Versão inédita embuense terá equipes com smartphones, supervisão on-line, produzirá primeiro estudo de coorte e buscará provocar mudanças de hábitos na população
Neste dia 10 de agosto, será lançado em Embu das Artes o projeto Remédio em Casa, uma iniciativa já adotada em outras cidades, mas com medidas inéditas. Ou seja, o Remédio em Casa da cidade chega num grande pacote para melhorar ainda mais o atendimento e a qualidade de vida de hipertensos e diabéticos. Começa a ser implantado no Posto Avançado de Atendimento do Jardim Mimás, beneficiando diretamente 391 pessoas, catalogadas e tratadas no posto. Além dos procedimentos e profissionais envolvidos, o governo, por meio da Secretaria de Saúde, vai além: quer mudar hábitos nos pacientes para que tomem as rédeas da sua saúde, servindo-se de todo o atendimento da ampla versão embuense do Remédio em Casa, mas se cuidando na alimentação, praticando atividades físicas contínuas e, se possível, tirando o remédio da sua vida. E tem mais: com o projeto, será feito o primeiro estudo de coorte.
A ação no enfrentamento à hipertensão e à diabetes na cidade também trouxe à Secretaria Municipal de Saúde algumas mudanças. Equipes médica e paramédica, pessoal técnico e administrativo – que já passavam por aprimoramentos dentro da proposta de Gestão Administrativa do governo, como o controle on-line em tempo real do atendimento a pacientes na rede pública – estarão equipados para atender às 391 pessoas com hipertensão e Diabetes melittus, integradas inicialmente do projeto.
“Remédio em casa é uma estratégia do governo para tentar construir na cidade e região uma política de assistência farmacêutica. Hoje o remédio é quase um fetiche, o paciente só se sente atendido pelo médico quando o recebe e muitas vezes ele não precisa de medicamento naquele momento”, diz a secretária municipal de Saúde e sanitarista Sandra Magali Fihlie.
Por que o bairro do Mimás? Por ter ali uma comunidade adstrita, com unidade de saúde que atende a mais de 3 mil pessoas da região e grupo de 391 com o perfil para o atendimento pelo projeto Remédio em Casa. “A hipertensão é multifatorial por vários fatores. O diabético é um pouco multifatorial, mas ele tem uma questão genética, hereditária e se como doce, fica sentado, estimula o pâncreas pode virar um superdiabético. O hipertenso é a mesma coisa. Ele tem um fator hereditário, não genético, mas aí: fuma, bebe, vive estressado, come pra caramba, não faz ginástica. Ele pode se tornar hipertenso, ter insuficiência cardíaca”, explica Sandra Fihlie. Além disso, é sabido que as indústrias farmacêuticas adoram vender remédios e receitar faz parte da atividade médica, que em geral começa quando o profissional emite orgulhosamente a sua primeira receita.
O primeiro estudo de coorte
O Projeto Remédio em Casa de Embu das Artes também inclui o primeiro estudo de coorte, uma análise científica para traçar o perfil da hipertenção e diabetes no município. “Vamos fazer um trabalho científico. O prefeito pediu. Nós não tínhamos pensado nisso, mas vamos fazer. Com o projeto permanecendo nos três anos em que estamos aqui, o estudo servirá à próxima administração”, declarou a secretária.
Diferentemente do projeto em outras cidades, que faz somente a entrega do medicamento, aqui ele será “mais trabalhoso”. O cidadão receberá o remédio em casa, vai ser acompanhado por equipe de médico e enfermeiros, que devem convencê-lo de sua corresponsabilidade com a sua saúde. “Ele não poderá deixar mais a sua saúde só na mão do médico, do SUS, do enfermeiro, mas deve estar convencido de que também é responsável e que se expõe se bebe, fuma…”
Ao garantir o remédio, a atividade física, com professores de educação física, em parceria com a Secretaria de Esportes e Lazer, a orientação alimentar, além da assistência, por intermédio do agente comunitário, da enfermeira e do médico, o projeto exige contrapartida. Ninguém muda de hábito do dia para a noite, especialmente pessoas com mais idade, que constituem a maioria do grupo de hipertensos e diabéticos, mas todos terão de assumir o compromisso de mudar.
As informações passadas pelo smartphone alimentarão o banco de dados da Secretaria, permitindo acompanhar procedimentos e evolução da pessoa assistida pelo projeto. Quem não cumprir metas pode ser desligado do programa, que será avaliado até o fim do ano e deverá ser estendido a outras regiões da cidade no início de 2014.
Já há trabalhos científicos que comprovam que seguir as recomendações de atividade física e alimentação à risca reduz e até retira remédios de hipertensos leves. Todos têm de se perguntar: o que estou fazendo com a minha saúde?, alerta a secretária. Diz que tem ainda estudo mostrando que a meditação ajuda muito aos hipertensos e que já têm pessoas capacitadas pela Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI) – Unifesp que podem vir a participar do projeto. Essa é uma questão que está em estudo.
O projeto será lançado o dia 10/8, às 10h, na EM Janaína A. Oliveira (rua Austrália, 32, Jd. Mimás).