Dentro da programação do Festival de Cultura Japonesa, a Prefeitura de Embu das Artes e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) realizaram na terça-feira (21/6) o “Seminário sobre Educação Ambiental”, no auditório do Centro Cultural Mestre Assis do Embu. O encontro contou com autoridades e apresentações de experiências ambientais interessantes, que são desenvolvidas nos municípios de Caçapava e Mogi das Cruzes em parceria com a JICA.
A novidade anunciada no evento é que as cidades e a JICA, por sua vez, disponibilizarão as suas equipes técnicas à Prefeitura de Embu das Artes, para elaboração de um estudo de cooperação nos mesmos moldes que acontecem nos seus municípios.
Embu das Artes tem um longo histórico de convivência com o Japão, desde a década de 30, quando os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao município. A relação de amizade e interação mútua é tão forte que culminou na criação do festival de cultura e na formação da Associação Embu-Hino, que une as cidades irmãs (Embu – Brasil e Hino – Japão) com laços de cooperação desde 1982, inclusive com suas autoridades fazendo intercâmbios, como a troca de visitas entre as delegações, que resultou na ida do prefeito Prefeito e seus secretários ao Japão e a vinda das autoridades japonesas por aqui.
Na sua participação no seminário, o presidente da associação de bolsistas da JICA, Sergio Hiroaki, disse que as legislações ambientais brasileiras e japonesas são muito parecidas, mas apesar disso, percebeu um dia que o Brasil teria dificuldades para alcançar os mesmos resultados positivos que o Japão. Por isso, apostou na educação como o caminho eficaz de formar uma consciência ambiental efetiva: “As crianças serão disseminadoras dessa cultura, influenciando seus familiares, a comunidade e as futuras gerações”.
O seminário contou com a presença de Asako Hama, coordenadora da NGO-JICA Japan Desk, um programa da JICA que objetiva promover a participação do povo japonês, por meio das ONGs, sociedade civil, universidades e outros parceiros, na cooperação internacional para o desenvolvimento dos países emergentes.
Os secretários municipais Paulo Vicente dos Reis (Educação), Valdir Barbosa (Assuntos Estratégicos) e Alan Leão (Cultura) foram os moderadores da 1ª mesa e reafirmaram a importância de criar parcerias com uma nação detentora de uma cultura milenar, com forte presença em solo brasileiro, que tem muito a nos ensinar, e defenderam que não dependêssemos apenas da tecnologia, mas do bom uso do dinheiro e que fomentássemos uma cultura ambiental.
Em Caçapava, criança é a esperança do meio ambiente
Em Caçapava, os primeiros passos já foram dados, dando esperança para a construção de um País melhor. A partir de 2014, um acordo de cooperação técnica foi firmado com a JICA para a formação de professores do Ensino Fundamental 1, com o objetivo de desenvolver um sistema de educação ambiental de acordo com as características locais. As professoras da rede municipal de ensino de Caçapava estavam presentes na reunião.
Entre as ações, fizeram intercâmbio com o Shimane International Center (SIC), e viajaram à província de Shimane, no Japão, onde presenciaram rios a 20km de distância da sua nascente com um nível de pureza e oxigenação excelente, uma atividade escolar dinâmica, com estudantes em contato constante com a natureza para fins pedagógicos, e visitaram uma usina de reciclagem e o centro de tratamento de esgoto.
“Lá no nosso município, contraditoriamente, na Serra da Mantigueira os rios viram esgoto a céu aberto a apenas 2km da sua nascente, e temos uma expansão da urbanização que mata as minas de água”, disse o coordenador geral do Centro de Educação Ambiental – Parque Ecológico da Moçota de Caçapava, Marcio de Souza, que mostrou um cronograma de atividades que prevê um plano de aulas modelo, vivências para avaliação de ar, solo, montanhas e rios, e a implantação de um programa ambiental na rede municipal de ensino.
Mogi e sua crescente coleta seletiva
“Estamos distantes da questão ambiental por conta da crescente urbanização, da insustentabilidade dos níveis de consumo e da industrialização que afetam a natureza e provocam estas mudanças climáticas inusitadas”, declarou o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Embu das Artes, José Ovídio Peres, ao abrir a 2ª mesa de debates.
Ovídio acredita que é possível mudar essa realidade, pois existe capacidade técnica, mas falta uma cultura que trabalhe a consciência das novas gerações.
Em seguida, o diretor de Limpeza Pública de Mogi das Cruzes, José Roberto Rodrigues, apresentou o Recicla Mogi, projeto ambiental desenvolvido no seu município também em parceria com a JICA e com a província japonesa de Toyama.
Entre os trabalhos que ele presenciou em Toyama, Rodrigues destacou as instalação de lixeiras comunitárias, a reciclagem de resíduos sólidos, a recuperação de produtos sucateados como bicicletas e móveis velhos, que são revendidos, e a colaboração de funcionários da prefeitura que ensinam crianças sobre reciclagem.
“Em Mogi, fazemos a coleta seletiva duas vezes por semana em 138 bairros, separamos o lixo seco do úmido, porque isso funciona melhor no município, distribuímos panfletos e damos orientações para coleta seletiva, criamos ecopontos e pontos voluntários, ampliamos a usina de triagem e contratamos uma cooperativa de catadores”, afirmou Rodrigues. ”Além disso, professores da rede de ensino criaram uma cartilha sobre educação ambiental e dão formação para estudantes na escola”, completou.
Resultado: de 60 toneladas (t) coletadas por mês, em 2012, Mogi das Cruzes saltou para 260t (2014) e 600t (2016) e a meta é chegar a 1000t em 2017. Novas ações a realizar: coleta 3 vezes por semana, aumento de campanhas de divulgação, coleta na área central, aumento de parcerias com cooperativas e criação de mais ecopontos.
Cidadania na Coopermape
A presidente da Cooperativa de Recuperação de Matéria Prima de Embu (Coopermape), Alessandra Ifran Soares Lima, em sua apresentação falou sobre a instituição, que tem entre seus objetivos a geração de emprego e renda, inclusão social e contribuição para a preservação do meio ambiente. Depois de coletado o lixo, a Coopermape faz uma triagem dos materiais recicláveis para enfardá-los e armazená-los para posterior comercialização. Fundada em 1997, tem 31 cooperados e suas atividades abrangem 62 bairros de Embu das Artes. Indiretamente, beneficia economicamente 208 pessoas.
Sobre educação ambiental, Alessandra afirmou que, com a participação da sua equipe em trabalhos de formação, a entidade tem contribuído com o aumento da coleta seletiva nos bairros, registrando o recolhimento de 1,7 toneladas em 2015.
“Como resultado de nossa experiência, criamos o Estudo de Elaboração de Contrato de Prestação de Serviço ao Poder Público”, revelou Alessandra, que disse se tratar de um documento que anseia estabelecer um contrato de prestação de serviços remunerados com o governo municipal.
O estudo apresenta o projeto da cooperativa, explicando a sua estrutura, seus objetivos e a comprovação da sua capacidade de atendimento às necessidades da gestão municipal e da população, aumentando a coleta seletiva, embasadas em todas Leis.
“A crise afetou nosso setor, os preços despencaram e o que captamos com a venda de recicláveis não está sendo suficiente, por isso será importante recebermos um investimento pelos nossos serviços para darmos conta das despesas e ampliarmos as atividades no município, a exemplo do que acontece em Mogi das Cruzes, Ourinhos, Santana de Parnaíba e Jacareí”, afirmou Alessandra.
Mais Festival de Cultura Japonesa
– Sábado – 25/6, das 9 às 12h – Centro Cultural Mestre Assis – Largo 21 de Abril, 29 – Centro
Seminário – Métodos Educativos e Efetividade no Processo de Inclusão – JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão) e Secretaria de Educação de Embu das Artes
– Domingo – 26/6, das 10 às 17h – Centro Cultural Mestre Assis – Largo 21 de Abril, 29 – Centro
3ª Edição do Anime Fair Embu