Prefeitura promove debate sobre uso de software livre

13/03/2006 - 0:00
Prefeitura promove debate sobre uso de software livre
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Um debate reuniu sexta-feira, 10/3, no auditório da Prefeitura, militantes da democratização da inclusão digital. Entre eles, jovens do Consórcio da Juventude, alunos de faculdades da região, professores da rede municipal de ensino, secretários municipais, o prefeito Prefeito, o diretor da Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), Carlos Afonso, e o sociólogo, pesquisador e especialista em software livre, Sérgio Amadeu.O evento faz parte do Ciclo de Debates: Inclusão Digital com Software Livre como Política Pública, promovido pela  Prefeitura de Embu das Artes, por meio da Secretaria de Cidadania e Assistência Social.

Renomado especialista no assunto, Amadeu defendeu a utilização do software livre (Linux, Firebox, Mozila, entre outros). Estes programas/sistemas (softwares) são considerados livres porque, ao contrário dos comercializados pela Microsoft, eles são abertos e permitem ao usuário que conhece o assunto pesquisar como eles foram feitos. Amadeu disse,também, que o Brasil já passou países como a França no número de servidores, mas que o mercado da informática e da Internet apenas está começando no país. "Estamos em oitavo lugar, apesar da miséria, da desigualdade social, da falta de ensino público de qualidade. Vamos crescer muito ainda", frisou.

Para uma platéia formada em sua maioria por jovens, Amadeu afirmou que o Brasil gasta muito dinheiro com a compra de software proprietário. E argumentou que o Estado não pode fazer política de inclusão social que não sejam sustentáveis. Por esse motivo, defendeu a adoção de tecnologias abertas e não proprietárias pelo governo. "Dinheiro público é para software livre e não para sustentar um monopólio mundial!", defendeu. Ele sugeriu aos governos que utilizem o dinheiro que seria gasto com a compra de licenças de propriedade desses programas na formação e capacitação de jovens na administração do Sistema Linux Avançado, o que possibilitaria aos brasileiros disputar o processo de desenvolvimento de tecnologias digitais com outros países. No mercado, o curso custa R$ 1.500. Segundo ele, para informatizar todas as 170 mil escolas existentes no país, o poder público gastaria mais de R$ 200 milhões com a compra do equipamento e das licenças de propriedade.

Carlos Afonso, da Rits, disse que a maioria dos jovens já possui o celular, que é um computador, mas lembrou que o acesso à Internet ainda é precário. Enquanto nos EUA cerca de 80% dos americanos têm conexão em casa, no Brasil 2.400 municípios não têm nenhum tipo de acesso à rede de computadores, mesmo para quem tem dinheiro. E até alguns bairros mais afastados da Grande São Paulo têm problemas nessa área. "Não podemos esperar que a solução para os nossos problemas venha do mercado, então, virou questão de política pública".

Acesso à internet

Sérgio Amadeu é categórico quando afirma que a inclusão digital é função do Estado e deve ser encarada como uma política pública. Ele não acredita no mercado incluindo digitalmente a sociedade e lembra que, se isso fosse possível, nos Estados Unidos toda a população teria acesso à Internet, o que não acontece: "O mercado não faz filantropia. Para levar tecnologia atualizada para a periferia, o Estado tem de fazer como fez com a escolarização: abrir prédio, pagar funcionário e gastar dinheiro".

Sérgio Amadeu também é categórico quando afirma que não existe inclusão digital sem acesso à Internet. Para ele, a ausência do acesso à rede mundial significa a ausência da capacidade de se levar a cabo um programa de inclusão digital. O ex-coordenador do governo-eletrônico que fez a implantação dos telecentros da prefeitura de São Paulo, durante o governo de Marta suplicy, lembra que 85% do conteúdo disponível na Internet está em língua inglesa, e apenas 5% em línguas latinas. "Se não produzirmos conhecimento, seremos eternamente obrigados a consumir", acrescentou.

Embu começou um processo inexorável de inclusão digital. Antes da atual administração não havia nenhum laboratório de informática no município. Hoje já são seis laboratórios de informática, seis ramais de biblioteca, com acesso livre a rede muldial de computadores, os telecentros do Jardim Dom José e do Parque Pirajussara. Além da informatização da Prefeitura e dos serviços de saúde, em andamento.

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