O 11º Loucos por Vinil Fair fez uma
justa homenagem ao Blues e, mais uma vez, foi sucesso de público. Cerca de três mil pessoas marcaram presença no evento que se iniciou na
sexta-feira, 12/4, com uma exposição de arte em vinis, que ficou durante todo o
final de semana na entrada do Centro Cultural Mestre Assis do Embu. Os artistas foram:
Célia Santiago, Mônica Alvarenga, Márcia, Capenéa,
Jó, Nury, Carla Magalhães, Dvanir, Tereza Cristina, Raquel Galena, Raquel Trindade,
Débora, Dailin G., Lindauria, Renata Matuscevico, Silvia Maia, Meire Lopes, Flor
Embu, Maria Rosa, Iraci Ramas, Shila Joaquim, Letícia Medeiros, Emerson Santana,
Fernando Henrique, Paulo Dud, Rodrigo, Fabiana Salume, Luan Gomes, João Gabriel,
Rosângela Rodrigues, Vitória Carolina, Janaína Araújo e Gumercindo.
Logo após a fala do idealizador do festival, Paulo Dud, que possui uma coleção
de cerca de oito mil discos, foi exibido um vídeo com a retrospectiva de todos
os “Loucos por Vinil” já feitos, ano a ano. A feira já homenageou grandes
nomes da música, como Raul Seixas e também os Beatles. O primeiro dia se encerrou com a exibição do filme “Durval Discos”.
No sábado, 13/4, o evento seguiu com a
compra, venda e troca de discos. Expositores de vários locais fizeram a alegria
dos aficionados pelos bolachões. Lá o público pôde ver e adquirir relíquias em
vinil de vários estilos. Até mesmo equipamentos tão difíceis de encontrar podiam
ser comprados lá como a “agulha”, peça fundamental do toca-discos (pick-ups) que
capta a sonoridade das faixas do vinil para reproduzir no aparelho de som.
“Em dois anos cresceu 90% a procura por vinis no mercado”, afirmou Shirlei
Granado, da Milla Discos, sinalizando a tendência atual da indústria
fonográfica em retomar o lançamento de álbuns em vinil.
Som contagiante e colecionadores apaixonados
A banda Emblues deu o
pontapé inicial dos shows no sábado, levantando bastante o público. Em seguida,
foi a vez da performance
vibrante de Vajman & Battello.
Da Inglaterra, a atração principal da noite, Pete Hassle & Screw’d
Blues Band, demonstrou profissionalismo e garra. Haslee, com sua voz marcante, e banda fizeram uma apresentação afiadíssima. Eles não
titubearam e mantiveram a plateia animada do início ao fim.
No domingo, o
Loucos por Vinil Fair 2013 fechou a sua programação em alto estilo, com
apresentação das bandas 6467 Blues, de Embu das Artes, Zona Blues, do Capão
Redondo, limite entre a cidade e a Capital, e Danny Vicent Band, argentino que
vive no Brasil, mais precisamente na Granja Viana.
Pela qualidade do som,
paixão pelo blues e dedicação ao vinil, o evento também mostrou que o estilo
musical está bem representado na cidade e região. A
plateia surgiu no teatro do Centro Cultural Mestre Assis do Embu, às 3h da tarde, e no início do
primeiro show já fazia alguns ruídos.
Depois de se
emocionarem com os rapazes da cidade e se deliciarem com a voz e swing singulares de Zona Blues, que lembrou os grandes cantores americanos do ritmo, os espectadores
foram surpreendidos por Danny Vincent. Ele entrou no palco sozinho
dedilhando o violão e contando a história do blues e interpretando seus mais
importantes ícones. Em seguida entraram o baterista, o baixista, o guitarrista
e o gaitista Guaco, que fez um show à parte. Por fim, viveu-se literalmente a magia do fim dos ano 1960, começo dos
anos 1970, da transição do blues para o rock, do rock puro. “Nunca vi nada tocado com tanto
sentimento”, disse Paulo Dud.
Entre
os participantes do evento, os debates sobre a qualidade do vinil são inevitáveis,
assim como a sua ausência do mercado nacional: “O vinil só acabou no Brasil”,
“Os dj’s continuam levando CDs para o exterior pra converter em vinil”, “Muita gente importa
vinil da Holanda, Itália, dos Estados Unidos”, disse Shirlei Granado, de Mauá,
SP.
Para José Roberto, o Beto Melodia, dj, pintor de parede, técnico
em elétrica e hidráulica, o vinil só existe ainda no Brasil porque dj traz de
fora.
“Sempre curti vinil e coleciono há seis anos”,
afirmou José Victor Nunes Mariano, 19 anos. Ele tem cinco irmãos, mas é um
apreciador solitário do vinil. Começou com alguns discos do pai, que hoje
“gosta de CD”, mas acha “legal” o filho colecionar bolachões.
Vale
lembrar que o Loucos por Vinil também é uma oportunidade única de contato com a
diversidade. Há pessoas comportadas, mas nem tanto, loucas por música. Confira no
próximo Loucos por Vinil Fair, em 2014.
Texto: Alex Natalino, Elke Muniz e Paulo
Giannini Filho
Assista ao video na TV da cidade.