O Dia Nacional da Consciência Negra (20/11) em Embu das Artes poderá contar com a presença do rei Obaulufon Mababeolá – rei Oba Al-moruf Adekunle Magbagbeola, da família Olumoyero, de Ifon, cidade do Estado de Oxum, na Nigéria. Em 17/10, o Comitê de Trabalho para Visita do Rei de Ifon realizou mais uma Oficina de Diálogo e Mobilização, para recepção do rei Mababeolá. Nesta segunda, 20/10, desde as 15 horas, o comitê reúne-se com representantes nigerianos para tratar da parte diplomática da visita.
Durante a sua estada, o rei Mababeolá fará pronunciamento sobre segurança alimentar dos povos tradicionais; a Lei nº 10.639/2003, relação entre Brasil e África na diáspora; as cidades co-irmãs do ponto de vista dos povos e comunidades tradicionais, além de consulta sobre povo tradicional no país, de acordo com Convenção 169, de 1989, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata dos direitos dos povos indígenas e tribais no mundo.
O Comitê de Trabalho para a Visita do Rei de Ifon é integrado por membros do Conselho de Promoção da Igualdade Racial, do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos de Matriz Africana, do Governo da Cidade e do Conselho dos Povos Tradicionais de Matriz Africana de Embu das Artes, constituído pela sociedade civil e empossado, em agosto, pelo prefeito Prefeito. Participam do comitê representantes das secretarias municipais de Assistência Social, Trabalho e Qualificação Profissional, Educação, Cultura, Turismo e Comunicação Social.
A previsão é de que o rei de Ifon chegue ao Brasil na primeira quinzena de novembro e cumpra agenda não só no município, mas em outras cidades, como Campinas, São Bernardo do Campo, Guarulhos e São Paulo. À oficina realizada, na sexta-feira, no Centro Cultural Mestre Assis, compareceram 150 pessoas, incluindo representantes dos povos tradicionais de matriz africana de Bragança Paulista, Caraguatatuba, Carapicuíba, Embu Guaçu, Guarujá, Hortolândia, Juquitiba, Mauá, Osasco, Santa Isabel, Santo André, São Bernardo do Campo, São Lourenço da Serra, SP; Rio de Janeiro, RJ, e Salvador, BA.
Intercâmbio Brasil–África
O encontro foi conduzido por Regina Barros Goulart Nogueira (Kota Mulanji Mona Kelembeketa Loaba), coordenadora-geral do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma). “Embu das Artes tem sido um exemplo nacional pelo que tem feito pelos povos”, disse. Citou, como um desses exemplos, a compra de alimentos feita pela prefeitura na Cooperativa dos Agricultores Quilombolas do Vale do Ribeira (Cooperquivale), na cidade de Eldorado (Embu das Artes não tem quilombo), e de agricultores familiares que participam do Programa de Aquisição de Alimentos(PAA) do Governo Federal. Os alimentos são utilizados no Restaurante Popular, na merenda escolar e distribuídos às famílias de baixa renda através do Banco de Alimentos do município.
A importância da visita do rei Mababeolá, especialmente quanto aos temas que serão discutidos durante sua permanência no Brasil, favorecendo o intercâmbio entre os povos, foi destacada pelos oradores, como os professores Marcelo Monteiro, da Universidade do Rio de Janeiro, e Júlio Braga, da Universidade Federal de Salvador, Eduardo Brasil, conselheiro estadual de Intolerância Religiosa, Pai Leo, que fez o primeiro contato para a visita de Mababeolá, inicialmente à sua casa no Pinheirinho, em Embu das Artes, e que ganhou corpo entre os Povos de Matriz Africana. Tatá Edson, articular político do Fórum, informou sobre providências que vêm sendo tomadas para a recepção ao rei Mababeolá.