presente.
Os debates e saraus promovidos pela Associação ZumaLuma, em torno do tema cultura urbana, também garantiram a atenção do público. Outro destaque do Festival foi o lançamento do livro: “Nelson Triunfo: do Sertão ao Hip-Hop”, biografia de um dos precursores do Hip-Hop no país, escrita por Gilberto Yoshinaga.
