Inclusão: mais de 50 professoras se formam no curso de braile

21/10/2015 - 0:00
Inclusão: mais de 50 professoras se formam no curso de braile
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A educação de Embu das Artes ganhou mais reforços para atender as crianças portadoras de deficiência visual. Dia 20/10, em cerimônia no Centro Cultural Mestre Assis, 53 professoras de diversas escolas da rede direta e conveniada receberam o diploma de conclusão do curso de braile, ministrado desde maio deste ano.

“Na concepção desse governo, todos somos educadores e hoje é um dia histórico para nossa cidade, pois fará com que nossos alunos portadores de deficiência visual leiam livros e sejam incluídos. Estamos superando nossas metas, como ter uma frota de ônibus adaptada aos deficientes e por em prática nosso Plano Municipal de Educação, que tem como uma das metas delinear políticas para as pessoas com deficiência. A educação atual deve primar por um mundo mais tolerante que convive com a diversidade”,  disse o secretário de Educação, Paulo Vicente dos Reis.

O curso de braile foi ministrado pelo professor Josafá Ferreira da Costa, que leciona juntamente com outros professores em diversas escolas do município. Ele é portador de retinose pigmentar e convive há mais de 20 anos com apenas 2% da visão. A formação garante o cumprimento da meta quatro do Plano Municipal de Educação (PME) de Embu das Artes, que prevê a adoção gradativa do Sistema Braille de leitura para cegos e surdos-cegos, bem como a oferta de educação bilíngüe, em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Língua Portuguesa, aos alunos surdos e com deficiência auditiva de 0 a 17 anos.

Segundo o professor Josafá, participar do curso foi muito especial: “Foi um privilégio muito grande participar desse curso como professor. Garanto para vocês que para ensinar tem que ter amor e uma dedicação gigantesca. As crianças deficientes que passam pelas aulas de braile, ficam eternamente agradecidas, pois um mundo se abre para elas”.

Uma dessas alunas mostrou sua gratidão cantando para a platéia. Amanda Pereira, de 14 anos, é deficiente visual desde o nascimento e hoje estuda no 9º ano da E. M. Valdelice Prass. Vencendo o medo, a garota subiu ao palco e entoou “My heart will go on” tema do filme “Titanic”(1997), sendo aplaudida de pé pela platéia: “No início estava muito nervosa, mas o professor Josafá me auxiliou muito. Foi ele quem me ensinou o braile, quem insistiu porque eu não queria aprender de jeito nenhum no começo. Agradeço por ele não ter desistido de me ensinar. Hoje, tenho muito mais autonomia”.

“Foi extremamente enriquecedor e esse professor foi muito cativante. Hoje entendemos na prática o que os nossos alunos vivem, ensinaremos de outra forma e ainda melhor”, contou a professora da E. M. Villa Lobos, Priscila Miranda Azocar.

A professora Luciana Batista, da E.M. Antonia Augusta Delphina De Moraes, contou sobre a experiência: “Adorei! A gente acha que sabe lidar com o aluno que tem alguma deficiência, mas quando passamos por um curso desses, vemos que dá pra melhorar muito. Hoje, a minha visão é de amor”.

Participaram do evento o comandante da Guarda Civil Municipal (GCM), Dirceu Alves; os vereadores Clidão do Táxi e Rosana do Arthur; o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Sebastião Caetano da Paixão;  Adamor de Souza Uchoa, do Sindicato dos Professores de Escolas Municipais (Siproem); o secretário de Finanças, José Roberto Jorge; a coordenadora pedagógica da equipe de orientação e acompanhamento pedagógico e educação especial, Luciane Cavaliere;  a professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Odete Oliveira;  a terapeuta ocupacional da rede municipal de ensino, Elisabete Stelluto de Oliveira; o babaloxixá pai Odesse, o padre Lourival  Gonçalves e o pastor Edson Pereira, que realizaram uma oração ecumênica.

Educação inclusiva

A Secretaria de Educação tem, desde 2010, 17 Salas de Atendimento ao Estudante com Deficiência (Saed), que atendem mais de 300 crianças em todo o município. Há 15 crianças impossibilitadas de frequentar a escola por motivos de saúde permanentes ou por algum período. Todas recebem atendimento domiciliar com fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e o professor.

No Brasil, existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e seis milhões com baixa visão, segundo dados  do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Há 188 anos, o jovem francês Louis Braille, que perdeu sua visão aos três anos de idade, inventou um sistema de leitura especial e contribuiu para a formação e inclusão de milhões de pessoas pelo mundo. Além disso, prepara deficientes visuais para serem independentes e terem condições de conquistar espaço no mercado de trabalho.

 

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