Os profissionais da rede municipal de Educação puderam conferir dia 28/5 a apresentação do espetáculo Horácio, de Heinner Muller, interpretado por Celso Frateschi no Centro Cultural Mestre Assis. Após o monólogo , os professores fizeram uma roda de conversa com o ator e debateram sobre o ensino nos dias atuais, questões éticas e políticas fundamentais. A atividade faz parte do Programa de Formação Continuada oferecida pelo Governo da cidade.
“Como ator, tenho trabalhado com um público bastante diverso: da universidade, de amigos, periferia e tem sido bastante interessante, pois o retorno é esse papo com a plateia. Começamos a conversar sobre a peça e o leque acaba se abrindo para a área de interesse de cada um. Acabei de conversar com os professores. Se tivesse conversado com alunos era outra coisa, em uma favela, outra. Isso é o que tem de mais interessante neste espetáculo. Ele sugere leituras diferentes, faz pensar no que somos, no bem e no mal. Apesar de já conhecer a cidade, ainda não havia atuado aqui, Gostei muito”, disse o ator.
A peça
Escrita em 1968 por Heiner Müller, dramaturgo e escritor alemão (1929-1995), a peça tem como enredo o conflito entre duas cidades, Roma e Alba, que estão sendo ameaçadas pelos Etruscos. Para não enfraquecer os exércitos contra o inimigo comum, os chefes decidem que apenas um guerreiro lutará por Roma contra outro que defenderá Alba, Curiácio.
Horácio vence o confronto e mata o adversário. Só que após a vitória, perde a cabeça e mata a própria irmã, noiva de Curiácio e contrária às batalhas e, com a morte do amado, passa a rejeitar e ignorar o irmão e suas conquistas. Por conta da tragédia, os romanos cessam os festejos da vitória, tiram a espada de Horácio e se organizam para julgar sua atitudes, divididos entre julgá-lo como herói ou assassino.
“Acredito que todos nós, professores, temos um pouco de ‘Horácio’ em sala de aula, às vezes herói, às vezes, vilão, muitas vezes pelo julgamento do próprio estudante. Temos que aprender a resolver da melhor maneira possível ouvindo sempre os dois lados”, disse a professora de artes (PEBII) Maria Eliana da Silva, da escola Elza Marreiro Medina.
A coordenadora da mesma escola, Nádia Trajano, contou que a peça a fez pensar no papel do professor. “Passamos para o estudante os dois lados: ora herói, ora vilão ao passar o conteúdo para eles. Acabamos ficando na corda bamba, pois muitas vezes não sabemos como chegar até esta criança, como fazer com que ela nos entenda, seja por questões culturais, econômicas ou familiares.”
O espetáculo faz parte do Projeto “Um ator onde o povo está”, ganhador do Programa de Ação Cultural (ProAC) 2013, que tem por objetivo oferecer à população de cidades da Grande São Paulo a oportunidade de contato com o teatro como forma de arte e reflexão.